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      Futebol Total
      Nelson Diogo Duarte
      2018/02/27
      E3
      Espaço de análise desportiva, onde se pretende interpretar o lado tático/estratégico do jogo de futebol, acreditando que sair a jogar é diferente de começar a jogar.

      No jogo do Benfica frente ao Paços de Ferreira, referente à jornada 24 da Liga NOS foi possível identificar vários comportamentos. Comportamentos esses descritos ao longo da presente crónica.

      Durante a grande maioria do tempo de jogo, foi possível ver um Paços de Ferreira posicionado numa organização estrutural em 1-4-4-2, com duas linhas de 4 bastante próximas e agressivas (principalmente a linha média) que dificultou qualquer ação ofensiva do Benfica (vídeo 1). De destacar o trabalho de Gian (que, infelizmente, acabou expulso) e de Assis que, com uma pressão bastante agressiva, condicionaram bastante os médios do Benfica, sendo que em toda a 1ª parte, raro foi o momento em que vimos Pizzi e/ou Zivkovic a receberem bola dentro da organização estrutural do Paços (vídeo 1). Pizzi quando recebia, vinha buscar jogo fora da estrutura do Paços e descaído para o corredor lateral. Por sua vez, Zivkovic conseguiu estar mais em jogo, durante a 1ª parte, devido à triangulação ofensiva do Benfica pelo corredor lateral esquerdo com Grimaldo - Zivkovic - Cervi (vídeo 1).

      Benfica na 1ª parte from Nelson Duarte on Vimeo.

      De referir, também, aquele que para mim foi o grande aspeto da primeira parte: as transições ofensivas do Paços de Ferreira. Mérito do Paços de Ferreira que soube explorar muitíssimo bem os seus apoios livres em transição ofensiva, todavia considero que houve demérito por parte do Benfica. Isto é, na minha opinião, Phellype e R. Micael (as principais saídas do Paços em transição ofensiva) deveriam ter sido anuladas, de forma a impedir a progressão. No entanto, aquilo que se viu durante a 1ª parte foram espaços que o Benfica deixou para que Phellype e R. Micael pudessem progredir e associarem-se à vontade (vídeo 2).

      Ao intervalo o Benfica soube corrigir este aspeto e, também no vídeo 2, podemos ver a grande diferença do Benfica a defender as transições ofensivas do Paços da 1ª para a 2ª parte. Na 2ª parte já vimos o Benfica a fechar, quase por completo, as saídas em progressão do Paços, retirando espaço a tudo e todos (raramente, na 2ª parte, o Paços conseguiu sair em transição ofensiva como na 1ª parte).

      Paços - TOF na 1ª e na 2ª parte from Nelson Duarte on Vimeo.

      De referir que na minha opinião, o Benfica deveria ter alterado de estratégia mais cedo durante a 2ª parte. Isto é, quando a equipa, a partir dos 60’, começou a revelar alguma inércia e falta de critério na construção de ações ofensivas, era momento de alterar. Isto porque, claramente já se via a equipa sem ideias de progressão, jogadas pouco trabalhadas e o recurso à bola na profundidade (nas costas da última linha defensiva) passou a ser a solução mais óbvia (os jogadores começaram a trabalhar, inconscientemente, o lado mais emocional que o racional).

      Posto isto, na minha opinião, a equipa deveria ter adotado, mesmo depois do 1º golo (aos 71’ minutos) uma organização estrutural baseada na ideia do 1-3-4-3 (tal como explico as vantagens de tal estrutura no vídeo 3). Mas, foi-se atrasando tal mudança até aos 85’ com a entrada de Seferovic por Grimaldo. O dado curioso desta alteração é que a equipa passou a jogar em 1-3-4-3 e, aos 87’ (2 minutos apenas) o Benfica chega à vantagem (2º golo).

      Por fim, considero que em situações idênticas futuras, a solução deveria passar por uma alteração de estratégia mais cedo (por volta dos 60’-70’), para que a equipa (seja ela qual for) tenha tempo para resolver os problemas que a equipa adversária coloca. Esperar pelos último 5’ nem sempre correrá bem.

      Benfica na 2ª parte from Nelson Duarte on Vimeo.

      Para saberem mais sobre mim, bem como o meu percurso (académico e profissional) visitem: https://www.linkedin.com/in/nelsondiogoduarte/

      NOTA: Os conteúdos deste artigo são da inteira responsabilidade do autor



      Comentários

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      motivo:
      Nelson Diogo Duarte
      2018-02-27 23h31m por SLBStars
      Gostei do seu ponto de vista mas na minha opinião penso que não exista nenhum 3-4-3 na 2ª parte do jogo , o que parece ser as vezes são apenas papeis definidos e a desempenhar pelos jogadores nas suas posições como o treinador solicita , é normal um trinco recuar para o meio dos centrais em duas ocasiões básicas da táctica 4-1-2-3 , quando um defesa central sobe no terreno com a bola controlada e quando os laterais sobem nas alas fazendo uma linha de 3 defesas atrás , não por ser um 3-4-3 ma...ler comentário completo »
      cont inc
      2018-02-27 20h54m por SLBStars
      tendo no meio 2 avançados e a entrada da área para recuperar as bolas tiradas da defesa e pressionar de imediato a saída de bola do adversário os 2 médios , Pizzi e Fejsa que subia mais se tornando num 4-2-2-2 invertido :
      O Benfica estratégia . . .
      2018-02-27 20h50m por SLBStars
      Na 2ª parte o Benfica alterou a táctica de 4-1-2-3 para 4-2-4 com extremos com a entrada de Jimenez , até lá sempre jogaram no tradicional 4-1-2-3 com alas ofensivos e quando os mesmos subiam o Fejsa recuava como se é pedido e também o faz quando os defesas Centrais sobem um pouco mais com a bola , ao inicio da 2º parte depois de perceberem que as triangulações não estavam a funcionar no 4-1-2-3 optaram pelo 4-2-4 com deambular de posições , alternando constantemente de posições com o objecti...ler comentário completo »

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