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    A preto e branco
    Luís Cirilo Carvalho
    2018/04/13
    E0
    "A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.

    Do futebol português, em boa verdade, cada vez apetece menos falar!

    Por um lado, porque vivemos com a sensação de que ele cada vez se joga menos nos relvados e mais noutros “espaços”, chamemos-lhes assim, que não são visíveis a olho nu, mas que o instinto e a razão nos diz existirem e terem uma preponderância que aniquila tudo aquilo que deve ser a verdade desportiva das competições.

    E, nesse âmbito do que não se joga nos relvados, inserem-se a luta pelo poder dentro do Sporting, depois do enésimo disparate do seu presidentee a forma calculada e calculista como o Benfica está a ser levado ao colo rumo a mais um título que dificilmente venceria sem essas ajudas do “sobrenatural”.

    Falemos pois do bom futebol.

    Do futebol que se joga nas Liga dos Campeões e que nos tem proporcionado semana após semana grandes jogos, grandes exibições, polémica q.b., emoção a rodos e que até Maio continuará a preencher os espaços que valem a pena do tempo que todos nós temos para dedicar a futebol enquanto entretenimento nas horas vagas.

    E falar do grande futebol, é desde logo, falar desse espantoso futebolista chamado Cristiano Ronaldo.

    Que, depois de um início de época melancólico, dando até aos mais pessimistas a ideia de que poderia estar na rampa inclinada de um declínio que a todos toca com o avançar dos anos, surge na segunda metade da temporada, qual Fénix renascida das próprias cinzas, num grande momento de forma, marcando golos atrás de golos (e alguns deles absolutamente espectaculares) e levando ao “colo” (mas esse colo, ao contrário do outro, é natural no mundo do futebol) um Real Madrid que, sem ele, não estaria seguramente à porta de vencer mais uma Liga dos Campeões.

    E está, depois de uma eliminatória espectacular com a Juventus, em que, vencendo fora por 3-0, parecia ter a eliminatória ganha e o segundo jogo no Santiago Bernabéu seria apenas para cumprir calendário.

    Puro erro.

    Porque a Juventus é também uma grande equipa, tem jogadores notáveis e, ferida no seu orgulho, torna-se um adversário temível, como os espanhóis descobriram à própria custa, estando à beira de serem eliminados. O que, em bom rigor, seria injusto porque em Turim o Real ficou a dever a si próprio mais dois ou três golos “cantados” que, por razões várias, não entraram.

    Seguem para a meia-final, onde encontrarão um Bayern que teve o apuramento mais tranquilo dos quartos de final, mas deixando a sensação não só de serem “Ronaldodependentes” (o que já não é de agora), como também de serem muito mal treinadinhos por um Zidane que, como treinador, não tem o gabarito que teve como jogador.

    Vale-lhes Ronaldo e vale-lhes o livro de cheques de Florentino Pérez!

    Nos outros dois apurados está aquilo que o futebol tem de melhor e que é a incerteza dos resultados, mesmo quando se enfrentam equipas de grandeza diferente.

    Aquando do sorteio dos quartos de final, e olhando para o que vem fazendo nos respectivos campeonatos, a esmagadora maioria dos observadores considerava que Barcelona e Manchester City eram os grande favoritos à passagem às meias-finais, o que pareceu confirmar-se num dos casos (o do Barcelona) com o supostamente tranquilo 4-1 com que viajou para Roma enquanto o Manchester City regressava a casa vergado ao peso de um 0-3 que suscitava as maiores duvidas quanto ao seu apuramento.

    Mesmo assim, se alguém acreditava numa recuperação épica, concentrava essa expectativa em Manchester e não em Roma.

    Outro engano.

    Porque em Roma os italianos, com uma noite perfeita, eliminaram os espanhóis (adiando uma vez mais as expectativas de muitos, incluindo a UEFA, da sonhada final entre Barcelona e Real Madrid) e, em Manchester, o Liverpool voltou a vencer, carimbando brilhantemente o passaporte para as meias-finais.

    Quis o sorteio que Roma e Liverpool se defrontem numa meia-final, enquanto na outra estarão Bayern e Real Madrid, o que garante (como garantiria se fosse outro o acasalamento) quatro grandes jogos, nos quais não há favoritos e muito menos “finais antecipadas”, como por cá tanto gosta de se dizer cada vez que parece, a alguns comentadores, que as duas equipas de uma meia-final são melhores que a da outra.

    E, portanto, quem gosta de bom futebol tem garantidas quatro excelentes oportunidades de o ver e se regalar com grandes jogadas, grandes equipas, grandes golos e normalmente grandes arbitragens em que os erros acontecem mas são...erros.

    O que será sempre uma bela forma de esquecer, ainda que por momentos, a miséria em que o futebol português se está a tornar, por culpa exclusiva dos seus dirigentes, que cada vez mais se demonstram incapazes de estarem à altura dos clubes que dirigem.



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