A Tragédia de Medellin

Em 2016, a cidade de Chapecó, no estado de Santa Catarina, no Brasil, vivia momentos de alegria e orgulho no clube da sua cidade. A Chapecoense, clube fundado na década de 70, chegara à elite do futebol brasileiro em 2014 e, dois anos depois, preparava-se para disputar uma final internacional. Contudo, o maior momento da história do clube terminou em tragédia, quando o avião que transportava a equipa caiu na Colômbia, país onde iria jogar a primeira-mão da final da Copa Sudamericana. Esta é a história de uma das maiores tragédias da história do futebol.

Fundada em 1973, a Chapecoense teve uma ascensão lenta mas sustentada no futebol brasileiro. Depois de se ter sagrado campeã catarinense em 1977, só quase 20 anos depois é que voltou a conquistar o título, vendo clubes como o Joinville, o Avaí, o Criciúma ou o Figueiense assumirem-se como os principais do estado. Contudo, em 2013, dois anos após se ter sagrado novamente campeão de Santa Catarina, a Chapecoense surpreendeu todo o futebol brasileiro ao ascender ao 1.º escalão. Poucos acreditavam que o clube se aguentasse entre os maiores do futebol do País do Samba, mas a Chape contrariou as apostas. Não só se manteve no Campeonato Brasileiro como conseguiu o apuramento para as provas internacionais. Em 2015, atingiu os quartos de final da Copa Sudamericana, mas no ano seguinte foi ainda mais longe.

Numa campanha sofrida mas histórica e até estoica, a Chapecoense afastou clubes como o Independiente, o Junior Barranquilla ou o San Lorenzo, tornando-se o 1.º clube do estado de Santa Catarina a atingir uma final internacional. O adversário da final era o forte Atlético Nacional, clube colombiano que era, na altura, o campeão sul americano.

A pequena cidade de Chapecó, com pouco mais de 200 mil habitantes, demonstrava um enorme orgulho pelos jogadores que levavam o nome da cidade pelo continente americano. Em campo, nomes como Danilo, Cléber Santana ou Bruno Rangel faziam os torcedores sonhar cada vez mais alto, numa equipa orientada pelo ex-internacional brasileiro Mário Sérgio.

Chegou então o momento mais importante da história do clube. A 30 de novembro, a equipa jogava em Medellin a primeira-mão da Copa Sudamericana. A 29 de novembro, um total de 77 pessoas embarcaram no avião da companhia boliviana LaMia. Vídeos feitos antes da descolagem mostram a boa disposição que reinava entre o grupo.

O avião despenhou-se já em solo colombiano. Segundo as investigações entretanto realizadas, o acidente foi provocado por falta de combustível nos tanques para serem bombeados para os motores que, desta forma, pararam. As operações de resgate iniciaram-se imediatamente mas registaram-se 71 vítimas mortais, sobrevivendo apenas seis pessoas: os jogadores Alan Ruschel, Jackson Follmann e Neto, o jornalista Rafael Henzel e dois tripulantes.

O acidente causou ondas de choque e comoção por todo o Mundo, particularmente no futebol. Vários clubes manifestaram solidariedade para o clube, propondo empréstimos de jogadores. O Atlético Nacional, clube que iria disputar a final da Copa Sudamericana frente à Chapecoense, pediu a atribuição do título ao clube brasileiro, o que seria aceite para CONMEBOL.

Foram prestadas inúmeras homenagens ao clube e às vítimas e a Chapecoense começou rapidamente a sua reconstrução. Com a ajuda de vários emblemas brasileiros, o clube sagrou-se novamente campeão catarinense e conseguiu a manutenção no Campeonato Brasileiro, para além de ter participado pela primeira vez na história na Libertadores.

Um dos momentos mais marcantes após a tragédia foi o regresso de Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente, aos relvados. Em agosto de 2017, a Chapecoense jogou frente ao Barcelona no mítico Camp Nou, com o jogador a ser titular e a ser substituído aos 36 minutos, sob um enorme aplauso das bancadas. Até final da temporada, faria ainda mais de 300 minutos nas competições nacionais.

Tragicamente, a Chapecoense passou de clube pouco ou nada conhecido a nível internacional para um dos clubes mais falados em todo o Mundo no final do ano de 2016. E para sempre os heróis de Chapecó ficarão na memória e no coração dos amantes do futebol.