Já começa a ser um clássico esta força tondelense no cair do pano. Ainda não está decidido, de todo, mas a equipa de Natxo deu um passo de gigante rumo à manutenção, ao bater o Sporting de Braga por 1x0.
Nem sempre bem jogada, a partida foi decidida já na segunda parte, num lance de bola parada. O Braga andou sempre à deriva e o Tondela, mesmo sem grande qualidade, aproveitou para amealhar três pontos decisivos.
Havia muito para decidir e, na hora da verdade, Natxo e Artur Jorge não foram conservadores, bem pelo contrário. Os últimos sinais de Sporting de Braga e Tondela não terão agradado totalmente aos dois treinadores, que não hesitaram em mudar. O timoneiro bracarense alterou mesmo o sistema, deixando Paulinho com a companhia de Rui Fonte, enquanto que o espanhol que comanda os beirões lançou dois jovens: Tiago Almeida, de 18 anos, defesa, e Telmo Arcanjo, de 19, médio de ataque.
Apesar de nenhum dos conjuntos ter conquistado os três pontos na última jornada, a verdade é que o Sporting de Braga chegava, em teoria, bem melhor à partida do João Cardoso. Os primeiros minutos confirmaram um pouco essa ideia, pois a bola só teve verdadeiramente um dono.
Aos poucos, o conjunto da casa, apoiado por algumas dezenas de adeptos, que, nesta fase, encontram nos prédios uma boa forma de contornar as portas fechadas, esboçou uma reação, subiu uns metros, enervou o Sporting de Braga e criou uma grande ocasião. O livre diz muito sobre a classe do espanhol, mas a bola saiu um pouquinho ao lado da baliza de Matheus. Seria justo, pelo jogador, mas altamente injusto, pelo que os beirões não estavam a conseguir fazer.
Foi sol de pouca dura. O Braga, com um 4x4x2 que apostava muito no jogo exterior - Esgaio e Amador foram protagonistas - e que deixava o centro para seis elementos que poucas vezes conseguiram criar uma verdadeira dinâmica, terminou o primeiro tempo por cima. Não só pela bola rematada por Ricardo Horta que só parou no poste, não só pelos dois cortes milagrosos, primeiro de Filipe Ferreira e depois de Philipe Sampaio, mas, essencialmente, por ter sido a única equipa a correr riscos e a querer, verdadeiramente, mandar.
As insuficiências do Tondela na primeira parte também foram claras para Natxo, que trouxe do balneário duas novidades ofensivas. Richard e João Pedro. Dois elementos que não revolucionaram, que não fizeram a diferença, mas que ajudaram de uma certa forma a equipa a entrar um pouco mais competitiva.
Não foi, ainda assim, necessariamente pelas decisões de Natxo que o Tondela voltou a ficar a centímetros do golo, numa daquelas ocasiões que, em Moreira, podem marcar a diferença entre a manutenção e a descida. Pelo menos, Murillo não espera que assim seja. É que com o espaço que o extremo teve exigia-se uma finalização muito melhor!
Enquanto Matheus ia respirando de alívio, o Sporting de Braga afundava-se. A bola continuava a ser mais dos Guerreiros do Minho, mas, a partir do intervalo, por fora e por dentro poucas ou nenhumas ideias se viram. E nem as entradas de Fransérgio e Abel Ruiz melhoraram o cenário.
O que melhorou foi a esperança do Tondela, uma equipa cada vez mais preparada para estes cenários de luta nas últimas jornadas. Novamente de bola parada, Philipe Sampaio subiu ao segundo andar, obrigou Matheus a uma boa estirada e, na recarga, o outro central, Yohan Tavares, fez sonhar ainda mais os beirões.
Em vantagem, o Tondela ainda deu um tiro no próprio pé. Foi Filipe Ferreira, neste caso, a dar, numa expulsão escusada que não mudou duas ideias-fortes de todo o segundo tempo. O espírito do Tondela e a desinspiração bracarense. Está cada vez mais perto a materialização da saga da salvação beirã.
O espírito Guerreiro, sim, mas do Tondela. Porque não faltou só qualidade de jogo ao Sporting de Braga. Na segunda parte, os beirões quiseram mais os três pontos e demonstraram um espírito de solidariedade muito importante.
Segunda parte de desilusão para o Sporting de Braga. A equipa de Artur Jorge já não tinha estado propriamente brilhante nos primeiros 45 minutos, mas o que foi jogado depois do intervalo é curto para quem sonha com o pódio.