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Depois da despromoção na temporada passada, o Moncarapachense selou o segundo lugar da Série D do Campeonato de Portugal e, agora, soma uma nova oportunidade de regressar à Liga 3.
O clube algarvio havia descido de divisão na última época, mas poderá ser contemplado com um regresso. Essa é uma das grandes motivações do emblema, para além da vitória mais recente na final da Taça do Algarve.
Esta é a segunda temporada de José Bizarro no comando técnico do Monca, depois de ter assumido as rédeas da equipa ainda no decorrer do ano transato, após abandonar o cargo no AR São Martinho. Pelo emblema do Sul de Portugal, o treinador natural de Matosinhos leva 16 vitórias em 27 jogos na época atual.
Os adversários? União de Santarém, Lusitânia dos Açores e Vitória FC. Tudo arranca no próximo dia 21 de abril.
zerozero (zz): Como descreve o trajeto do Moncarapachense até chegar a esta fase?
José Bizarro (JB): Sofremos bastante como qualquer clube que desce de divisão, A época seguinte é sempre uma época apreensiva. Somos um clube humilde, que não tem um orçamento louco de outras equipas. Tentámos, dentro do nosso conhecimento, formar um plantel de homens, bons jogadores, e conseguimos criar uma família. Acho que tem sido esse o grande segredo deste ano. Fomos uma equipa sempre organizada, e difícil de bater e, quando assim é, estamos sempre mais perto de ganhar.
Foi assim, jogo a jogo, que fomos construindo a solidez que demonstrámos durante toda a época. A verdade é que estivemos por 23 jornadas nos dois primeiros lugares e essa é a prova que o trabalho foi bem feito. A construção do plantel foi bem feita, os jogadores acreditam nas ideias que se pedem e, dentro da nossa humildade logística, temo-nos batido de igual para igual com todos.
zz: O que espera desta fase de subida? União de Santarém, Lusitânia dos Açores e Vitória FC são os adversários que se seguem.
JB: Eu sou muito honesto - e há anos e anos e anos que ando a dizer isto -, eu sou contra este modelo de campeonato. Acho que os primeiros classificados tinham de subir e pronto. Não havia cá liguilhas, nem para descer, nem para subir. Criava-se uma estrutura: sobem os dois primeiros e descem os quatro últimos em todas as divisões. Acho que era muito mais honesto, porque eu entendo a palavra campeonato, sempre entendi, mas sempre me ensinaram, desde que comecei a jogar futebol, que campeonato é uma prova de regularidade, e, isto, de regularidade não tem nada.
Eu recordo-me, há uns anos, - acho que ainda nem Liga 3 havia sequer -, de que o União de Leiria e o Vilafranquense, salvo erro, apenas tiveram uma derrota durante a época e não subiram de divisão. Acho que é muito injusto.
Eu acho que os campeonatos deviam ser prova da primeira jornada à última e não havia nem primeiras fases, nem segundas. Isto é a minha opinião. Acho que é muito injusto, porque pode haver, por exemplo, equipas que terminaram a primeira fase em primeiro, e, depois, acabam por não subir. E, isso, acho que é bastante injusto.
Agora, vai ser um grupo equilibrado, 50 por cento das equipas vão passar, outras 50 por cento vão ficar por caminho. É uma pena.
zz: Para além de voltar a estar numa posição de possível regresso à Liga 3, o Moncarapachense acabou de vencer a Taça do Algarve. Acredita que estes dois fatores podem ser muito importantes para o desenvolvimento e motivação da equipa nesta fase de subida?
JB: Todas as vitórias são importantes. Esta Taça do Algarve, para muita gente pode dizer pouco, mas para o Algarve, para os clubes do Algarve, diz muito. A prova disso é que esta foi apenas a segunda vez que o Moncarapachense a venceu. Portanto, acho que toda a gente está contente. Qualquer vitória é motivadora para a fase seguinte. As pessoas até podem dizer que foi contra uma equipa de escalão inferior, mas uma final é uma final.
Quantas vezes as equipas de divisões inferiores batem o pé às equipas grandes quando são provas a eliminar? E, numa final, toda a gente quer ganhar. Como se costuma dizer, as finais não se jogam, ganham-se. É lógico que, jogando bem, está-se mais perto de ganhar. Mais uma vez, aconteceu. Acho que foi justíssima a nossa vitória e claro que dá ânimo para o que aí vem.
zz: Qual é a mensagem que pretende deixar aos adeptos?
JB: Gostava de ver o estádio, pelo menos, com as pessoas que vi na final da Taça do Algarve. Acho que foi o dia em que tivemos mais assistência nos nossos jogos. Espero que acreditem em nós e que apareçam porque fazem falta.
Eu fui jogador há muitos anos, e, inclusive, estive em clubes, como o Leixões, Benfica e outros, que tinham muita gente a ver os treinos. E, até nos próprios treinos, com gente na bancada, treinávamos de outra forma.
A motivação é outra, a aplicação é outra. É lógico que, se puderem aparecer, principalmente nos três jogos em casa, da mesma maneira que compareceram na final da Taça, era o meu grande desejo. O grupo todo, a direção e toda a gente ficava agradecida, porque todos somos poucos para alcançar o objetivo e, com uma ajudinha de toda a gente, pode tornar tudo mais fácil.
