Ferveu. Muito. O clássico entre Vitória SC e Sporting, esta sábado à noite, foi escaldante, dentro e fora das quatro linhas. Estupiñán deu vantagem aos homens da casa, Sarabia, Paulinho e Edwards viraram para dar três pontos (1x3) aos leões na luta pelo título.
Esteve caro o metro quadrado no D. Afonso Henriques. Poucos espaços ficaram por pisar, poucas bolas ficaram por disputar. O Vitória SC x Sporting foi tudo aquilo que define um clássico; no bom e no mau. Pepa foi expulso ainda antes da meia hora e os ânimos estiveram quase sempre no limite da explosão. Foi quente, quentinho, sem dominador claro.
O Sporting teve mais ações, mas nem todas foram do agrado de Rúben Amorim. O treinador campeão desesperou, não raras vezes, junto à linha, sobretudo na primeira parte. O comportamento defensivo do leão esteve longe de ser exemplar. O golo de Estupiñán, aos 23 minutos, é um exemplo disso, entre o bom que os vitorianos fizeram na produção da vantagem.
Primeiro na iniciativa de André Almeida, depois na maior agressividade com que Rúben Lameiras e o colombiano disputaram a bola com Coates. O capitão do Sporting foi mole na abordagem e quem sofreu foi o coletivo, que passou a correr atrás da desvantagem. Difícil falar de (in)justiça, porque o jogo estava dividido, embora a bola passasse mais tempo nos pés do leão.
O golo galvanizou o Vitória – e a plateia. André Almeida viveu, por aí, os melhores minutos do jogo; a arrancada aos 25 minutos foi de craque, a finalização de Estupiñán nem por isso. Era parada e resposta na cidade-berço. E Bruno Varela tirou o «pão da boca» a Slimani (27’). O lance nasceu pela esquerda, o lado que o Sporting privilegiou quase sempre na hora de atacar.
No calor do jogo, o penálti que deu o empate, aos 42 minutos. Alfa Semedo deu o peito à bola, mas a mesma resvalou para o braço aberto. Fábio Veríssimo decidiu, o VAR confirmou. Três minutos depois do apito, a conversão: Sarabia enfrentou o tremor das bancadas e não sucumbiu.
Empatou do campeão antes do repor de energias. Tempo para Rúben Amorim corrigir os defeitos e potenciar as virtudes, embora os primeiros sinais da segunda parte sugerissem outra coisa. O Vitória SC entrou possante e rondou a baliza de Adán com perigo relativo. Depois, o jogo ficou com o tal dominador que se procurava desde o apito inicial.
As mudanças fizeram bem ao Sporting, que reposto do assalto vitoriano nos instantes iniciais depois do descanso passou ao ataque. Foram vários os lances de perigo real junto a Bruno Varela, que aos 62 minutos voltou a assinar uma defesa importante. No entanto, o caudal leonino foi-se intensificando até que a «cambalhota» no marcador se confirmou.
Corria o minuto 70 em Guimarães. Pedro Gonçalves, entretanto lançado em campo, tratou de fabricar a assistência e Paulinho fez o resto: calcanhar perfeito em espaço apertado e golo do Sporting. Por essa altura, justiça aplicada, porque a equipa de Alvalade há largos minutos que era melhor.
Depois, o pior de futebol. Desacatos nas bancadas, uma multidão a mover-se, qual arrastão para escapar à carga policial. O jogo esteve parado largos minutos, retomou depois num clima de «cortar à faca» e a tempo de uma «traição». Marcus Edwards, lançado nos minutos finais, fez uma obra de arte na antiga casa e sentenciou a partida bem para lá do minuto 90.
⌚️Apito final: VSC 1-3 SCP
— playmakerstats (@playmaker_PT) March 19, 2022
⚠️Há 13 anos que o 🦁Sporting não vencia com reviravolta no 🏟️D. Afonso Henriques.
2008/09 Vitória 1-2 Sporting: Roberto 56' / Derlei 80' Liedson 88' pic.twitter.com/lAjkiJldmU
Jogo difícil, muito difícil. Deu sempre a sensação de não conseguir controlá-lo pelo diálogo, por isso começou cedo a puxar dos cartões; a jogadores e elementos da equipa técnica do Vitória SC. Isso contribui para exaltar ainda mais os ânimos. Decisão difícil também na grande penalidade de Alfa Semedo, mas aí foi resguardado pelo VAR.
Duas obras-primas. Não há outra forma de descrever os golos que deram o 1x2 e o 1x3 ao Sporting em Guimarães. Primeiro o calcanhar de Paulinho, em espaço apertado, depois o remate em arco do inglês na antiga casa.
O jogo esteve interrompido, já nos últimos 20 minutos, depois de desacatos e alguma confusão nas bancadas. Chegou a temer-se uma escalada imparável, mas o jogo acabou mesmo por recomeçar. O clima, esse, manteve-se tenso até final.