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    Liga NOS 2015/16, Benfica, Sporting, FC Porto

    2015/16: O tricampeonato da recuperação

    Texto por Luís Rocha Rodrigues
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    O verão, como em anos anteriores, pareceu ser de desconfiança e descrença na Luz, depois da atribulada saída de Jorge Jesus para o rival Sporting (talvez a mais mediática mudança no futebol português no século XXI) e da impossibilidade de renovação com Maxi Pereira (uma das grandes figuras de longevidade da equipa), que seguiria para o outro rival, FC Porto. À Luz chegava Rui Vitória, vindo de Guimarães, e a ideia de Luís Filipe Vieira uma rutura com o passado recente e uma maior exploração dos jovens valores vindos da formação do Seixal. A pré-época também não tinha corrido nada bem, com a polémica digressão americana, Lima deixava o ataque e os reforços tardavam - Mitroglou e Jiménez chegariam já em agosto.

    Jorge Jesus mudava-se para Alvalade, cumpria o sonho do pai e elevava o clube a uma outra dimensão na credibilidade para se afirmar como verdadeiro candidato. Chegariam Naldo, João Pereira, Bryan Ruiz, Teo Gutiérrez, Aquilani e ganhariam muito mais pujança jogadores como João Mário, Adrien Silva, Carrillo ou Slimani. A Supertaça ganha ao Benfica era o embalo perfeito para uma época que prometia e que nem o polémico afastamento da fase de grupos da Liga dos Campeões parecia pôr em causa em relação ao que era o grande objetivo.

    No FC Porto, a política de continuidade foi a decidida, para que Lopetegui pudesse trazer os títulos que pareceram ter ficado muito perto na época anterior. É verdade que saíram muitos titulares, como Danilo, Alex Sandro, Casemiro, Óliver Torres ou Jackson, mas chegou Maxi, chegaram André André, Miguel Layún, Osvaldo, Danilo Pereira e Corona, isto para além do consagradíssimo Iker Casillas, que trouxe consigo toda a atenção mediática.

    De três para dois

    O arranque de época até parecia disfarçar as fragilidades do Benfica com a goleada ao Estoril, só que cedo se percebeu que não era bem assim. Uma derrota contra o surpreendente Arouca (que liderava à segunda jornada e que acabou num magnífico quinto lugar) e depois uma queda contra o rival FC Porto deixaram as águias para trás.

    E ainda mais ficaram depois do adiamento do jogo contra o União da Madeira (nevoeiro) e da estrondosa derrota contra o Sporting na Luz por uns 0x3 que foram acalmados ao intervalo. Já sem Carrillo, os leões eram a equipa mais capaz, mas com um FC Porto sempre à espreita.

    Os dragões assumiriam mesmo a dianteira a caminho do Natal, depois de o Sporting perder contra o União e de o FC Porto bater a Académica. Por esta altura, o Benfica parecia mais fora do que dentro da luta pelo título e as estatísticas não ajudavam: nunca uma equipa tinha recuperado de tamanha desvantagem para se sagrar campeã.

    Leão não matou e foi caçado

    Contudo, a saúde no Dragão não era a melhor e, na jornada seguinte, a ida a Alvalade devolvia a liderança à equipa de Jorge Jesus. Os portistas empatariam logo depois em casa com o Rio Ave e a saída de Lopetegui foi a solução. Rui Barros e José Peseiro perderam em Guimarães e em casa com Arouca, respetivamente, e o caminho ficou cada vez mais turvo.

    O Sporting podia ter aproveitado, só que o surpreendente empate caseiro com o Tondela e as igualdades em Alvalade com o Rio Ave e em Guimarães deixaram tudo pendente e à maneira de um Benfica em crescendo, numa série impressionante de triunfos, só interrompido pela derrota caseira com o FC Porto, mas que não impediu que chegasse à jornada decisiva a depender de si próprio para saltar para o primeiro lugar.

    Foi na 25 e aconteceu mesmo, fruto de um golo de Mitroglou em Alvalade e de um falhanço clamoroso de Bryan Ruiz a um metro da baliza. Os dragões caíam na mesma ronda em Braga e invertia-se por completo a tendência que parecia existir no início de época.

    Até à última

    Desde então, nem Benfica nem Sporting cederam qualquer ponto, em 9 rondas onde os leões foram mais capazes nas exibições e resultados e nas quais as águias tiveram que ir à alma buscar a força que parecia faltar em alguns momentos - também por causa da participação na Liga dos Campeões.

    O Benfica conseguiria o tão ambicionado tri, num campeonato que teve o Arouca como grande surpresa, o FC Porto (pelo investimento) como deceção e o Tondela com o prémio Milagre, depois de também conseguir uma incrível recuperação numa classificação que, a certa altura, parecia já nem contar com os beirões para as contas da manutenção, onde a Académica e o União cederiam na última jornada.

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