Parecia estar a jogar em casa, mas não. O Benfica passou com distinção no exigente terreno do Bessa, onde há um ano tinha sido derrotado, com muito apoio nas bancadas, mas sobretudo com uma grande intensidade e entrosamento entre os seus jogadores, um cenário que costuma ser comum na Luz, mas que acontece bem menos vezes nas idas ao norte do país nos tempos de Rui Vitória.
Desta vez, e apesar do bom início do Boavista, a águia foi competente e nem sequer teve de passar por qualquer susto para ganhar o segundo jogo do campeonato, em vésperas do dérbi com o Sporting.
Houve arrojo inicial do Boavista e essa é a primeira nota de destaque do jogo. Quem tem acompanhado esta equipa de Jorge Simão sabe que não é só nestes jogos que as panteras querem revitalizar de alguma forma o Boavistão, que tantas alegrias deu aos seus adeptos. E, mesmo na adversidade financeira (novamente o orçamento mais baixo da Liga), as distâncias encurtam-se sempre em campo. Sobretudo no Bessa.
Só que a equipa de Rui Vitória não se mostrou totalmente surpreendida. Sabia ao que ia (na época passada tinha sido o Boavista a ganhar) e não se desmobilizou, até porque a maior rotação deste início de época dá vantagem no entrosamento e na confiança dos jogadores, nomeadamente dos dois construtores, Gedson e Pizzi, mas também da ala esquerda, onde há um motivadíssimo Cervi, após a chamada à seleção.
Mas houve um erro fatal. Carraça não tirou uma bola inofensiva, Ferreyra insistiu, ganhou e marcou. Libertou o pequeno fantasma que pairava sobre si e, mais do que isso, deu outro rumo ao jogo.
O intervalo não tardaria e dos balneários veio a intenção encarnada de resolver rápido o jogo para pensar no duelo com o PAOK. Salvio apareceu mais em jogo e levou a equipa com a sua mensagem.
Mesmo com uma disposição de pressão alta e de regresso ao 4x4x2, o Boavista sucumbiu à maior qualidade individual do adversário, muito por culpa da incapacidade de fechar as entradas da lateral para o meio. Veja-se o segundo golo e a forma como Salvio passou pela avenida criada do seu lado antes de dar para Pizzi, para já o improvável goleador do campeonato.
Alertados para a necessidade de nunca desmembrar a equipa em termos defensivos, os jogadores do Benfica usaram a melhor estratégia que há para evitar esse cenário: posse, posse e mais posse, quase sempre no meio-campo contrário.