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    A preto e branco
    Luís Cirilo Carvalho
    2018/11/25
    E0
    "A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.

    Já todos sabemos que tudo aquilo que diga respeito a Cristiano Ronaldo, seja dos golos que continua a marcar em doses industriais, seja da sua vida privada, passando por uma enorme multiplicidade de outros assuntos, é notícia e chama a atenção de milhões de pessoas em todo o mundo ou não fosse ele uma personagem de mediatismo mundial.

    Não admira, portanto, que a sua ausência da seleção desde o Mundial da Rússia se esteja a tornar um assunto cada vez mais discutido, face aquelas - que não podem deixar de ser consideradas como estranhas - sucessivas ausências do “onze” nacional.

    O facto de nem FPF nem selecionador terem dado até hoje uma explicação sobre o assunto também não ajudou, como é bom de ver, ao seu entendimento pelo que é assunto que promete durar por mais algum (bastante?) tempo.

    Claro que se podiam refugiar nas questões de “opção técnica” mas seria pior a emenda que o soneto porque para quem segue o campeonato de Itália, como é o meu caso, é perfeitamente evidente que o jogador está num grande momento de forma e a marcar golos a um ritmo que lhe é habitual pelo que seria motivo mais que suficiente para se duvidar da sanidade mental de um selecionador que o deixasse de fora por “opção técnica”.

    A razão terá de ser outra.

    Provavelmente prender-se-á com a gestão de esforço do jogador - que sendo um super atleta não deixa nem por isso de caminhar para os 34 anos de idade - a exemplo do que Zidane já fizera com grande sucesso nas duas últimas temporadas que ambos passaram no Real Madrid (um como treinador e o outro como jogador) e em que dessa gestão resultou um Ronaldo em grande forma física na altura decisiva das épocas permitindo-lhe aparecer ao melhor nível, por exemplo, nas finais da Liga dos Campeões.

    Provavelmente será mesmo isso e a intenção é que a seleção nas fases decisivas, como a “Final Four” da Liga das Nações em junho do próximo ano (Porto e Guimarães) tenha o seu melhor jogador nas melhores condições.

    Entende-se a opção e louva-se a forma como a seleção sem Ronaldo conseguiu o apuramento, sem derrotas, rubricando até exibições de muito bom nível com exceção da primeira parte do jogo em San Siro em que a equipa esteve quase irreconhecível.

    Mas é uma opção que tem dois riscos associados.

    Uma é gerir os jogadores que deram o seu contributo à seleção nestes jogos e que podem muito bem, e ninguém lhes pode levar isso a mal, estranhar que quem não esteve disponível para fazer a fase de apuramento apareça agora para fazer a fase final que é sempre muito mais interessante a vários níveis desde logo pelo mediatismo que encerra a nível europeu e até mundial.

    É verdade que não é a primeira vez que isto sucede, porque em 2006, depois de ter anunciado a sua retirada (o que tinha um peso ainda maior), e não ter feito a fase de apuramento para o Mundial da Alemanha, Luís Figo disponibilizou-se para jogar a fase final tendo sido naturalmente convocado por Scolari.

    Na altura embora se tivesse percebido um ou outro “ranger de dentes” a verdade é que todos os jogadores perceberam que com Figo a seleção era mais forte e acabou, em boa verdade, por fazer um excelente Mundial.

    Acredito, até pelo “peso” de Ronaldo no grupo, que desta vez sucederá o mesmo embora possa existir sempre o tal risco de este ou aquele entenderem menos bem a opção.

    Mas há outro risco nesta opção e esse parece-me mais sério.

    Que são os clubes onde jogam os restantes selecionados e muito em especial aqueles que disputam títulos nacionais e internacionais, e que, portanto, não querem ver os seus jogadores expostos a sobrecargas competitivas, que seguramente não acharão piada nenhuma a verem os seus jogadores consecutivamente convocados enquanto Ronaldo (com consequente benefício da Juventus) passa ao lado dessa sobrecarga.

    Acontece que alguns desses clubes disputam o campeonato de Itália e outros a Liga dos Campeões com a Juventus e podem entender esta opção de Fernando Santos (e ou de Ronaldo) como um favorecimento indevido a um clube.

    E isso sim pode ver a causar…aborrecimentos!



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