Os leitores vão entender que se trata de um título hiperbólico, mas muito mérito tem Petit neste fantástico início de campanha do Boavista. Após a surpresa contra o campeão nacional, os axadrezados viveram uma noite de sonho no Algarve e voltaram a soar os alarmes no Portimonense (1-4), novamente goleado nesta Liga Portugal Betclic.
Com limitações no recrutamento - impossibilidade de inscrever novos jogadores -, o excelente trabalho do técnico axadrezado está a ter os seus frutos. Jovens da formação cada vez mais confiantes e uma sólida base que serve de parede às muitas dificuldades, já habituais no dia-a-dia do histórico clube.
A roçar a perfeição. Primeira parte de alto nível do Boavista e grande festa dos muitos adeptos axadrezados presentes em Portimão. É verdade que a agressividade foi superior em relação ao adversário, porém, seria injusto apontar este como o único aspeto diferenciador. Os visitantes mostram mais qualidade individual, coletiva e uma grande inspiração.
Cedo no jogo, o filme começou a ser desenhado. Tiago Morais, em noite de inspiração, cruzou tenso para a infelicidade de Filipe Relvas, a cabecear para a própria baliza. Pouco tempo mais tarde, Bozeník finalizou uma bela jogadas das Panteras, construída desde o flanco direito e com o contributo de vários elementos. O eslovaco, um homem mudado em relação ao que apresentou na última época.
O Portimonense procurou estabilizar processos e ganhar confiança, mas seguiu sem resposta à superioridade do adversário. Golpe mais duro surgiu aos 22 minutos, em transição rápida e com Relvas novamente infeliz, desta vez a desviar o bom remate de Tiago Morais. Em cima do descanso, uma grande defesa de Vinicius Silvestre salvou os algarvios de um quarto golo.
Como tinha de fazer, Paulo Sérgio mexeu ao intervalo e as cartas lançadas entraram com vontade. O jogo mudou, o Portimonense mostrou mais capacidade, contudo, foi traído por muita ineficácia. Ficam ainda assim alguns sinais de otimismo para uma reação de grande urgência necessária nas próximas jornadas.
Na compensação, Ronie Carrillo reduziu com justiça após cruzamento de Igor Formiga, cheio de vontade de agarrar um lugar no onze. Contudo, o ponto final no pesadelo do Portimonense ainda estava para chegar e foi obra de Vukotic, que aproveitou da melhor forma um mau corte de Relvas, com noite para esquecer. Tanto a mudar, muito a celebrar.
As limitações são conhecidas, no entanto, Petit e os seus pupilos não viram a cara a estes desafios. Muita competência na estratégia do técnico e no rendimentos dos jogadores, alguns deles adaptados a papéis nada normais nas suas carreiras. Qual seria o teto desta equipa num cenário normal?
Mais um ano de grande revolução no plantel do Portimonense e as consequências têm aparecido nestas jornadas inaugurais. Não pode servir apenas para justificar as goleadas sofridas, mas muito tem sido pedido a Paulo Sérgio neste cenário. O normal é os algarvios passarem dificuldades e esta época não está a arrancar como as últimas, em inícios que muito contribuíram para serem conseguidas as manutenções. Muito a refletir e a tentar corrigir nas semanas que faltam de defeso.
Noite correta e em João Pinheiro não procurou protagonismo. Castigou vários algarvios com cartões na primeira parte, mas todos foram justificados e consequência de desconcentrações dos atletas perante um resultado pesado.