«Não se pode mudar a história... A história não se muda. E nós argentinos sabemos disso. Historicamente como estamos? Argentina por cima, Colômbia por baixo.»
- Diego Armando Maradona (dias antes do grande encontro)
Na qualificação para o Mundial dos E.U.A. em 1994, a Argentina chegou ao último jogo com um ponto de atraso sobre o líder do grupo, a surpreendente Colômbia de Francisco Maturana. Nesse princípio de noite de 5 setembro de 1993, o Estadio Monumental Antonio Vespucio Liberti, o famoso Monumental do River Plate em Buenos Aires, era o palco da grande decisão. O vencedor garantia um lugar na fase final e o derrotado teria que enfrentar a Austrália num play-off.
Duas equipas, um objetivo
A Argentina, campeã em 1986 e vice-campeã em 1990, comandada por Alfio Basile, apresentava um misto entre heróis de campanhas passadas, como o «portero» Goycochea e o defesa Ruggeri, e os futuros craques da «Seleção das Pampas» como Batistuta, Simeone e Redondo. Mesmo sem a presença de Diego «el Pibe» Maradona, a Argentina era clara favorita.
Do outro lado da barricada estava a Colômbia, a potência emergente do futebol sul-americano com uma geração de ouro que caíra nos oitavos-de-final do Itália 90 às mãos de Roger Milla, ou, se preferirem, aos pés de René Higuita, e que prometia grandes feitos para 1994.
A Alviceleste começou a partida dominando e pressionando o adversário, chegando por várias vezes com perigo à aérea colombiana. O guarda-redes Oscar Córdoba, liderou a resistência dos cafeteros, defendendo o possível e motivando os colegas. O jogo decorreu na mesma toada, até que aos poucos a Colômbia reagiu.
Valderrama começou a pegar na bola e, juntamente com Freddy Rincón, o esférico começou a rolar teleguiadamente entre os jogadores que equipavam de amarelo e azul. A classe de Valderrama ia acalmando a avalanche adversária e a Argentina começava a sentir os primeiros contra-ataques venenosos do oponente.
Além da classe do seu meio-campo, Maturana contava na frente com Faustino Asprilla e Adolfo «el Tren» Valencia, dois aríetes apontados à baliza de Sergio Goycochea.
Foram cinco!
Aos 41 minutos, após um passe soberbo de Valderrama, Rincón engana Goycochea e gela o Monumental. O intervalo chega pouco depois e, nas bancadas, os argentinos desconfiam do resultado e da capacidade da sua equipa. A enorme confiança argentina que existia antes do jogo parecia estar já por terra e essa era a primeira grande vitória dos rapazes de Maturana.
No recomeço, o «el Pibe» Valderrama voltou ainda mais inspirado e a grande orquestra colombiana deu um recital de bom futebol, como nunca o público argentino tinha visto em sua casa.
Com futebol de sonho, a Colômbia avançou sobre o adversário, dizimando o orgulho Alviceleste. Aos 49 minutos Asprilla fez o 0x2, aos 72 minutos Rincón bisou e dois minutos depois Asprilla com um chapéu perfeito também bisou. A Argentina sentia o peso da amarga humilhação, o seu público assobiava os jogadores da casa e os colombianos dançavam ao ritmo da enleante salsa: cada novo golo, cada nova confirmação da mais histórica das vitórias do futebol colombiano.
«El Tren» Valencia atropelou definitivamente a Argentina com o quinto golo e a Alviceleste caía com estrondo. Pela primeira vez, a Argentina sofria mais de quatro golos em casa. Goycochea, que nem de perto, nem de longe, fora responsável por tamanha humilhação, foi eleito como o principal culpado da desgraça e perdeu o seu lugar no onze argentino para Luis Islas. Mais do que uma pessoa lhe sugeriu amigavelmente que se suicidasse Felizmente Goycochea não seguiu o conselho, mas a sua carreira internacional estava acabada.
A Argentina ainda haveria de bater a Austrália, e ambos os países sairam com estrondo e sem glória do Mundial norte-americano, mas o dia 5 de setembro de 1993 ficou para sempre na memória do futebol sul americano e mundial.
0-5 | ||
Freddy Rincón 41' 74' Faustino Asprilla 50' 76' Adolfo Valencia 85' |