Este fim de semana estive a analisar o Sporting frente ao Desportivo de Chaves e verifiquei várias situações interessantes de serem partilhadas/comentadas.
Apesar do Sporting ter começado o jogo a vencer desde cedo (aos 15’ minutos vencia 2-0), a equipa revelou uma dificuldade “inicial” (25’ minutos) em construir jogo.
Quando falo em construir jogo, não me refiro à capacidade de uma equipa fazer circular a bola em “U” (lateral-central-central-lateral) sem qualquer tipo de progressão, refiro-me sim à capacidade de uma equipa fazer progredir verticalmente a bola no terreno de jogo, ora por corredores exteriores, ora pelo corredor interior, criando constantemente situações de finalização (que é diferente de finalizar).
No vídeo abaixo, vemos a dificuldade do Sporting em construir, nomeadamente, a constante dificuldade em penetrar a organização estrutural do Desportivo de Chaves (mais acentuada até do lado de Mathieu). Vemos, também, possíveis alternativas que poderiam/deveriam ser tomadas para explorar os espaços que a organização estrutural do Desportivo de Chaves deixava.
Uma possível solução em construção, por parte do Sporting, seria a movimentação descrita abaixo. Acuña seria o homem livre, aquando da construção do Sporting pelo lado de Mathieu, no entanto, seria importante que Podence e Bas Dost se posicionassem tal como mostra a figura, de
forma a impedirem quer Paulinho quer Maras de saírem na pressão sobre Acuña (funcionavam como uma espécie de bloqueadores). Também o posicionamento de Bruno não seria ao acaso (entre Jefferson e Tiba).
Desta forma, Acuña receberia passe vindo de Mathieu com possibilidade de colocar, posteriormente, a bola em diagonal e em profundidade para Coentrão (fora) ou em diagonal para Bruno (dentro).
No vídeo seguinte podemos constatar que a partir do minuto 27’ o Sporting começou a encontrar soluções em progressão. Num primeiro momento devido ao posicionamento de Acuña como falso-interior (confundindo marcações), num segundo momento com a capacidade criativa de Podence em receber em espaços curtos e, por fim, com a capacidade de leitura de jogo de Coates, sabendo distinguir quando progredir com bola e fazer a diferença (lance do 3º golo) e quando não.
Neste mesmo vídeo pode-se verificar a dificuldade do Sporting em variar as suas alternativas em construção curta desde Rui Patrício. Ou seja, é perfeitamente visível a dificuldade que a equipa revela em construir curto através dos espaços que o Desportivo de Chaves vai deixando (também na 2ª parte). Se o Desportivo de Chaves pressiona com 2 na frente, os espaços que vão deixando livres são necessariamente diferentes dos espaços que deixam quando pressionam com 3 ou com 4 na frente. Daí que o Sporting necessita de adaptar a sua construção àquilo que o jogo lhe dá (ou que os espaços lhe dão). Até porque, quando o Sporting (fundamentalmente na 2ª parte) construiu curto e bem desde trás, as oportunidades de golo foram surgindo (lance do 5º golo é exemplo disso).
De referir também a falta de algum critério, em momento de construção, num ou noutro passe que, salvo o devido respeito, frente ao Desportivo de Chaves não implicou problemas, mas na Champions tudo se paga…
Na figura seguinte podemos ver, também, uma possível saída em construção curta que defini e que o Sporting poderia ter optado frente ao Desportivo de Chaves, face às características apresentadas pelas movimentações defensivas do Chaves.
Por fim, deixo um vídeo com uma pergunta (retórica) para as equipas com recursos inferiores.
NOTA: Os conteúdos audiovisuais são da responsabilidade do autor