Não desiludiu o dérbi do Minho. O ambiente estava bom, as equipas lutaram, mas apenas uma teve arte. Essa equipa foi o Braga que saiu de Guimarães com uma clara e motivadora vitória por 0x2 para a Liga, respondendo assim à pressão que tinha chegado à equipa depois do empate contra o Famalicão.
António Salvador tinha pedido mais Braga e a equipa (e o treinador) mostraram isso mesmo. Já Ivo Vieira terá poucas explicações para a falta da inspiração da sua equipa, sendo que este foi o jogo onde mais se notou as muitas ausências, especialmente no meio-campo.
Essa boa entrada resultou em duas grandes oportunidades. Numa delas brilhou Douglas, negando o 0x1 a Ricardo Horta quando já se festejava no banco visitante. Esses momentos de perigo despertaram o Vitória para o jogo e a equipa da casa passou a ter mais bola, ainda que tivesse um problema muito complicado para resolver.
Esse problema prendia-se com a dupla no meio-campo composta por Poha e Al Musrati. Os dois apareceram na partida completamente «perdidos» e o Braga percebeu cedo isso. A pressão sobre essa falta de capacidade de construção era imediata, com os arsenalistas a estarem confortáveis com as saídas rápidas de um trio atacante que é dos melhores no nosso campeonato.
Foi com uma dessas saídas que que o Braga chegou ao 0x1. Muito bem Paulinho a começar o lance de calcanhar e a finalizar depois após um cruzamento rasteiro de Esgaio. Uma vantagem conquistada na melhor fase do adversário e um festejo efusivo de uma equipa e treinador que sabiam que esta partida podia ser decisiva.
O golo afetou muito o Vitória e isso sentiu-se até na segunda parte. A equipa da casa tinha mais bola, mas tinha muitas dificuldades em construir sem ser em lances individuais pelos flancos, sem grande decisão no seu final.
Por seu lado, o Braga percebia que a melhor forma de estar no jogo era dando o jogo ao rival e saindo nas transições rápidas por Galeno, sendo que foi mesmo assim que chegou o 2x0. Uma abordagem dos jogadores vitorianos numa saída para o ataque, uma recuperação alta e um forte remate de Galeno que furou as mãos de Douglas.
Até ao final viu-se isso mesmo. Um Braga tranquilo na sua postura defensiva, explorando a velocidade no ataque para manter em sentido o Vitória.
Não tinha sido assumido, mas todos percebemos que uma derrota no dérbi seria o fim da linha para Ricardo Sá Pinto. Foi uma resposta de guerreiro e de guerreiros. O Vitória acabou por ficar muito longe do que se viu contra o Arsenal e do título de «a equipa que melhor joga em Portugal».
Paulinho ao meio, Galeno pela direita e Ricardo Hora pela esquerda formam um dos melhores ataques da Liga NOS. No dérbi viu-se exatamente isso e sorte é a do treinador que tem este tipo de tridente na frente.
Al Musrati e Poha foram as exibições mais fracas no relvado e muitos dos problemas da equipa de Ivo Vieira vieram pela postura dos dois jogadores. Muitas vezes mal posicionados e muito fracos na construção.