Geordie (1) de alma e coração, Alan Shearer foi um dos maiores avançados do futebol inglês, batendo o recorde de golos na Premier League, apontando 260 em 441 jogos, uma marca impressionante, que passada uma década, ainda não foi superada. Ao longo da sua prolífica carreira defendeu a camisola de três clubes: Southampton, Blackburn Rovers e o seu Newcastle United.
Predestinado para o golo
Alan Shearer, OBE, nasceu em Gosforth, em Newcastle upon Tyne, norte de Inglaterra a 13 de agosto de 1970, filho de Alan e Anne Shearer. O seu pai, trabalhador da industria metalúrgica, apoiou o pequeno Alan a jogar futebol desde tenra idade.
Estudante na Gosforth Central Middle School e mais tarde na Gosforth High School, aprendeu a jogar nas ruas da sua cidade, e jogava na equipa da escola, onde era médio. Capitão da seleção das escolas de Newcastle, liderou a equipa a uma vitória num torneio de futebol de sete em St James Park.
Depois de ter dado nas vistas no torneio, inscreveu-se na equipa juvenil do Wallsend Boys Club, antes de ser descoberto por olheiros do Southampton. Enquanto treinava e estudava, fez treinos de captação no West Bromwich Albion, Manchester City e Newcastle United, mas seria o Southampton que o contratou, em abril de 1986.
Southampton
Duas épocas nas camadas jovens a aprimorar o seu killer instinct passaram lentamente, com o jovem Alan no Sul de Inglaterra, a sofrer por estar longe da sua família e dos seus amigos. A sua estreia na equipa principal do clube chegou em Stamford Bridge, a 26 de maio de 1988, num jogo contra o Chelsea, em que entrou na segunda parte.
Poucos podiam imaginar o impacto que o jovem teria somente duas semanas mais tarde, quando o Southampton recebeu o Arsenal no The Dell e venceu por 4x2, com um hattrick do jovem avançado, que com 17 anos e 240 dias de idade se tornou no mais jovem jogador a apontar um hattrick no primeiro escalão, batendo um recorde de Jimmy Greaves que durava há mais de 30 anos. Terminou essa época com três golos em cinco jogos e no fim da época assinou o seu primeiro contrato profissional.
Na segunda época só jogaria por dez vezes na equipa principal e só na terceira época é que começou a ganhar gradualmente o lugar no ataque dos saints, ao lado de Rod Wallace e Matt le Tissier. A sua força física e capacidade de segurar a bola tornaram-se fundamentais no jogo da equipa. Podia marcar poucos golos, mas era fundamental a reter a bola, antes de endossa-la a um colega.
Atentos ao seu desenvolvimento, os dirigentes do Blackburn Rovers contrataram-no a troco de 3,6 milhões de libras, um valor impressionante à época, que o transformaram no jogador mais caro do futebol inglês.
Blackburn e Shearer, casamento perfeito
No ano de estreia o Blackburn terminou em quarto lugar atrás do campeão Manchester United e de Aston Villa e Norwich City. Uma lesão tirou-o de campo em metade da época, mas mesmo assim os seus 16 golos em 21 jogos mostravam ao que vinha em Blackburn. Na segunda época a força e pontaria do seu remate fizeram tremer as redes adversárias por 31 vezes em 40 ocasiões.
Chegado à terceira época, Shearer teve a companhia de Chris Sutton com que formou uma dupla fulminante, «The SaS» (Shearer and Sutton), com Shearer a apontar um recorde de 34 golos, que somados aos 15 de Sutton, valeram a conquista do título na última jornada.
Um ano depois os Rovers foram incapazes de defender o título, terminando num dececionante sétimo lugar, todavia, os 31 golos marcados por Shearer, valeram a revalidação do título de melhor marcador da liga inglesa. Na Liga dos campeões, Shearer só apontou um golo numa vitória caseira sobre o Rosenborg. O Blackburn acabou em terceiro lugar no seu grupo, sendo eliminado logo na primeira fase.
Euro 96
Uma arreliante lesão quase o deixou fora do Euro 96, mas o aríete de Newcastle chegou em grande forma ao Campeonato da Europa. Apontou um golo na estreia com Suíça, mais um no jogo contra a Escócia e bisou no embate com a Holanda.
A Inglaterra encantava. Shearer era uma máquina demolidora, bem secundado por Sheringham, numa equipa onde brilhava o génio de Paul Gascoigne e a velocidade de Steve McManaman.
Apesar dos quatro golos na primeira fase, ficaria em branco nos quartos-de-final, no empate a zero com a Espanha. Marcou o golo inaugural da meia-final com a Alemanha, mas os alemães acabaram por recuperar, empataram o jogo e eliminaram os anfitriões no desempate por grandes penalidades. A Inglaterra falhava a conquista do troféu, mas Alan Shearer sagrava-se o melhor marcador da competição.
Regresso a casa
Terminado o Euro esteve muito perto de assinar com o Manchester United. Alex Ferguson admirava o seu estilo de jogo e contava com ele para o ataque dos red devils, mas o Newcastle tentou apelar-lhe ao coração. Kevin Keegan reuniu-se com Shearer e convenceu-o. Assinou pelo Newcastle, que nessa época lutava taco-a-taco com o United pela liderança da liga, com o clube do nordeste de Inglaterra a pagar 15 milhões de libras ao Blackburn Rovers, um recorde no futebol mundial, mais um...
Nos magpies conseguiria apenas o vice-campeonato na época de estreia, além de duas finais perdidas da FA Cup, um fraco pecúlio para tanto golo marcado ao serviço do clube do seu coração (148 golos em 303 jogos).