Não é pelo acaso que a Capital do Móvel é conhecida pela Mata Real. E foi, precisamente, na Capital do Móvel (ou na Mata Real) que o FC Porto perdeu a sua invencibilidade.
No jogo surpresa do passado fim de semana, foi possível ver um Paços de Ferreira igual a si próprio (e dentro daquilo que eu estava à espera - bastou ter visto o jogo do Paços de Ferreira frente ao Benfica) e um FC Porto com dificuldade para ser igual a si próprio.
De realçar o facto do Paços de Ferreira apostar numa equipa com Assis e Ruben Micael no meio (força e cérebro) do que numa equipa como se apresentou frente ao Benfica (com Assis e Gian - força a dobrar). Até porque, não é linear que quanto mais músculo haja, mais agressiva e mais compacta é uma equipa (e o Paços demostrou-o).
No vídeo 1, podemos ver o Paços com as suas tentativas de saída em momento de transição ofensiva (com Phellype, Xavier e Pedrinho, ajudando muito, também, a qualidade técnica de Ruben Micael) e uma chamada de atenção para a desarticulação/má gestão intra-setorial dos homens que compõem a última linha defensiva do Paços de Ferreira, comportamento esse já evidenciado frente ao Benfica (tendo a equipa da Capital do Móvel - ou da Mata Real - acabado por sofrer um golo frente ao Benfica devido a esse aspeto). Isto é, revelam algum espaço entre centrais (dificuldade de cobertura do 2º central ao 1º central), bem como, algum espaço entre central e lateral (dificuldade de cobertura do 1º central ao lateral do lado da bola).
Paços | Momentos com e sem bola from Nelson Duarte on Vimeo.
Em relação ao FC Porto, foi possível ver algumas dinâmicas de construção (descritas no vídeo 2), no entanto, durante a 1ª parte, a equipa revelou alguma dificuldade para ligar a fase de construção com as fases de criação/finalização (fundamentalmente pelos espaços interiores - e em abono da verdade, o campo não ajudou nesse aspeto). Daí que, a meio da 1ª parte, foi possível ver Brahimi em espaços interiores na tentativa de ser solução de progressão interior.
Na 2ª parte, com a entrada de Otávio e com a alteração da organização estrutural para 1-4-3-3, a exploração dos espaços interiores tornou-se cada vez mais evidente e cada vez melhor, culminando toda a ação ofensiva do FC Porto com um penálti a favor dos Dragões, que acabou falhado pelo Brahimi.
Foi possível ver, durante a 2ª parte, Sérgio Oliveira e Otávio em espaços entre-linhas na tentativa de serem soluções interiores de progressão, no entanto as soluções mais utilizadas foram: 1. Bola longa para Aboubakar e este jogar de frente nos apoios entre-linhas (fundamentalmente para Sérgio e Otávio) para, posteriormente, gerarem desequilíbrios através de passes e movimentos de rutura; 2. Fazer circulação de bola, de um corredor lateral ao outro, de forma a explorar o maior espaço e o menor número de jogadores do Paços de Ferreira pelo lado oposto (como podemos ver no vídeo 2).
Porto | Momentos com e sem bola from Nelson Duarte on Vimeo.
E agora, estará o titulo a fugir do ninho do Dragão ou terá sido apenas um pequeno acidente de um percurso, até agora, assinalável?
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