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    Liga dos Campeões 2004/2005
    Grandes jogos

    Chelsea x Barcelona: A noite louca em Londres

    Texto por Jorge Ferreira Fernandes
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    É impossível recordar as primeiras grandes rivalidades futebolísticas do século 21 sem mencionar, falar ou celebrar estas duas autênticas entidades. Mourinho e Barcelona. Assim mesmo, treinador e clube. De velhos amigos e companheiros para rivais. Uma história de vários capítulos, o primeiro e, provavelmente, mais espetacular de todos, aconteceu em 2005, com um autêntico clássico a ditar mais uma noite de sonho para o Special One

    E que conjunto catalão tiveram José Mourinho e o seu Chelsea de derrubar! Um campeão europeu em potência, recheado de estrelas, muito forte ofensivamente e com um Ronaldinho em ponto rebuçado, capaz de criar e desequilibrar como poucos, capaz de construir uma autêntica obra-prima para a história dos melhores golos da Champions. Foi mesmo um autêntico feito...

    Não faltou nada

    De facto, este Barcelona era mesmo um dos grandes candidatos ao título quando o sorteio ditou um duelo com o Chelsea, novo-rico do futebol europeu, semifinalista da edição passada, com Ranieri, futuro campeão inglês reforçado com novo treinador e várias unidades que elevaram o nível coletivo para outro patamar. Drogba, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Robben e companhia estavam prontos para tornar este duelo ainda mais espetacular e equilibrado. 

    E se a segunda mão trouxe um clássico instantâneo da Liga Milionária, o que dizer do jogo de Camp Nou (2x1), já de si suficientemente interessante de analisar e recordar. Para lidar com o talento de Ronaldinho, Eto´o, Deco e companhia, o Special One apostou na segurança, na contenção e encheu mais o meio campo, abdicando de um homem da frente e lançando para a titularidade Tiago. A estratégia estava a correr bem, até um golo fora foi marcado quando Drogba, num lance algo polémico, acabou expulso. O Barcelona foi para cima, virou o resultado e só por manifesta infelicidade não construiu uma vantagem mais tranquila para atacar a passagem aos quartos.

    Em desvantagem na eliminatória, e depois de algumas críticas do homólogo, Mou abriu o jogo, a sua própria equipa e lançou uma formação do Chelsea bem mais ofensiva par a segunda mão, com dois alas declarados (Duff e Cole) e dois avançados (Kezmann e Gudjohnsen) à procura de anularem ou esconderem a ausência da grande referência Drogba. Uma estratégia bem menos conservadora que valeu aos blues mais problemas defensivos, mas também uma outra capacidade para criar grandes oportunidades junto à baliza de Valdés. 

    Estava para entrar um dos remates mais incríveis de sempre @Getty /

    Não terão existido, ao longo dos últimos anos, uma eliminatória em que tão marcadamente os conjuntos atacaram melhor do que defenderam. Só assim se foi capaz de chegar ao intervalo com cinco golos marcados, três para o Chelsea, que entrou em grande, dois para o Barcelona, que soube responder depois de um início dramático. E logo com um dos melhores golos da carreira de Ronaldinho. O brasileiro desafiou as leis da física para deixar o melhor guardião do planeta Peter Cech preso ao relvado. Impagável, para rever todas as vezes. 

    Com tanto em jogo e com apenas um golo a separar uma eliminação de uma passagem, esperava-se um pouco de mais contenção para os segundos 45 minutos. Ora, as duas equipas entusiasmaram-se, entusiasmaram o próprio público e assistiu-se e mais uma parte de grande espetáculo. Terry foi o único a acertar na baliza e, no final, o campeão europeu Mourinho pôde explodir de alegria, junto daqueles que se tornariam lendas uma década mais tarde. 

    Era o início de uma nova era no Chelsea, uma era repleta de vitórias e de boas participações ao mais alto nível do futebol europeu. O título só chegou em 2012, às custas, lá está, do Barcelona. Pelo meio, tanta história fantástica e polémica para contar e a certeza de que o nome José Mourinho iria passar a ter um outro peso na Catalunha. 

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    jogos históricos
    U Terça, 08 Março 2005 - 19:45
    Stamford Bridge
    4-2
    Eidur Gudjohnsen 8'
    Frank Lampard 17'
    Damien Duff 19'
    John Terry 76'
    Ronaldinho Gaúcho 27' (g.p.) 38'
    Estádio
    Stamford Bridge
    Lotação41798
    Medidas103x67m
    Inauguração0