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    A preto e branco
    Luís Cirilo Carvalho
    2018/03/22
    E3
    "A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.

    Perdoar-me-ão os leitores desta rubrica que não são vitorianos, mas a minha crónica de hoje é sobre as eleições no meu clube, que se realizam no próximo sábado e escolherão os orgãos sociais para o próximo triénio.

    E destacando, como adiante se verá, três curiosidades destas eleições.

    Devo dizer, desde já, que o Vitória, sendo um clube de grande riqueza associativa, terá o seu acto eleitoral disputado por duas listas, a exemplo do que tem acontecido regularmente ao longos dos últimos 40 anos.

    As excepções foram algumas reeleições de António Pimenta Machado sem oposição, mas também ele teve por várias vezes listas alternativas, e a reeleição de Júlio Mendes em 2015, num acto eleitoral em que a lista por ele encabeçada não teve oponente.

    Desta vez, e ainda bem que assim é porque é sempre positivo os associados terem por onde escolher, a lista de recandidatura dos actuais orgãos sociais tem a oposição de outra lista, que apresenta um conjunto de pessoas que, sendo reconhecidamente vitorianas, farão todas elas a sua estreia em lides directivas caso vençam o sufrágio de sábado.

    O que será, em termos de Vitória, uma novidade absoluta.

    Porque a História do clube, desde sempre, diz-nos que, ao longo dos anos (antes e depois do 25 de Abril), sempre houve dirigentes que foram passando de umas direcções para outras, transportando com eles a experiência que evitava que tudo fosse novidade para aqueles dentre eles que se estreavam em lides directivas.

    São conhecidos os casos de presidentes que antes de o serem eram directores, depois vice-presidentes antes de chegarem ao cargo máximo do clube já com alguma experiência do que era dirigir o Vitória.

    É uma curiosidade destas eleições o haver uma lista em que todos são estreantes caso vençam.

    Há ainda mais duas curiosidades nestas eleições mas que, neste caso, o são claramente pela negativa.

    Uma é o escasso número de mulheres candidatas aos orgãos sociais, numa e noutra lista, e nenhuma a cargos de direcção (Presidente ou vice presidente), o que é, por um lado o persistir em marcar passo face à evolução dos tempos, e por outro uma grande injustiça face ao significativo número de associadas do Vitória e à qualidade profissional que muitas delas tem demonstrado nas suas áreas de actividade.

    É certo que, depois na constituição do elenco directivo, poderão ser nomeadas algumas directoras, mas não é mesma coisa que serem candidatas legitimadas pelo voto dos associados do clube.

    A outra curiosidade, mas não novidade, absolutamente negativa é o ostracismo a que as televisões tÊm votado este acto eleitoral.

    Quer as generalistas, quer as que emitem por cabo, quer aquela televisão chamada Sport TV, que tem cinco canais e em nenhum tem dado a estas eleições o destaque e a importância que elas realmente tem.

    Há tempo para dedicarem centenas de horas semanais, no conjunto das televisões, à subserviência mais bacoca a três clubes deles, dando notícia de tudo que é importante, pouco importante ou sem importância rigorosamente nenhuma, mas a um acto eleitoral no quarto clube português em massa associativa e naquele que a seguir aos chamados “grandes” mais audiências televisivas garante para isso não há tempo nem interesse.

    Acho absolutamente insólito que este acto eleitoral não tenha merecido das televisões, e especialmente do canal pseudo desportivo Sport TV, a realização de um debate que fosse entre os candidatos a presidente, a exemplo, aliás, do que já aconteceu no passado entre outros candidatos a presidente do Vitória.

    De facto, o frenesim em meterem pelos televisores dentro toda a mixórdia dos chamados “grandes”, para lá do que desses clubes tem realmente interesse, tira às televisões o discernimento de perceberem que há clubes para além desses e de lhes darem o espaço que eles justamente merecem.

    Simplesmente lamentável.

    E ainda mais lamentável, se assim se quiser, que o Porto Canal, supostamente um canal nortenho e parceiro do Vitória na transmissão das “Galas” do clube, também ele se tenha alheado destas eleições, como se fossem algo menor no panorama desportivo da região e do próprio país.

    Não sei quem vencerá as eleições de sábado.

    Mas sei que terá pela frente, entre outros grandes desafios, o de continuar a lutar por afirmar o Vitória num universo comunicacional quase completamente dominado por três clubes que, quais eucaliptos, secam tudo o que os rodeia.



    Comentários

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    motivo:
    para encher. . .
    2018-03-23 10h00m por DragonKing
    é a sensação com que se fica no final deste artigo. Contava com "três curiosidades" interessantes.
    Já agora, poderia acabar dizendo que, o Júlio vence estas eleições. ;)
    Eleições do Guimarães
    2018-03-22 23h20m por Gverreiro1921
    Falou-se mais no gigante do Minho durante estas eleições do que de projetos desportivos! Só por aí dá para perceber a nossa superioridade perante esse clube de bairro
    FA
    decepcionante
    2018-03-22 22h40m por falcom4ever
    Pensava que ia encontrar uma análise aos dois candidatos neste artigo, especialmente porque só se pode ter notícias sobre esse assunto em jornais regionais.

    Mas afinal é um artigo cheio de nada.

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