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    União da Madeira

    Texto por João Pedro Silveira
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    César da Silva, João Fernandes Rosa, Alexandre Vasconcelos, José Anastácio do Nascimento e José Fernandes, juntamente com outros desportistas ligados ao Grupo União Marítimo, resolvem fundar um novo clube, depois de desavenças sobre a propriedade de uma baliza.
     
    Desencantados com a situação, separam-se do Clube com sede na Almirante Reis e fazem nascer um novo clube. União Futebol Clube foi o nome que ficou registado no "assento de batismo" naquele distante 1.º de Novembro de 1913.
     
    O primeiro presidente da nova coletividade seria Ângelo Olim Marote e a primeira sede localizava-se na Rua de Santa Maria, no coração do Funchal.
     
    O «União da Bola»
     
    Os sucessos iniciais do clube granjearam-lhe popularidade, ao ponto do clube ter ganho com o passar dos anos o carinhoso epíteto de "União da Bola". Talvez "barrado" pela popularidade do Sport Madeira e do Marírimo no Funchal, o União parece ter conquistado nestes primeiros anos o coração dos adeptos do norte da ilha e de outras localidades como o Machico, a Camacha ou o Caniço. 

    Com o passar dos anos, o cerne do apoio unionista centrar-se-ia na zona do Funchal, perdendo lentamente o seu apoio nas outras localidades para o Marítimo, mas também para os clubes locais e mais recentemente para o próprio Nacional.
     
    A rivalidade com o Marítimo pode ter estado na génese do União, mas rapidamente o clube teve um papel preponderante na história do futebol insular, ombreando em importância com o rival verde-rubro.
     
    Esse papel fundamental no futebol insular ganhou ainda mais importância quando o União se tornou num dos principais impulsionadores da Associação de Futebol da Madeira, tornando-se responsável na organização das competições locais.
     
    Imbuídos no papel fundador do seu União, os dirigentes do clube envolveram-se em polémicas com os dirigentes o Marítimo e outros clubes sobre a organização de competições locais.
     
    Polémicas e estreia no Campeonato de ##Portugal
     
    Uma dessas polémicas, em 1918, ocorrida durante um Marítimo x União provocou tal celeuma, que a recem criada AF da Madeira ficou paralisada por dois anos, com os diversos membros a dividirem-se no apoio ou ao Marítimo, ou ao União. 
     
    Se se somar a isso os problemas de isolamento que a Primeira Guerra Mundial provocou aos clubes locais, levaram à quase total interrupção da atividade futebolística na Ilha da Madeira.
     
    Com o fim da guerra e com a o "acordo de paz" entre os principais clubes da ilha, o Campeonato da Madeira pôde ser disputado em 1921, prova que o União venceu.
     
    Em 1922/23, um ano depois do começo da competição, os clubes madeirenses passam a participar no Campeonato de Portugal. O Marítimo superiorizou-se aos rivais locais e tornou-se presença constante na prova, acabando por vencer a competição em 1926.
     
    O União participaria pela primeira e única vez em 1927/28, caindo nos quartos-de-final (3x4), em jogo polémico com o Benfica, com os unionistas a cederem a derrota nos instantes finais, depois de terem chegado aos 90 minutos a vencer por 3x1. 
     

    Isolamento insular

     
    Durante os anos 30, o campeão madeirense participava regularmente no Campeonato de Portugal, mas nenhum clube madeirense foi convidado a participar na primeira edição da Liga Experimental de 1934/35, nem em nenhuma das três edições seguintes.
     
    Os clubes madeirenses continuaram fora da competição depois da prova se transformar em Campeonato Nacional da Primeira Divisão em 1938/39. Também de fora ficariam da recem criada Taça de Portugal, prova que surgiu para substituir o anterior Campeonato de Portugal.
     
    Convém lembrar que desde a Constituição de 1822 que os arquipélagos da Madeira e dos Açores eram oficialmente designados como Ilhas Adjacentes, um nome que perduraria até ao fim do Estado Novo e só veriam esse estatuto alterado após 1975.
     
    Com a designação indica, o papel dos Açores e da Madeira era muito secundário, estando assim tanto separados de Portugal Continental, como então ainda do restante império ultramarino.
     
    Esse papel periférico fez-se sentir na Madeira a diversos níveis, sendo o desporto apenas mais uma vertente. Não é de estranhar que em 1939, com o começo da Segunda Guerra Mundial, as equipas madeirenses tenham sido afastadas da Taça de Portugal, invocando-se o perigo das viagens marítimas.
     
    A situação de isolamento perduraria muito para além do fim da Segunda Guerra Mundial, perante a tristeza dos adeptos dos clubes locais, que tiveram que acatar em silêncio o destino traçado por Lisboa.
     
    Tal situação só chegaria ao fim em 1973, já no estertor do regime Marcelista, em vésperas do 25 de Abril. Até então os clubes madeirenses participavam ocasionalmente na Taça de Portugal, mas participavam apenas no campeonato regional, prova que o União venceria por 14 vezes até 1974.
     
    O fim da insularidade e o crescimento
     
    Em 1979/80, a vitória no Campeonato regional permite a tão ambicionada promoção aos campeonatos nacionais. A estreia na 3ª divisão dá-se portanto em 1980. Duas épocas depois o União ascendia à 2ª Divisão. O crescimento sustentado do emblema azul e amarelo leva à histórica promoção ao primeiro escalão onde se estreou em 1989/90, depois de ter vencido o campeonato da Segunda Divisão, título que voltaria a conquistar em 2002 e 2011. 

    A estreia no primeiro escalão saldou-se por um 16.º lugar, com apenas 5 vitórias em 34 jogos. O aumento do número de equipas na Primeira divisão de 18 para 20 permitiu ao União fazer uma época mais descansada, conseguindo um confortável 12.º lugar na sua segunda época entre os «grandes».

    Em 1992 a equipa voltou a conseguir as mesmas nove vitórias e a marcar os mesmos 30 golos da época anterior, mas por ter conseguido menos nove empates que na época anterior, acabou por ficar em 18.º e último lugar, descendo de divisão. Rui Mâncio, que conseguira a promoção e liderara o clube durante a presença unionista no primeiro escalão acabaria por abandonar o clube, não obstante o regresso garantido à primeira divisão logo na época seguinte.
     
    Pela mão do brasileiro Ernest Paulo, o União voltava a marcar presença entre os «grandes» mostrando ao país jogadores que fizeram nome no futebol nacional, casos de Jokanovic e do brasileiro Marco Aurélio. Após dois anos, o clube voltaria a cair de divisão, iniciando uma longa travessia do deserto que só chegaria ao fim em 2014/15, quando pela mão de Vítor Oliveira, o União acompanhava o CD Tondela na subida à Primeira Liga. 
     
    A estadia, no entanto, foi curta e em 2015/16 o União da Madeira terminou em penúltimo, 17º, na Primeira Liga, acompanhando a Académica na descida de divisão. Na época seguinte, a formação madeirense esteve «perto» de regressar à elite do futebol português, mas ficou-se pelo 3º lugar (a 17 pontos do 2º classificado CD Aves) e a partir daí foi sempre a descer.
     
    Em 2018, o clube terminou em 17º na Segunda Liga, num ano em que desceram quatro equipas, e depois de duas épocas no Campeonato de Portugal, acabou extinto e substituído pelo União da Madeira 1913, relegado aos Campeonatos distritais em 2021 devido a uma série de questões relacionadas com a SAD do clube.
     
    Pouco mais de dois anos depois de ter sido fundada, também essa nova versão do histórico clube fechou portas. Mais tarde, em agosto de 2022, um grupo de ex-sócios juntou-se para a fundação do clube fénix: União da Bola Futebol Clube.

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