Quando se tem no cartaz uma partida entre o Campeão da Europa e vencedor da Liga das Nações e o vice campeão do Mundo não se está à espera que uma dessas equipas domine por completo a outra. Ainda assim, foi o que aconteceu este sábado no Estádio do Dragão, no primeiro jogo de Portugal e Croácia na Liga das Nações.
A seleção lusa venceu (4x1), convenceu e arrancou de forma impressionante a defesa de um título que, curiosamente, até venceu no mesmo estádio. Ninguém diria que este foi o primeiro jogo da equipa de Fernando Santos em dez meses e que quase todo o plantel está numa fase de pré-temporada.
Como se previa, Portugal entrou na partida sem contar com Cristiano Ronaldo, ainda a contas com um problema num pé. Por isso, Fernando Santos acabou por colocar um ataque muito móvel, com Jota, Félix e Bernardo Silva, apoiados por Bruno Fernandes e Moutinho. Uma clara vontade de tirar referências à defesa da Croácia e dar capacidade de movimento.
Primeiro foi Félix ao poste num remate desviado, depois foi Pepe (por duas vezes) a ver Livakovic brilhar, depois foram Jota e Guerreiro a atirar novamente ao ferro, para desespero do banco de Portugal, que começava a ficar desesperado perante um domínio tão vincado, mas que não resultava em golos.
No meio desse «atropelo» português, a Croácia limita-se a sair para o contra-ataque pela ilha Kramaric que, apesar de alguns bons trabalhos individuais não causava real perigo. Foi nesta fase que se começou a perguntar onde estava a equipa que há dois anos chegava à final do Campeonato do Mundo.
O nulo parecia mesmo que se ia prolongar até ao intervalo, mas havia ainda um trunfo para a seleção lusa. Esse trunfo veio do pé esquerdo de João Cancelo que, numa diagonal, fez um golo que teve tanto de beleza, como de justiça e até raiva, perante o que se tinha passado na primeira parte.
Talvez a principal diferença entre as duas partes, tenha estado na eficácia. Depois de três bolas aos ferros e várias grandes defesas nos primeiros 45 minutos, a etapa final do jogo foi bem mais eficaz. Estrearam-se a marcar pela seleção Diogo Jota (quase passe de Guerreiro) e João Félix (forte remate à entrada da área)
A reta final viu a Croácia ter mais bola, mas só nos descontos apareceu uma verdadeira oportunidade de golo, concretizada. Portugal não quis que a diferença de três golos fosse reduzida e, no último lance, André Silva colocou a diferença final em três golos, de forma bem justa.
Uma vitória que chega a ser impressionante de Portugal. Pelo nome do adversário, pela fase da temporada, pela ausência de Cristiano Ronaldo, mas, mais importante, pela qualidade que a espaços foi colocada no relvado do Estádio do Dragão. Merecia público...mas os três pontos já estão no bolso.
O golo de João Cancelo acaba por ser a chave. Sabemos que pode ser considerada «uma batota» escolher um golo como chave, já que os golos são sempre muito muito importantes numa partida de futebol. Mas vamos explicar o porquê de estar feito este destaque. Portugal foi avassalador durante mais de 30 minutos na primeira parte. Teve imensas oportunidades e viu por três vezes a bola ir aos postes da baliza da Croácia. Começa a reinar um sentimento de «será que vai ser daqueles jogos em que a bola não quer entrar?». Por isso, quando Cancelo fez o golaço que fez respirou-se de alívio e a vitória não mais esteve em causa.
Sem CR7 viu-se um ataque português com uma capacidade de movimentação que chegou a ser brilhante. CR7 traz imensa qualidade à seleção como referência, mas ficam sempre bons sinais quando se consegue ter uma exibição assim tão solta, mesmo sem o capitão.
É certo que a Croácia não teve em campo duas das suas principais figuras, mas uma seleção que há dois anos ficava no 2º posto do Mundial não pode apresentar-se tão mal numa partida contra outra das boas seleções do futebol. Se não fosse Livakovic o resultado poderia ter sido embaraçoso.