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    Liga dos Campeões 2012/2013
    Grandes jogos

    Borussia Dortmund x Real Madrid: O sonho amarelo de Pokerdowski

    Texto por Jorge Ferreira Fernandes
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    Figura principal do renascimento do Borussia Dortmund, sob o comando de Jurgen Klopp, Robert Lewandowski começou a ser encarado como um caso sério na posição de avançado a partir do virar da década. O polaco já era uma referência antes, mas apenas no seu país, e a primeira época no Signal Iduna Park, onde Lewa terminou com apenas nove golos, até deixou no ar algumas dúvidas, mas, a partir daí, foi um autêntico rolo compressor, até ao protagonismo nos títulos domésticos e a noite de 24 de abril de 2013, uma das melhores da carreira do herói do Muro Amarelo. 

    Perante um Real Madrid de José Mourinho que tentava evitar a terceira eliminação em três meias finais consecutivas, o Dortmund contou com a face mais demolidora da sua referência atacante. Se o domínio do campeão em título e futuro finalista foi claro, era preciso que alguém o transformasse em golos. Aí, brilhou Lewandowski com movimentações venenosas, ataques à profundidade, constantes e inteligente apoios frontais para permitir que o jogo fluísse e quatro golos para todos os gostos e feitios, materializados de bola corrida, bola parada, de cabeça, em esforço ou usando toda a categoria do Mundo. Um autêntico fenómeno. 

    O Real até já tinha de estar avisado para toda esta força atacante. Uns meses antes, o campeão alemão tinha vencido o campeão espanhol em casa e abrido as portas do primeiro lugar no grupo com um empate bem saboroso conseguido em pleno Santiago Bernabéu. Logo nessa fase, Klopp começava a construir um coletivo bem oleado, com um poder ofensivo muito acima da média e com unidades capazes de fazer a diferença do meio campo para a frente. E não chegava ter bons jogadores, tudo aquilo funcionava bem, num autêntico caos organizado. 

    No final, os adeptos do Dortmund agradeceram assim a Klopp @Getty / Alex Grimm

    No meio e no coração de tudo, o fator emocional. Estávamos perante um Dortmund confiante, nada amedrontado com o estatuto e o historial recente de alguns dos seus adversários. Uma personalidade muito vincada que já tinha ficado patente no título e na Taça ganha ao super-Bayern de Kroos, Robben, Ribery, Lahm, entre muitos outros. Um espírito vencedor que também começou desde cedo a fazer mossa ao Real. Porque ainda não estavam cumpridos os primeiros 10 minutos daquela noite europeia e já o goleador-mor aproveitava um cruzamento teleguiado de Gotze para começar a escrever uma página única na sua própria história. 

    Lewandowski era apenas a ponta do icebergue, mas ao lado do polaco desfilavam Gundogan, Reus ou Gotze, para não mencionar a consistência dada uns metros mais atrás pela dupla Subotic-Hummels. Naquela noite, curiosamente, a defesa começou por falhar ao Dortmund, com Cristiano Ronaldo a aproveitar o muito espaço concedido para dar a melhor sequência à boa movimentação e assistência de Higuaín. Sim, o campeão alemão, que se preparava para humilhar o colosso Real Madrid, estava apenas empatado ao intervalo e não se pressentia, perante algum equilíbrio, que o resultado se aproximasse, sequer, de uma goleada para qualquer um dos lados. 

    Mesmo com uma formação, em teoria, que apresentava uma maior segurança e consistência na zona central, com o retirar de um extremo e a colocação de mais um médio (Modric), que Mourinho tentava encaixar no seu puzzle, junto com Ozil, o Real partiu para uns segundos 45 minutos de total desacerto defensivo. O primeiro golo, com Lewandowski a aparecer sozinho na cara de Diego López, é paradigmático, por todo o espaço oferecido ao polaco para finalizar e por toda a preocupação generalizada em pedir fora de jogo, em vez de disputar o lance até à última. 

    Vantagem restabelecida no marcador, mas o golo marcado fora até nem era um resultado muito mau para a equipa visitante. Lewandowski, quando voltou a aparecer, foi para brilhar a sério e para começar a preocupar verdadeiramente o Real Madrid, num dos melhores momentos individuais da Champions 2012/2013. Pressionado em cima por Pepe, o polaco deu uma autêntica aula de avançado, fazendo recuar ligeiramente a bola com o pé, ganhando a nesga de espaço necessária, orientando o corpo da melhor forma e finalizando com toda a potência e colocação, com o esférico a entrar de forma natural na baliza merengue. Só um verdadeiro craque podia sequer pensar numa coisa daquele tipo, quanto mais executar. 

    Já não era preciso muito mais para que Robert Lewandowski entrasse na história daquela Liga dos Campeões e fosse o protagonista das manchetes do dia seguinte. Pois bem, perante isto, o avançado continuou com fome de golo e a boa vantagem transformou-se em goleada num abrir e fechar de olhos. Xabi Alonso foi imprudente, cometeu grande penalidade, provou, definitivamente, que aquela não era a noite de glória do Real Madrid e ajudou a criar um poker absolutamente histórico. Ninguém até aí tinha feito quatro golos ao maior clube do século XX, ninguém tinha feito quatro golos em meias finais de Champions. Querem recordes? Uma bomba lá para dentro, na cobrança do penálti. 

    Antes do final, ainda houve tempo para Diego López impedir a manita, depois de um grande remate do polaco. Essa ocasião única de faturar por cinco vezes num só jogo ainda chegaria uns anos mais tarde a fazer parte da carreira de Robert Lewandowski, mas, esta noite, pela importância, pelo brilhantismo, pela ocasião e pelo adversário, ficará marcada para sempre no herói do Muro Amarelo. 

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    jogos históricos
    U Quarta, 24 Abril 2013 - 19:45
    Signal Iduna Park
    Björn Kuipers
    4-1
    Robert Lewandowski 8' 50' 55' 66' (g.p.)
    Cristiano Ronaldo 43'
    Estádio
    Signal Iduna Park
    Lotação81365
    Medidas105m x 68m
    Inauguração1974