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A preto e branco
Luís Cirilo Carvalho
2017/09/24
E3
"A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.
Na semana passada o Vitória Sport Clube completou a bonita idade de 95 anos de vida.
 
É o meu «velhinho» preferido!
 
E completou-os de boa saúde, acompanhado por uma «família» excecional que não para de crescer e  de o apoiar nos bons e maus momentos, e seguramente pronto para continuar uma caminhada gloriosa que o transformou no motivo maior de orgulho da sua Terra e num exemplo para o país desportivo.
 
Desde que nasceu, o Vitória fez o seu caminho contra o vento.
 
Os seus fundadores tiveram desde logo a lucidez de o fazerem original e o bom senso de não copiarem modelos que lhe eram estranhos ou modas que nada diziam aos vimaranenses.
 
Não lhe deram o nome da cidade e concelho, porque intuíram que isso estaria implícito noutras marcas identitárias como o símbolo, ao contrário do que acontecia na generalidade dos clubes desportivos desse tempo.
 
Para emblema recusaram a moda da bicharada, real ou imaginária, que pontifica em quase todos os clubes e escolheram o primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques (mais de setenta anos depois os associados vitorianos votaram esmagadoramente para que esse fosse também o nome do estádio, em perfeita sintonia com os fundadores) nascido em Guimarães e cuja ligação à cidade e ao concelho é umbilical.
 
Finalmente escolheram um nome que desde logo traduz ambição - Vitória - recusando a facilidade de associarem ao nome do clube o de outros clubes já então predominantes e marcando desde logo um caminho original.
 
Guimarães é um concelho profundamente bairrista desde sempre.
 
E claro que um clube com estas características originais, portando no símbolo a figura do Rei mais marcante da História de Portugal (até porque sem ele não haveria... Portugal) e tendo em si toda a ambição do mundo, tinha tudo para se tornar na grande referência da Terra, no seu motivo de maior orgulho e na construção de uma ligação fortíssima entre instituição e comunidade.
 
Assim foi.
 
E por isso, hoje, Guimarães e Vitória e Vitória e Guimarães são duas marcas fortes, que se complementam e fortificam entre elas, indissoluvelmente ligadas por valores e orgulhos que lhes são comuns e que permitem que em Guimarães, ao contrário do resto do país, só exista um clube «grande», enquanto aqueles que nos visitam, por «grandes» que sejam noutros sítios, em Guimarães são pequenitos e os seus adeptos locais sem outra expressão que não a que advém de serem raridades!
 
95 anos é um longo percurso de vida.
 
Que começou em sedes alugadas e campos alheios, que teve o seu primeiro património no já desaparecido campo da Amorosa, pertença do clube e onde se começou a construir a ideia, verdadeira, de que ser clube visitante em Guimarães é muito difícil (Costa Pereira, guarda redes do Benfica campeão europeu dos anos 60 do século passado, dizia que a Amorosa era o campo mais difícil do país para jogar como visitante), que continuou num estádio que foi municipal durante muitos anos e que a partir de 1980, sob a liderança do histórico presidente António Pimenta Machado, iniciou um percurso de modernização do estádio e de construção de património que leva à situação atual.
 
O estádio D. Afonso Henriques é um dos mais modernos do país e pertence ao clube, o Vitória foi o primeiro clube português a ter o seu complexo desportivo (muito antes de se falar de Alcochete, Seixal ou Olival) com campos relvados e sintéticos. Tem um pavilhão próprio já insuficiente para o pujante ecletismo do clube e um edifício sede com cinco pisos no qual se alojam valências diversas.
 
E tem, como seu património maior, em permanente crescimento e renovação através de sucessivas gerações de vitorianos( Em Guimarães ensinar os filhos a serem vitorianos é requisito obrigatório na educação dos mesmos) os melhores adeptos do país que apoiam o clube de forma incessante,nos jogos em casa e nos jogos fora criando no D. Afonso Henriques um ambiente único nos estádios portugueses e provocando noutros estádios do país admiração pelo número de adeptos que se deslocam e pela intensidade com que apoiam o Vitória em muitos casos silenciando até os adeptos locais.
 
Com altos e baixos, muitos momentos de enorme alegria intervalados aqui ou ali por alguns de profunda tristeza (descidas de divisão e finais perdidas, por exemplo), o Vitória tem atrás de si 95 anos de que se pode orgulhar.
 
Orgulhar e inspirar para um futuro ainda melhor.
 
Porque a «pedra no sapato» destes 95 anos está no palmarés.
 
Um clube com características tão únicas, com uma presença tão marcante na História do futebol português, com uma massa adepta excecional que vai de casa para os estádios e dos estádios para casa sem concessões aos sofás como se vê noutros emblemas, tem em termos de futebol um palmarés exíguo para um clube tão grandioso.
 
Uma Taça de Portugal em sete finais disputadas, uma Supertaça em quatro tentativas, três títulos nacionais na formação são o que de mais relevante tem para apresentar.
 
Tem nas modalidades, com especial relevo para voleibol e basquetebol, um palmarés bem mais consentâneo com a dimensão do clube, mas mesmo aí aquém daquilo que poderia ter se as circunstâncias e a sorte (que também tem o seu peso) tivessem sido outras ao longo dos anos.
 
Em 1997, a convite de António Pimenta Machado, tive a honra de presidir à comissão que organizou as comemorações do 75 anos do clube e que tiveram como ponto alto a inauguração do complexo desportivo e pavilhão pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.
 
E recordo-me bem de no discurso que então proferi numa sessão solene ter referido esta questão do palmarés, manifestando o desejo de que nos vinte e cinco anos seguintes, até ao centenário, essa fosse a grande prioridade do clube, visto a questão patrimonial estar resolvida e sendo então o tempo dos títulos e troféus.
 
Passaram vinte anos.
 
E embora neste espaço de tempo o palmarés, muito por força do contributo das modalidades, tenha crescido bastante e atingido no futebol a conquista de um objetivo longamente perseguido (Taça de Portugal), o Vitória continua a dever a si próprio mais conquistas e conquistas mais importantes que as até hoje conseguidas.
 
95 anos é uma idade bonita.
 
Mas daqui a cinco anos celebra-se a mais bonita de todas as idades para uma instituição.
 
O centenário.
 
E nestes cinco anos que faltam o Vitória deve ter como prioridade das prioridades enriquecer o seu palmarés com aquele que é o titulo mais desejado por todos os seus adeptos e que será um ponto alto desse percurso então centenário: o título de campeão nacional de futebol.
 
E ele é possível.
 
Deem-se os passos certos!
Na semana passada o Vitória Sport Clube completou a bonita idade de 95 anos de vida.
 
É o meu «velhinho» preferido!

Na semana passada o Vitória Sport Clube completou a bonita idade de 95 anos de vida.

É o meu «velhinho» preferido!

E completou-os de boa saúde, acompanhado por uma «família» excecional que não para de crescer e  de o apoiar nos bons e maus momentos, e seguramente pronto para continuar uma caminhada gloriosa que o transformou no motivo maior de orgulho da sua Terra e num exemplo para o país desportivo.

Desde que nasceu, o Vitória fez o seu caminho contra o vento.

Os seus fundadores tiveram desde logo a lucidez de o fazerem original e o bom senso de não copiarem modelos que lhe eram estranhos ou modas que nada diziam aos vimaranenses.

Não lhe deram o nome da cidade e concelho, porque intuíram que isso estaria implícito noutras marcas identitárias como o símbolo, ao contrário do que acontecia na generalidade dos clubes desportivos desse tempo.

Para emblema recusaram a moda da bicharada, real ou imaginária, que pontifica em quase todos os clubes e escolheram o primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques (mais de setenta anos depois os associados vitorianos votaram esmagadoramente para que esse fosse também o nome do estádio, em perfeita sintonia com os fundadores) nascido em Guimarães e cuja ligação à cidade e ao concelho é umbilical.

Finalmente escolheram um nome que desde logo traduz ambição - Vitória - recusando a facilidade de associarem ao nome do clube o de outros clubes já então predominantes e marcando desde logo um caminho original.

 
Finalmente escolheram um nome que desde logo traduz ambição - Vitória - recusando a facilidade de associarem ao nome do clube o de outros clubes já então predominantes e marcando desde logo um caminho original.
 
Finalmente escolheram um nome que desde logo traduz ambição - Vitória - recusando a facilidade de associarem ao nome do clube o de outros clubes já então predominantes e marcando desde logo um caminho original.

Guimarães é um concelho profundamente bairrista desde sempre.

E claro que um clube com estas características originais, portando no símbolo a figura do Rei mais marcante da História de Portugal (até porque sem ele não haveria... Portugal) e tendo em si toda a ambição do mundo, tinha tudo para se tornar na grande referência da Terra, no seu motivo de maior orgulho e na construção de uma ligação fortíssima entre instituição e comunidade.

Assim foi.

E por isso, hoje, Guimarães e Vitória e Vitória e Guimarães são duas marcas fortes, que se complementam e fortificam entre elas, indissoluvelmente ligadas por valores e orgulhos que lhes são comuns e que permitem que em Guimarães, ao contrário do resto do país, só exista um clube «grande», enquanto aqueles que nos visitam, por «grandes» que sejam noutros sítios, em Guimarães são pequenitos e os seus adeptos locais sem outra expressão que não a que advém de serem raridades!

95 anos é um longo percurso de vida.

Que começou em sedes alugadas e campos alheios, que teve o seu primeiro património no já desaparecido campo da Amorosa, pertença do clube e onde se começou a construir a ideia, verdadeira, de que ser clube visitante em Guimarães é muito difícil (Costa Pereira, guarda redes do Benfica campeão europeu dos anos 60 do século passado, dizia que a Amorosa era o campo mais difícil do país para jogar como visitante), que continuou num estádio que foi municipal durante muitos anos e que a partir de 1980, sob a liderança do histórico presidente António Pimenta Machado, iniciou um percurso de modernização do estádio e de construção de património que leva à situação atual.

O estádio D. Afonso Henriques é um dos mais modernos do país e pertence ao clube, o Vitória foi o primeiro clube português a ter o seu complexo desportivo (muito antes de se falar de Alcochete, Seixal ou Olival) com campos relvados e sintéticos. Tem um pavilhão próprio já insuficiente para o pujante ecletismo do clube e um edifício sede com cinco pisos no qual se alojam valências diversas.

E tem, como seu património maior, em permanente crescimento e renovação através de sucessivas gerações de vitorianos( Em Guimarães ensinar os filhos a serem vitorianos é requisito obrigatório na educação dos mesmos) os melhores adeptos do país que apoiam o clube de forma incessante,nos jogos em casa e nos jogos fora criando no D. Afonso Henriques um ambiente único nos estádios portugueses e provocando noutros estádios do país admiração pelo número de adeptos que se deslocam e pela intensidade com que apoiam o Vitória em muitos casos silenciando até os adeptos locais.

Com altos e baixos, muitos momentos de enorme alegria intervalados aqui ou ali por alguns de profunda tristeza (descidas de divisão e finais perdidas, por exemplo), o Vitória tem atrás de si 95 anos de que se pode orgulhar.

Orgulhar e inspirar para um futuro ainda melhor.

Porque a «pedra no sapato» destes 95 anos está no palmarés.

Um clube com características tão únicas, com uma presença tão marcante na História do futebol português, com uma massa adepta excecional que vai de casa para os estádios e dos estádios para casa sem concessões aos sofás como se vê noutros emblemas, tem em termos de futebol um palmarés exíguo para um clube tão grandioso.

Uma Taça de Portugal em sete finais disputadas, uma Supertaça em quatro tentativas, três títulos nacionais na formação são o que de mais relevante tem para apresentar.

Tem nas modalidades, com especial relevo para voleibol e basquetebol, um palmarés bem mais consentâneo com a dimensão do clube, mas mesmo aí aquém daquilo que poderia ter se as circunstâncias e a sorte (que também tem o seu peso) tivessem sido outras ao longo dos anos.

Em 1997, a convite de António Pimenta Machado, tive a honra de presidir à comissão que organizou as comemorações do 75 anos do clube e que tiveram como ponto alto a inauguração do complexo desportivo e pavilhão pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.

E recordo-me bem de no discurso que então proferi numa sessão solene ter referido esta questão do palmarés, manifestando o desejo de que nos vinte e cinco anos seguintes, até ao centenário, essa fosse a grande prioridade do clube, visto a questão patrimonial estar resolvida e sendo então o tempo dos títulos e troféus.

Passaram vinte anos.

E embora neste espaço de tempo o palmarés, muito por força do contributo das modalidades, tenha crescido bastante e atingido no futebol a conquista de um objetivo longamente perseguido (Taça de Portugal), o Vitória continua a dever a si próprio mais conquistas e conquistas mais importantes que as até hoje conseguidas.

95 anos é uma idade bonita. Mas daqui a cinco anos celebra-se a mais bonita de todas as idades para uma instituição: o centenário.

E nestes cinco anos que faltam o Vitória deve ter como prioridade das prioridades enriquecer o seu palmarés com aquele que é o titulo mais desejado por todos os seus adeptos e que será um ponto alto desse percurso então centenário: o título de campeão nacional de futebol.

 
E ele é possível.
E ele é possível.

Deem-se os passos certos!



Comentários (3)
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motivo:
BO
Parabéns
2017-09-26 11h48m por Bomfunkboy
Como benfiquista nortenho e admirador do Vitória de Guimarães e do Braga (embora saiba a rivalidade que existe) acho que de facto dignificam o futebol português muito mais que os 3 grandes. Com orçamentos limitados conseguem de facto olhar nos olhos dos grandes e discutir o jogo. Que o vitória continue na senda de vitórias e porque não o título de campeão nacional, que já bem merecem. E que venham outros 95.

Saudações
Eu acredito. . .
2017-09-25 14h40m por 1King
Eu acredito. . . até porque tirando os 3 do sistema nacional de ajudas, somos o clube com maior capacidade e melhor preparado para o conseguir, mas já o somos há muitos e muitos anos, o problema é que, tal como o Boavista deixou bem claro, o título para um dos não 3 porkinhos é possível, agora em Portugal talvez só seja possível com trafulhices. Já andamos lá perto, lutamos por ele até à última jornada mas em Portugal o sistema não aceita Leicester's
JO
Força
2017-09-25 09h54m por JoseAlberto
Nós vamos conseguir!

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