Dois meses depois, o FC Porto voltou ao seu Dragão e, a começar o campeonato, já tratou da maior lacuna da época passada, em que perdeu os três jogos que fez contra o SC Braga. Desta vez, os minhotos ainda estiveram a vencer, só que cometeram erros que, contra uma equipa em grande rotação, foram naturalmente aproveitados.
Alex Telles fez uma assistência e dois golos, ambos de penálti, numa altura em que se fala da possível ida para o Manchester United, e foi a figura maior de uma equipa que não perdeu a evolução exibicional em crescendo que estava a apresentar no final da época passada.
A forma como os primeiros minutos decorreram deram claras sensações inversas ao que o marcador traria. Um FC Porto consistente, criativo e dinâmico, a indiciar que a tendência do fim de época (bom nível exibicional) estava para durar. Em 4x3x3, com Otávio mais à esquerda e com Marega muito móvel no ataque, ameaçando de forma imprevisível cada um dos três centrais minhotos, os dragões entraram bem, apareceram várias vezes no último terço e foram muito fortes no desequilíbrio, com Corona novamente em plano de destaque.
Causa ou consequência, a verdade é que o 3x4x3 do SC Braga aparentava alguma falta de rotação e demasiadas crateras abertas, com vários momentos em que a saída apoiada sucumbiu à pressão do adversário, porque as linhas de passe nunca abundavam. Desta forma, o FC Porto marcou, de forma natura, num lance que o VAR corrigiria (fora de jogo). Se esse golo traria alguma lógica ao ascendente portista, essa foi uma lógica trocada - um pouco o sentimento que terá invadido a cabeça de Castro, que não hesitou no remate, mas que travou abruptamente nos festejos a um clube cheio de simbolismo.
Com a vantagem, o SC Braga enfim serenou e passou a ter mais qualidade na posse, porque Al Musrati foi um pêndulo, porque Esgaio foi destemido e porque Horta e Fransérgio foram certeiros nos recuos para lançar ataques. Aliás, o posicionamento destes dois, pertencentes ao trio de ataque, foi a principal nota da equipa de Carvalhal: quando estiveram escondidos e sem se conseguir dar ao jogo, a equipa pareceu sempre muito curta; quando apareceram, em diagonais e entre as linhas, o SC Braga ganhava vantagem e baralhava o FC Porto, que demorou muito a reagir.
Aliás, se os visitantes marcaram contra a corrente, também se deve dizer que a reviravolta portista, em curtos três minutos de compensação, foi revestida de surpresa... e de azelhice. Se o primeiro golo resultou de um belo desenho coletivo dos dragões, com grande cruzamento de Telles para o surgimento de Sérgio Oliveira na área entre os centrais, o segundo surgiu numa má abordagem de Raul Silva, bem aproveitada por Marega e concretizada, na marca de 11 metros, por Telles.
Num ápice, no frenesim de um bom jogo, vivo e intenso, a tendência mudava totalmente ao chegar o intervalo.
Um frenesim que não abrandou no regresso dos balneários. O SC Braga regressou melhor e, ao aproveitar uma maior cedência de espaço por parte do campeão nacional, não precisou de muito para criar perigo. Ainda assim, precisaria de mais, na finalização, para marcar - veja-se a perdida de Ricardo Horta logo a abrir.
Carvalhal tentou tudo. Chegou mesmo a acontecer Tormena, que entrou aos 78 minutos, ter feito três posições. E seria ele, na última, a proporcionar novo castigo máximo, que Telles concretizou para que não houvesse mais dúvidas.
Rasgadinho e intenso, o jogo foi muito bom de ver. Nestas alturas de arranque de época, há sempre a dúvida sobre o ritmo das equipas, mas as duas estiveram muito bem nesse capítulo. E que saudades tinham os portistas de ver a sua equipa...
... ou forçados? A dúvida existe sempre, pois não há mérito sem demérito. Porém, a equipa do SC Braga fica muito mal na fotografia pela forma como consentiu os golos, que nem aconteceram nas melhores fases do FC Porto.