No futuro, nos livros de história, quando alguém procurar pelo tema 'justiça no futebol' terá dificuldade em encontrar o encontro entre Leixões e Famalicão. Tudo porque a justiça escapou ao emblema do Mar, que acabou eliminado da Taça de Portugal, por 1-2, após prolongamento, num jogo onde foi mais equipa e onde quis sempre muito mais durante 90 minutos, mas foi traído no prolongamento.
Pressão alta no momento da perda, bom controlo da bola e oportunidades, várias oportunidades. Uma descrição daquilo que poderia ter sido o futebol do primodivisionário Famalicão na casa do Leixões, e não foi, mas que descreve na perfeição a alma da equipa de Matosinhos, num jogo tão importante e que dava acesso a uma vaga para os quartos da prova rainha do futebol português.
O Leixões mostrou-se sempre mais organizado, mais pressionante e muito mais objetivo. O golo poderia ter aparecido logo aos sete minutos, mas Luiz Júnior protagonizou uma enorme intervenção a negar o golo a Fabinho. Calasan (32'), Ricardo Valente (40') e, novamente, Fabinho (45+1') materializaram em ocasiões o maior ascendente da equipa da casa, que rematou pela primeira vez aos 42 minutos... E ao lado.
A pálida imagem deixada no primeiro tempo levou o treinador dos famalicenses a promover duas substituições no reatar do encontro. A equipa melhorou com as entradas de Ivo Rodrigues e Rui Fonte, no entanto o Leixões manteve a mesma dinâmica e empurrou o adversário para o seu reduto defensivo nos primeiros minutos - Thalis obrigou Luiz Júnior a mais uma excelente intervenção (53').
A ousadia perante um adversário de um escalão superior teve um efeito indesejado (e inesperado), aos 77 minutos, quando o Famalicão chegou ao golo numa rápida jogada de contra-ataque. Naquele que foi o primeiro remate enquadrado com a baliza de Stefanovic até aquele momento, Alexandre Penetra aproveitou um passe de Ivo Rodrigues para abrir o marcador no Estádio do Mar.
Em tempo de prolongamento, o Famalicão apareceu mais forte e fresco fisicamente, chegando ao golo da vitória, aos 109 minutos, por intermédio de Cádiz. O avançado venezuelano ainda viria a ser expulso, por acumulação de amarelos, aos 114', mas sem efeitos práticos para as contas do jogo.
A história é por vezes traiçoeira e guarda apenas na memória o resultado final, mas é justo que fique registado que o Leixões fez muito para merecer outra sorte neste jogo. Não aconteceu e está eliminado da prova rainha.
Houve vários momentos no jogo em que quem desconhecesse a realidade dificilmente diria que o Famalicão era a equipa de Primeira e o Leixões de Segunda. Uma pálida imagem da equipa liderada por João Pedro Sousa.
Não foi uma noite perfeita, longe disso. Não esteve particularmente bem no capítulo disciplinar.