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    Futebol Total
    Nelson Diogo Duarte
    2017/10/30
    E2
    Espaço de análise desportiva, onde se pretende interpretar o lado tático/estratégico do jogo de futebol, acreditando que sair a jogar é diferente de começar a jogar.

    No derby da invicta a vitória sorriu aos dragões, no entanto houve determinados aspetos táticos (em ambas as equipas) que merecem a nossa reflexão.

    Com o jogo do Boavista frente ao FC Porto foi possível perceber que não são muitas as equipas com a capacidade de apresentar um plano B que seja arrojado, em situações desfavoráveis, mas que ao mesmo tempo ofereça e garanta equilíbrio à equipa, quer a atacar, quer a defender.

    Porque no fundo, o jogo de futebol resume-se a isso: conseguir manter o equilíbrio da equipa, tentando impedir (atacando e defendendo, correndo mais risco ou menos risco) que o adversário encontre o “nosso” desequilíbrio e nos meta tantos golos quantos possíveis através desse desequilíbrio (aquilo que o Boavista não conseguiu impedir, acentuadamente, a partir do minuto 75’).

    O Boavista apresentou-se num 1-4-4-2, que durante a 1ª parte dificultou a ação ofensiva Portista. No entanto, considero que tenha sido mais pelo demérito do FC Porto do que pelo mérito do Boavista (ao contrário daquilo que ouvi de várias pessoas). Os espaços estavam lá para serem aproveitados (basta ver o 1º vídeo), o FC Porto é que não estava a ser capaz de os identificar ou de agir perante eles.

    E aqui entra o 1º problema que o FC Porto poderá enfrentar sempre que jogar contra equipas que tornem o espaço existente no corredor interior quase nulo. É que se Danilo não é Óliver, também Herrera não o é. E quando é preciso filtrar passes em espaços interiores reduzidos (e frente ao
    Boavista o espaço interior não era tão reduzido quanto isso) Herrera raramente o faz e Danilo muito menos (aspeto ainda mais acentuado quando o FC Porto joga fora.) Aliás, fazem-no mais Marcano e Felipe que os dois médios Portistas (Danilo e Herrera).

    Daí que na 1ª parte e grande parte da 2ª, o FC Porto teve dificuldades em ligar as fases de construção com a fase de criação, pelo corredor central.
    Quando Jorge Simão toma a decisão de alterar a organização estrutural do Boavista ao minuto 75’ (retira um central e faz baixar Idris para a posição de central quando a equipa tiver que defender - tal e qual fez frente ao Vilaverdense para a Taça de Portugal) sentenciou o destino da
    sua equipa naquele jogo. Ao minuto 77’ o FC Porto fez o aviso do que aí vinha (pela zona de Idris), aos 79’ faz o 2º golo, aos 85’ o 3º golo - tombou as torres do Bessa - e quase fazia o 4º golo aos 92’. Tudo, na minha opinião, por causa daquela alteração à organização estrutural que seria para arriscar, mas que desequilibrou a equipa por completo (ver 1º vídeo).

    Outro aspeto que chama à atenção é ver equipas “inferiores” aos três grandes optarem pela organização estrutural “da moda” - o 1-4-4-2. É verdade que toda e qualquer organização varia consoante as características dos jogadores que ocupem as várias posições, todavia é comum ver (a defender) a linha média de uma equipa com 2 médios no corredor central (um de características mais ofensivas e outro com características mais defensivas) e 1 médio em cada um dos corredores laterais, que são mais extremos que médios. O problema surge quando essa equipa perde a posse da bola, pois rara é a equipa dita “pequena” que não deixe os 2 médios interiores desprotegidos, permitindo que aconteça aquilo que aconteceu ao Boavista no 1º golo que sofreu (ver 1º vídeo).

    FC Porto | Construção e criação from Nelson Duarte on Vimeo.

    O FC Porto, como alternativa ao realizado na 1ª parte, poderia ter optado pela estratégia que defini na movimentação abaixo: Construção a 3 com Marcano-Danilo-Felipe (Danilo próximo de Marcano para obrigar a que Espinho e Yusupha estivessem mais próximos que afastados). Herrera no raio de ação de David Simão (para o fixar) e Aboubakar junto de Talocha (para criar dúvida ao lateral). Brahimi e Alex Telles como homens livre (Marcano só teria que escolher). Caso não se sentisse confortável, a solução seria rapidamente procurar Felipe para que este pudesse aproveitar o espaço do lado contrário metendo em Ricardo (fora) ou Corona (dentro).

    O Boavista, a partir do minuto 75’ optou por se posicionar tal como mostra a figura abaixo. Isto é, a atacar, Idris procurava posicionar-se na sua zona de ação habitual, no entanto a defender deveria posicionar-se junto a Rossi, formando o par de centrais. Foi exatamente pelo desposicionamento de Idris que o FC Porto encontrou o desequilíbrio do Boavista, acabando de vez com as aspirações Axadrezadas.

    Penso que foi uma decisão errada. Na minha opinião, deve-se procurar E BEM arriscar mas sem retirar o equilíbrio à equipa. Porque não optar pela organização estrutural a atacar e a defender como demonstram as ultimas duas figuras? Ficam para reflexão.

    1-3-5-2 - Construção a 3 desde trás com Sparagna-Idris-Rossi. 4 homens no corredor central (mais equilíbrio e controlo) e Talocha/Carraça a fazerem todo o corredor.

    1-5-4-1 - Equipa a defender com 5 (Carraça-Sparagna-Idris-Rossi-Talocha) e 4 homens no corredor central (Renato e Espinho garantiam as coberturas a Simão em cada um dos corredores).

    Para terminar, de referir que a nível defensivo, Marcano por vezes, estava muito longe de Felipe para lhe realizar a respetiva cobertura defensiva (aspeto importante). Bem como, houve alguma falta de rigor no ajustamento da linha média (Corona/Marega-Herrera-Danilo-Brahimi) a defender, quando o Boavista enviava bola longa em altura (procurando a profundidade nas costas da última linha defensiva do FC Porto) - ver 2º vídeo. 

    FC Porto | Anular a criação e impedir a finalização from Nelson Duarte on Vimeo.



    Comentários

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    motivo:
    HA
    jogo
    2017-10-30 20h27m por Halibut
    danilo e herrera não são médios de grande visão de jogo e de grande qualidade de passe, o danilo é um trinco forte no jogo aéreo, forte nos duelos, ocupa bem os espaços, ajuda muito a nível defensivo a defesa, mas não é um trinco muito bom a sair a jogar, nem a jogar em espaços curtos. . assim como herrera que é um jogador com uma passada larga, resistente, tem um remate interessante e aparece bem em zonas de finalização, mas por vezes demora muito a decidir e algumas das vezes decide ...ler comentário completo »
    Bonito esquema !!
    2017-10-30 17h20m por paulosousa19
    Nao sou entendido como alguns parecem ser nem tenho estudos de futebol para apresentar esquemas taticos. . . mas joguei muitos anos futebol e quem gosta e vive futebol tem de passar por la para perceber muita coisa!
    Há um erro neste comentario o boavista nao se apresentou em 1-4-4-2 primeiro o 1 nem se usa é o guarda redes . . . segundo o Boavista apresentou-se em 4-2-3-1 . . . O Fabio Espinho nao jogou nem esboçou sequer a posição de avançado !
    O Jorge Simão arriscou o que tinh...ler comentário completo »

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