Não havia nada em jogo, num confronto entre um Sporting que já não perderia o estatuto de vice e um Santa Clara condenado a terminar em sétimo lugar, mas mesmo assim houve uma boa dose de futebol para os adeptos que optaram por passar esta noite de sábado no estádio.
Em dia de despedida, da época e de atleta(s), o Sporting não abrandou e bateu oposição insular por uns expressivos 4-0. Apesar do título não ter sido renovado, algo que era objetivo assumido, o leão fez o melhor que podia ter feito nesta derradeira jornada e saiu de 2020/21 de cabeça erguida
Ao som da última marcha da temporada, e antes dos adeptos cantarem tudo o que o Mundo sabe, os jogadores entraram no relvado do Estádio José Alvalade. Terá sido para alguns desses atletas a última vez que isso aconteceu. Para Pablo Sarabia, artilheiro leonino que vê o seu período de empréstimo a terminar, o aplauso das bancadas ao 17º minuto, repetido na hora da substituição, foi símbolo de um jogo com vincados contornos de despedida.
Possivelmente afetado por essa nostalgia, o leão entrou em campo bem longe da sua versão mais feroz. Dominou, como é natural, mas a dupla de Palhinha e Bragança demorou muito tempo a aparecer e, enquanto isso, foram acumulados alguns erros na fase de construção, que deram a Lincoln e Ricardinho o espaço necessário para criar algumas jogadas de perigo.
Foi a partir de um desses lances que surgiu a primeira grande ocasião da partida, clamorosamente desperdiçada por Mohebi, mas 10 minutos depois surgiria o primeiro rugido do leão. Bruno Tabata, com uma finalização contra o relvado, marcou pelo terceiro jogo consecutivo e levou o Sporting para o balneário a vencer.
Houve pouco desbastar do terreno durante os primeiros 45 minutos, mas mesmo assim pareceram existir novos trilhos para a baliza adversária logo a partir do início da segunda parte. O primeiro, encontrado por Sarabia, foi encerrado por uma boa defesa de Ricardo Fernandes, mas o segundo, navegado por Nuno Santos, foi dar direitinho ao golo do 2-0, marcado por Pedro Porro.
Marcus Edwards, claro. O inglês saltou do banco e, mesmo não tendo a mesma influência que em Guimarães, fez aquilo que sabe em cada interação com a bola. Ao 78º minuto deu mais um exemplo de porquê que não o podem deixar ter espaço, quando assinalou o 4-0 com um tiro do meio da rua. Rodrigo Ribeiro ainda tirou o ar aos adeptos com uma excelente chance, mas o resultado já não mudaria.
Apesar do objetivo principal não ter sido cumprido, a plateia de Alvalade viveu o último jogo de 2021/22 entusiasmo, e encerrou a época em cânticos que duraram até para lá do apito final.
Mesmo que o título não esteja ao alcance, não há motivo para baixar os braços e viver o resto da temporada em melancolia. Os adeptos do Sporting trabalharam com o que tinham nesta jornada, a garantia do segundo posto, e optaram pelo final feliz e por um fim de temporada em festa.
Também o Santa Clara tinha nada a ganhar ou perder neste jogo, com o sétimo lugar garantido, mas os esforços para fechar a temporada a vencer foram bem mais diminutos. Lincoln e Ricardinho foram, principalmente, os impulsionadores do futebol de uma equipa que atirou a toalha ao chão muito cedo.