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    Varsóvia

    Texto por João Pedro Silveira
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    Varsóvia é uma cidade com história, mas é também um moderno centro financeiro. Lado a lado, convivem o passado e o futuro, e essa dialética é ainda mais percetível no centro da cidade onde as marcas da história, como o Palácio da Ciência e da Cultura, vivem "paredes meias" com os arranha-céus que pululam ao seu redor...

    Na nova Varsóvia, há lugar para os símbolos do capitalismo, como a gigante guitarra do Hard Rock Café, e para as relíquias do estalinismo como o velho Palácio que Estaline ofereceu um dia ao povo polaco.

    Não sendo uma urbe da dimensão de Paris, Berlim ou Moscovo, é contudo uma cidade de dimensão considerável, onde as distâncias não são por vezes as mais curtas, e a incipiente rede de metro deixa de fora grande parte da zona histórica e dos locais de interesse.

    A capital polaca está dividida em diversos bairros, mas as principais zonas a visitar podiam ser divididas em três áreas, que curiosamente são contíguas e permitem agradavéis passeios a pé: A Cidade Velha (Stare Miasto) e a Cidade Nova (Nowe Miasto); a Rota Real (Trakt Królewski) e o Centro da Cidade.

    Começando por Praga

    Comecemos então do outro lado do rio, explorando Praga, o bairro que nos últimos anos se tornou o lugar onde se deve estar em Varsóvia. Apesar do nome, Praga não tem nada a ver com a capital da República Checa, pois o nome deriva do verbo polaco «Prażyć», que significa assar, queimar.

    Praga, que se espraia do outro lado do Vístula [Wisla em polaco], nasceu na Idade Média, e manteve-se como uma cidade à parte de Varsóvia, até ser finalmente englobada na capital pelo Rei Estalisnau II em 1791.

    Detalhe na Rua Zabkowska, no Bairro de Praga.
    Após a II Guerra Mundial, era uma das poucas áreas da cidade que se mantinha de pé, o que lhe valeu uma nova centralidade enquanto o resto da cidade era reconstruído. Mas seria só depois do fim do regime comunista que Praga conquistou a aura que hoje detém.

    Hoje é um ponto de visita obrigatório para os interessados em arte e boémia, pois nas suas ruas poderão encontrar coletivos artísticos, cafés da moda, cinemas em pátios, bares de música indie, galerias de arte vanguardista, ou lojas especializadas em pautas de música erudita e sinfónica, assim como pequenos mercados e comercio tradicional. Aqui convivem as diversas culturas alternativas e contraculturas de Varsóvia, existe uma urbanidade à imagem daquela que se pode encontrar no Marais parisiense, na Brick Lane londrina ou no berlinense Prenzlauer, povoada com os clichés hipsters, que se misturam com suaves reminiscências dos tempos idos do regime comunista.

    Stare Miasto e Nowe Miasto

    As principais zonas a visitar podiam ser divididas em três áreas, que curiosamente são contíguas e permitem agradáveis passeios a pé: A Cidade Velha [Stare Miasto] e a Cidade Nova [Nowe Miasto]; a Rota Real [Trakt Królewski] e o Centro da Cidade.
     
    Perto da Sinagoga Nozyk, uma recordação de um dos bairros judeus que viu a sua população ser exterminada durante a II Guerra Mundial. 
    A Cidade Velha, parcialmente rodeada por muralhas, é o mais velho dos bairros de Varsóvia. É lá que se encontram a Barbacã, o Castelo Real e à sua frente a icónica ##Coluna de Segismundo, a Catedral de São João, a Rynek Starego Miasta [Praça da Cidade Velha], onde se pode encontrar a famosa sereia, símbolo da cidade.
     
    Reconstruída depois da II Guerra Mundial, esta área de Varsóvia é pejorativamente conhecida pelos locais como «Legoland», pois foi montada e reconstruída como um enorme lego, entre os anos 60 e 70.
     
    Apesar de um certo desdém, é escolhida não só por turistas, mas também pelos locais, para os passeios de fim de semana, para procurar um restaurante para jantar, ou namorar em cenários românticos. As suas pequenas ruas, as passagens por baixo de arcos, a música clássica que salta para a rua de algumas janelas, tornam o passeio pela Cidade Velha uma experiência que apela a todos os sentidos.
     
    Saindo da cidade velha pela porta da Barbacã e depois de se cruzar com a estátua do «Pequeno insurgente», monumento que honra as crianças que lutaram contra o jugo nazi, pode seguir pela Ulica Freta - rua principal da Cidade Nova - onde pode encontrar o museu e a casa de Marie Curie, a famosa cientista, antes de chegar a Rynek Nowego Miasta, a Praça da Cidade Velha.
     
    «O Pequeno Insurgente», estátua de homenagem às crianças que lutaram ao lado dos adultos contra a tirania nazi.
    À esquerda encontrava-se o antigo Gueto de Varsóvia, facilmente identificado em placas e em traços no chão que marcam o espaço onde estiveram os muros que encerravam os judeus da cidade durante a ocupação alemã, e onde se iniciou a revolta de 1944, que seria cruelmente esmagada pelas forças do III Reich.
     
    Esta foi a parte da cidade que figura na «Lista de Schindler», último reduto da maior comunidade judaica da Europa, antes de serem enviados para os campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Hoje nada resta além das marcas no chão e das placas evocativas.
     
    O Centro da Cidade
     
    Perto do belíssimo Ogród Krasinskich, um dos jardins mais agradáveis da capital, encontra o Monumento aos heróis do Gueto de Varsóvia e futuro Museu da História do Povo Judeu Polaco. 
     
    Uma cidade de contrastes: os símbolos do estalinismo convivém com ícones do capitalismo.
    A sul, para lá do ##Arsenal, seguindo pela Avenida Gen. Wladyslawa Andersa em direção ao centro encontrará a Coleção João Paulo II antes de encontrar o Ogród Saski, o pulmão da cidade e uma pérola ornamentada por áleas e canteiros à francesa, fontes e estátuas.
     
    À entrada do Parque encontra-se o Túmulo ao Soldado Desconhecido e nas imediações pode visitar a Igreja Reformista, o Grande Teatro, a Igreja Evangélica e o Sinagoga Nozyk. Mas o ícone do Centro, e da própria cidade, é o Palácio da Cultura e da Ciência, um presente e legado do estalinismo ao país, e que para muitos locais, representa ainda um símbolo nefasto da opressão soviética e do regime fantoche polaco.
     
    Seguindo pela Alameda Jerozolimskie em direção à Estação Central, encontrará o Museu Nacional e a Bolsa de Valores, antes de chegar à Most Poniatowskiego que o levará a outra margem do Vístula, ao bairro de Praga-Poludnie, onde perto do rio encontrará o novíssimo Estádio Nacional, palco da abertura do Euro 2012.
     
    A Rota Real
     
    Assim denominada por causa das antigas residências dos Príncipes e Reis da Polónia, estende-se entre a ##Coluna de Segismundo - porta de entrada da Cidade Velha - e a Nowy Swiat, uma das mais movimentadas ruas da cidade, a fervilhar com cafés, restaurantes, lojas e livrarias. 
     
    A ##Coluna de Segismundo e o Palácio Real, à entrada da Cidade Velha.
    A Krakowskie Przedmiescie [literalmente o subúrbio de Cracóvia] é uma das mais belas artérias da cidade. Ladeada por árvores e ornamentada com espaços verdes, aqui se encontram alguns dos mais soberbos palácios de Varsóvia, além da Universidade, da Igreja Carmelita, do Palácio Namiestnikowski (Residência oficial do Presidente) e da Igreja de Santa Cruz.
     
    Na Krakowskie Przedmiescie, junto ao Hotel Europa, é obrigatório visitar o impronunciável Przekąski Zakąski, um pequeno bar eleito pelos locais, que está aberto 24 horas por dia e sete dias por semana, onde só se pode comer e beber ao balcão. Perfeito para experimentar as pequenas tapas polacas por 4 zlotys (aproximadamente um euro) e beber uns copos de vodka ou cerveja pela mesma quantia, e sair para continuar a explorar o coração da cidade, com a alma quente, depois de beber um copo de Żołądkowa Gorzka, a vodka das vodkas, o néctar dos deuses Made in Poland.
     
    A encimar a rua, encontra-se o Palácio Staszic (que hoje alberga a Academia Polaca de Ciências) e a estátua de Nicolau Copérnico, o astrónomo polaco, autor de «De revolutionibus orbium coelestium», o tratado que confirmou a teoria heliocêntrica.
     
    Não muito longe, perto do Conservatório de Música de Varsóvia encontra a Casa Museu Chopin, em honra do compositor que nasceu perto da capital, para onde se mudou com sete meses, e onde viveu e estudou antes de partir para Paris.
     
    Caminhar pela Krakowskie Przedmiescie e pela Rota Real é encontrar nos jardins e no ambiente romântico a música de Fryderyk Franciszek Chopin, conhecido universalmente como Frédéric Chopin. 
     
    Monumento a Frédéric Chopin, o maior dos compositores polacos.
    Há bancos de jardim onde premindo um botão poderá ouvir algumas das mais famosas obras do compositor romântico, como se de uma gigante caixa de música se tratasse, e deixar-se estar deleitado a ouvir a «Polonaise» ou um dos «Concertos Noturnos», enquanto vê Varsóvia caminhar à frente dos seus olhos...
     
    Ali perto, na Universidade de Varsóvia, entre 1817 e 1827, viveu o jovem Fryderyk com a sua familia, e foi em alguns destes jardins em volta da Krakowskie Przedmiescie que se sentou a namorar, ou a escrever algumas das composições amorosas, e os primeiros concertos que o tornariam num dos mais celebrados da história da Música.

    Comentários

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    motivo:
    A Terra de Chopin. . .
    2012-06-08 08h09m por LEAOSELVAGEM
    Será que os nossos jovens sabem quem foi Chopin?
    Extraordinário sentarmo-nos num banco de um jardim público e podermos carregar num botão para ouvir a Polonaise. . .
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