Um jogo para esquecer e um empate que não decide nada, mas que deixa o Vitória FC a depender apenas de si para assegurar a manutenção, claramente o objetivo de uma equipa que se deslocou a Alvalade sem qualquer intenção de jogar futebol e que encontrou no Sporting o parceiro ideal para essa dança. Os leões tiveram a bola tempo suficiente para vencerem a formação sadina, mas sentiram enormes problemas para criar ocasiões de perigo e com isso não conseguiram sentenciar a luta pelo pódio, ficando à espera da última jornada para decidir essa questão. Que jogo pobre!
A boa sequência de resultados até ao jogo com o FC Porto tinha causado vários elogios à equipa de Rúben Amorim, mas dentro de campo o futebol não estava a ser convincente. O próprio treinador admitiu que este Sporting ainda sente muitas dificuldades para criar ocasiões de golo e Lito Vidigal, experiente nestas andanças, aproveitou bem esse facto e montou um Vitória FC completamente de tração atrás. A fase é delicada e o técnico sadino não se importava de prolongar a série de jogos sem vencer para 15, desde que isso significasse a conquista de um ponto.
Com Éber Bessa a fazer de falso avançado e Zequinha e Mansilla mais laterais do que extremos, a equipa sadina encostou-se cedo no seu meio-campo enquanto via os jogadores leoninos trocarem a bola entre si. Uma espécie de treino com bola ou um jogo de pré-época, pouco intenso, pouco interessante e com as balizas a servirem apenas como adereço. Claro que a bola andava sempre no meio-campo sadino, mas o Sporting foi completamente inofensivo e dava uma imagem negativa já antes vista.
Na 1.ª parte, não se registou qualquer remate enquadrado com as balizas - 3.ª vez que acontece em jogos do Sporting na 🇵🇹Liga 2019/20, sempre com Rúben Amorim como treinador (Santa Clara, Moreirense e Vitória FC)🥅⛔ pic.twitter.com/9UX33ur6TH
— playmakerstats (@playmaker_PT) July 21, 2020
De um lado era um Sporting sem qualquer remate enquadrado à baliza do Vitória FC, do outro era um Vitória FC sem sequer conseguir chegar à área de Maximiano. Portanto, condições para quem está em casa adormecer a ver esta partida. Dava a sensação que nem Sporting, nem Vitória FC tinham objetivos para este jogo, mas era precisamente o contrário. Os leões tinham visto o SC Braga perder e com uma vitória selavam o último lugar no pódio, mas nem isso foi suficiente para trazer ideias à equipa de Rúben Amorim, sempre dependente dos rasgos de Wendel e de uma ou outra movimentação de Francisco Geraldes, titular pela primeira vez nos leões, que na primeira meia hora esteve ligado a uma corrente muito ténue de um jogo praticamente sem eletricidade.
Depois de um bocejo que durou 45 minutos pedia-se muito mais para esta segunda parte, mas havia poucas esperanças que tal fosse acontecer. Claro que o Sporting ia começar a acelerar o jogo - Amorim lançou Vietto ao intervalo e tirou Ristovski -, mas a equipa sadina nunca se viu incomodada com o futebol leonino, sempre com posse, mas com poucas ideias para chegar à baliza contrária.
Aos 65', uma tentativa de acordar os jornalistas e fotógrafos presentes no estádio. Foi Vietto a fazer o primeiro remate a uma baliza, no caso a do Vitória FC. Foi mesmo preciso esperar mais de uma hora para que isso acontecesse e num jogo normal a fraca tentativa do argentino não seria mencionada nesta crónica, mas sem lances de registo aquela bola que chegou lentamente às mãos de Makaridze foi uma espécie de ponto alto num jogo que o Sporting tentou jogar à sua maneira e no qual o Vitória FC nunca mostrou qualquer interesse em participar.
Com a frustração a ser cada vez mais evidente na equipa sportinguista, não apenas nos jogadores mas também em Rúben Amorim, que deu várias pancadas no banco de suplentes, o Vitória FC procurou enervar ainda mais as hostes e tentou fazê-lo de duas maneiras - com a entrada de Heriberto, que trouxe mais vontade para atacar a baliza leonina, e com constantes paragens de jogo por alegadas lesões. Só para os jogadores do Sporting o tempo pareceu passar depressa. Os sadinos, que tiveram o primeiro remate à baliza já nos descontos, desesperavam a cada minuto, mesmo sem que o sufoco dos leões fosse intenso, e quem assistia à partida estava seguramente à espera que ela acabasse.
O apito de Nuno Almeida (que estava com tanta pressa para acabar o jogo que deu apenas quatro minutos quando se pediam pelo menos oito) veio acabar com o sofrimento, mas não com as dúvidas que ainda persistem quanto à classificação final destes dois clubes. O Sporting ganhou um ponto ao Sporting de Braga, mas ainda tem a questão do pódio para resolver e um jogo com o Benfica na última jornada, enquanto o Vitória FC ultrapassou o Portimonense na classificação, mas vai ter ainda uma final na última jornada com o Belenenses SAD, sabendo, no entanto, que com este jogo de sofrimento e muito pouco (mesmo nenhum) futebol vai ficar a depender apenas de si para continuar na Liga NOS.
A fórmula não foi bonita, não merece um elogio em particular, mas a verdade é que foi eficaz. Sem tentar jogar e com muito recurso a antijogo, o Vitória FC conseguiu sair de Alvalade com um ponto e depende apenas de si para garantir a continuidade na Liga.
Sabemos que estamos a meio de julho e que por norma esse é o período de pré-época, mas nem na pré-época costumamos ver partidas tão desinteressantes. Ritmo lento, uma partida jogada apenas em meio-campo e duas equipas completamente inofensivas, a do Sporting sem conseguir definir bem o que fazer com bola e a do Vitória FC sem interesse em procurar algo mais do que o empate sem golos.