O primeiro penálti do campeonato para o Benfica resultou na quinta vitória consecutiva no campeonato, mais uma vez sem golos sofridos. Num jogo em que esteve longe de ser brilhante, a equipa de Jorge Jesus bateu o Marítimo por 1x0, acabando a partida com algum sofrimento depois de desperdiçar várias ocasiões para sentenciar o resultado. Pela primeira vez esta época, um penálti foi o que bastou.
A paragem do campeonato ajudou a afinar estratégias, mesmo com vários jogadores nas seleções. Nesse aspeto, o Benfica teve mais ausências, mas também tinha menos a afinar. A estratégia de três centrais parece consolidada, mas apenas para outro tipo de jogos. Em casa e contra o Marítimo, a equipa de Jorge Jesus quis assumir o jogo e por isso voltou ao 4x4x2 que bem conhece e que tem vindo a utilizar desde o início da época. Nos insulares, com Velázquez apenas há duas jornadas com a equipa, foi preciso trabalhar mais e este tempo trouxe o Marítimo de volta ao 5x3x2, algo que já havia acontecido no início da época.
Mudanças diferentes por motivos diferentes, claro. O Marítimo, para além da situação complicada na tabela, viajou até à Luz com apenas uma vitória em 10 jornadas, enquanto o Benfica vinha de quatro triunfos em quatro encontros antes da paragem e para além das ideias ofensivas mais consolidadas tinha também consolidado as ideias defensivas, como provam os quatro jogos consecutivos sem sofrer.
Se a primeira tentativa de ataque veio do Marítimo, num remate disparatado de Claudio Winck, esse lance sai completamente do contexto do que foi a partida, em particular a primeira parte. O Benfica sentiu algumas dificuldades iniciais para criar perigo, mas com toda a iniciativa para a equipa de Jorge Jesus os caminhos para a baliza de Amir começaram a ser cada vez mais explorados.
Com a zona central condicionada, o Benfica utilizou os flancos para atacar, mas com Everton em mais uma tarde/noite desinspirada foi o flanco direito a dar mais nas vistas. Diogo Gonçalves começou a aparecer com espaço e a tentar cruzamentos, foi combinando com Rafa e foi numa jogada à direita que surgiu o lance que desbloqueou a partida, embora não houvesse ainda a sensação que o Benfica teria assim tantas dificuldades para bater a formação insular. Ao 25º jogo, o Benfica teve o primeiro penálti a favor na Liga e Waldschmidt confirmou a superioridade encarnada desde a linha dos 11 metros.
Através de tentativas de contra-ataque, quase sempre orquestradas por Edgar Costa com passes longos a explorar a velocidade de Joel Tagueu e Alipour, o Marítimo procurava incomodar a defesa benfiuqista, mas não o conseguiu fazer de bola corrida. Por outro lado, o Benfica começou a criar mais oportunidades e foi obrigando Amir a algumas boas intervenções. Antes do intervalo, num lance de bola parada, o Marítimo ainda assustou, mostrando a Velázquez que essa podia ser uma arma para atacar a segunda parte, tendo em conta as dificuldades no jogo corrido, mesmo que por vezes a equipa de Jorge Jesus permitisse algum espaço aos jogadores insulares.
A primeira parte esteve longe de ser interessante. O ritmo foi baixo e não aumentou depois do golo do Benfica, como, aliás, tem sido norma sempre que a equipa de Jorge Jesus consegue chegar à vantagem. Os encarnados optaram por conservar a bola e procuraram sempre um futebol rendilhado que permitisse ter ocasiões de golo com maior probabilidade de sucesso, mas com tantos adversários pela frente essa foi uma missão quase impossível, até porque o Marítimo não alterou a postura apesar do resultado.
Em desvantagem, a equipa de Júlio Velazquez mostrou-se sempre sem ideias, mas com o passar dos minutos e com a margem no resultado reduzida ainda a apenas um golo os maritimistas sabiam que uma bola parada podia ser o suficiente para conquistar um importante ponto na Luz, até porque o Benfica continuava a desperdiçar golos atrás de golos- Otamendi falhou uma ocasião clara na sequência de um livre estudado e Seferovic viu interrompida uma série interessante sempre a faturar.
A meia hora do final, os 30 segundos mais interessantes do jogo, na tal bola parada que o Marítimo tanto procurava. O 1x1 esteve no pé direito de Winck, mas esbarrou na perna de Helton Leite, de onde saiu o contra-ataque que lançou três homens do Benfica para apenas um madeirense. Com tudo para sentenciar a partida, Seferovic viu Amir defender à andebol e deixou Jorge Jesus num completo ataque de nervos.
O Marítimo não mostrou capacidade para ameaçar o resultado, mas continuava a precisar apenas de um momento para mudar a história do jogo. Num remate cruzado, Correa teve uma excelente oportunidade, mas Helton Leite acabou por nem ter de defender e as reações foram distintas. O Benfica, que voltou a ter uma ocasião clara desperdiçada por Chiquinho na cara de Amir, respirou de alívio depois de conquistar três pontos num jogo com final sofrido sem necessidade. De artístico não teve muito, mas uma vez mais voltam a contar os três pontos tão necessários nesta reta final do campeonato.
Rafa foi, para o zerozero, o melhor em campo, pelos desequilíbrios que conseguiu criar e pela dinâmica que conseguiu apresentar com quem por lá passou. Diogo Gonçalves combinou com o internacional português e Waldschmidt também por lá passou, percebendo que dali podiam sair os melhores lances dos encarnados.
A equipa de Júlio Velázquez alterou o esquema tático, mas não apresentou melhorias ofensivas. Sem conseguir usar os flancos e com poucos homens de construção no meio-campo, os insulares procuraram sempre sair rápido em contra-ataque, mas essa arma raramente assustou a equipa de Jorge Jesus. Nem a necessidade de responder ao golo do Benfica levou o Marítimo a procurar outra estratégia para chegar à baliza de Helton Leite.