Poderá vir a durar pouco mais do que minutos, dependendo das notícias que chegarem da Luz, mas o FC Porto agarrou de novo a liderança provisória da Liga NOS com uma vitória por duas bolas a zero na viagem ao arquipélago dos Açores para defrontar o Santa Clara.
Golos de dois defesas tantas vezes contestados, Wilson Manafá e Iván Marcano, foram decisivos para o desfecho de um encontro em que os açorianos ainda fizeram tremer a baliza de Marchesín em dois momentos. Sérgio Oliveira, também um jogador que não reúne unanimidade, fez as duas assistências para os golos portistas.
Wilson Manafá chegou ao FC Porto em janeiro de 2019 e desde então jogou 52 vezes com a camisola azul-e-branca, a contar com este encontro. Raras foram as vezes em que a presença do lateral na equipa não foi contestada. Depois da queda portista ante o Leverkusen, foi ele uma das novidades no onze para os Açores - juntamente com o regressado Danilo e o avançado Soares - e, contra muitas expectativas, acabou por ser ele a deixar marca nos primeiros 45 minutos.
Até então, o FC Porto apresentava-se com elementos ofensivos móveis mas muito pouco impressionantes. Corona começava por andar por zonas centrais, próximo de Soares, mas foi num mais habitual trabalho pela direita que driblou um adversário antes de cruzar para um desvio de João Afonso na direção da própria baliza. Íamos ainda em três minutos e apenas os reflexos impressionantes de Marco salvaram o Santa Clara nesse momento, com um desvio por instinto para o poste. Um muito raro momento de perigo dos azuis-e-brancos na primeira metade.
Os açorianos eram postos em sentido desde cedo, mas mais por erro individual do que por outra coisa. Os dragões eram mansinhos na frente, Soares recuava muito para batalhar pelas bolas mas não era grande ameaça de ataque, e Marega não via os espaços nas costas da defesa de que tanto gosta. O FC Porto, muito balanceado para o lado direito, não chegava a posições de remate e o Santa Clara, que tinha Carlos Júnior a batalhar por espaços, até ficaria às portas do golo à passagem da meia hora.
Lincoln ganhou uma falta em cima da grande área, João Costinha picou a bola sobre a barreira e na direção da trave da baliza de Marchesín, a entusiasmar os adeptos açorianos... só que no extremo oposto apareceu o tal mal-amado de seu nome Wilson Manafá, a combinar com Sérgio Oliveira e a receber um belo passe do médio para depois finalizar à ponta-de-lança perante Marco. O marcador que ninguém esperava deixava os adeptos portistas em festa, um pouco antes de ver um vermelho que acabaria por virar amarelo depois de consulta de Carlos Xistra às imagens do lance.
A bola já tinha batido em ferros das duas balizas na primeira parte, voltaria aos mesmos destinos na segunda antes do golo que acabaria por deixar o triunfo praticamente assegurado para os homens de Sérgio Conceição.
Outra vez com um FC Porto pouco fluído em campo, o Santa Clara voltou a mostrar a capacidade nas bolas paradas dos intervenientes do meio-campo (e Rashid agora nem é titular...). Antes tinha sido Costinha, aos 55' foi Lincoln quem acertou em cheio num dos postes de Marchesín.
A tranquilidade portista tardou, chegou apenas depois dos 70 minutos, e não no momento em que inicialmente se pensou que chegaria. Falamos do momento em que Carlos Xistra assinalou um penálti muito contestado pelos açorianos, por choque de Marco contra Otávio quando o guardião saltou para segurar a bola, e em que na conversão Alex Telles se juntou à festa dos postes, falhando um penálti pela segunda vez neste campeonato. Não foi então, foi pouco depois que o 0x2 surgiu, com Sérgio Oliveira a bater um livre e Iván Marcano a marcar o seu 20º golo de dragão ao peito.
Corona saiu do jogo invulgarmente cedo (problemas físicos?), Manafá e Marega também foram substituídos. Ukra, Crysan e Diogo Salomão não conseguiram dar outra sorte a um Santa Clara que recentemente venceu quatro vezes seguidas mas agora perdeu pela segunda vez consecutiva, uma pequena série que não afeta a tranquilidade que se vive nos Açores. Já para o FC Porto, melhor ou pior, foi mesmo mais um dia de novo xeque ao rei no campeonato.
Dois passes decisivos do médio portista, com grande contribuição para o triunfo da equipa azul-e-branca. Não é o médio mais intenso do mundo, mas em pequenos detalhes mostra que sabe fazer a diferença.
Soares e Marega, na teoria os principais responsáveis pelo golo neste onze, estiveram longe de ser ameaças. Nenhum deles acertou na baliza, o brasileiro não fez mais do que cabecear por cima. Tiveram que ser os defesas a dar um pouco de poder de fogo.