Festejam os benfiquistas, festejam os portistas e caem os sportinguistas. Em dia de Páscoa, não houve celebração leonina no dérbi que o Benfica desempatou e que serviu para praticamente entregar as faixas ao FC Porto no que à questão do título diz respeito (0-2).
Nélson Veríssimo montou uma estratégia que o Sporting de Rúben Amorim nunca conseguiu ultrapassar e contou com a inspiração de Darwin, contrastante com a desinspiração coletiva da equipa leonina, para resolver a partida.
De um lado a necessidade de continuar a pressionar o FC Porto depois de uma goleada azul e branco por 7-0, do outro lado a motivação após o empate em Anfield, apesar da eliminação na Liga dos Campeões. Em comum, uma rivalidade que obriga a vencer qualquer dérbi em qualquer altura. Este mais interessante por estar empatado em todas as vertentes: golos marcados e sofridos, vitórias, derrotas e empates.
Na tabela a distância é significativa e para o Benfica havia essa obrigação de vencer para manter viva a esperança, ainda que ténue, de lutar pelo segundo lugar que dá o acesso direto à fase de grupos da Liga dos Campeões e permite começar a época mais tarde.
Sem Rafa, Nélson Veríssimo aproveitou para se adaptar ao Sporting e pode dizer-se que o resultado foi positivo. Não só pela vitória, mas pela forma como o Benfica conseguiu condicionar o Sporting de tal forma que se sentiu sempre um maior conforto do lado encarnado do que na equipa leonina.
O golo cedo contribuiu para esse conforto, até porque depois o Sporting sentiu a necessidade de ir atrás do resultado e mostrou aí as suas principais fragilidades, mas o mérito do Benfica esteve mais além do que no processo defensivo.
As águias ainda não tinham permitido qualquer lance de perigo e quando Darwin (que confiança!) ganhou em velocidade a toda a defesa leonina e bateu Adán os benfiquistas perceberam que esta seria uma noite bem diferente daquela que se viveu na Luz, na primeira volta do campeonato.
O Sporting não estava confortável e o golo pesou ainda mais. Os leões apostaram muito nos duelos e dependeram sempre de Porro para criar desequilíbrio pela direita. O espanhol levou a melhor em várias ocasiões, mas o resultado final era sempre o mesmo: um cruzamento aliviado pela defesa do Benfica.
Pedia-se mais ao Sporting. Havia jogadores em subrendimento (Pedro Gonçalves e Palhinha estão muito abaixo do habitual), mas acima de tudo havia um coletivo que não estava a funcionar, pelo menos da maneira como seria suposto acontecer. Um deserto de ideias e um leão amarrado por uma teia bem montada pelo estratega Veríssimo e bem interpretada pelos seus escudeiros, claramente confiantes nas ideias do seu treinador.
Talvez seja algo que a partida em Anfield tenha trazido, mas a verdade é que este Benfica pareceu, em Alvalade, uma equipa imperturbável. No lado oposto, o Sporting foi sempre uma equipa com os nervos à flor da pele, a tentar chegar à solução por atalhos que não iam dar a lado nenhum.
Quando Sarabia cabeceou ao poste, logo nos primeiros cinco minutos da segunda parte, o Sporting podia começar a crescer e empurrar o Benfica ainda mais para a sua área, mas o que aconteceu foi o seu oposto.
A equipa de Nélson Veríssimo começou a sair cada vez com mais frequência para a área leonina e o Sporting, além de precipitado nas suas ações ofensivas, começou a abrir cada vez mais espaço às investidas encarnadas.
Os minutos foram passando e o jogo ficou cada vez mais de feição. Paulinho, Sarabia, Porro, Edwards, todos tentaram com o coração e sem cabeça. Nada feito.
Aproveitou o Benfica para matar o leão, quase literalmente. Darwin conduziu e entregou ao surpreendente Gil Dias, que apareceu onde ninguém contava para fechar o resultado e, muito provavelmente, as contas do título. Quanto às contas da Champions...
Muito mérito para o trabalho de Nélson Veríssimo, que, face à ausência de Rafa, aproveitou a titularidade de Diogo Gonçalves para tirar largura ao Sporting. A defender, Gilberto foi central e as águias pareceram sempre confortáveis quando tiveram de lidar com a equipa leonina. Ofensivamente não houve muitos momentos brilhantes, mas a capacidade individual bastou para fazer a diferença.
A jogada repetiu-se inúmeras vezes: jogada na esquerda para atrair o adversário e bola longa para a direita, à procura do desequilíbrio de Porro. Com o Benfica a proteger-se bem, a equipa de Rúben Amorim mostrou uma evidente falta de criatividade que fez com que acabasse por usar o cruzamento como recurso principal.