Falou-se muito, criticou-se muito e o Rio Ave x Vitória SC surgiu com algumas semanas de atraso devido a problemas na bancada nascente do Estádio dos Arcos. Os adeptos vitorianos não puderam comparecer em massa - 500 marcaram presença e ficaram divididos nas extremidades da única bancada disponível -, mas o horário convidativo e o tempo fizeram questão de abrilhantar um espetáculo envolvido em alguma polémica. Vilacondenses e vimaranenses (o triunfo teima em não aparecer) não foram além de um empate a uma bola, mesmo com a expulsão de Borevkovic que desfalcou a turma da casa durante largos minutos.
O número anormal e até bizarro de ausências levou Ivo Vieira a procurar algo novo. O sistema de três defesas foi posto em prática e as adaptações apareceram com certa naturalidade. Rafa Soares alinhou como extremo esquerdo, João Carlos Teixeira começou no lado oposto; Pêpê e André Almeida assumiram o controlo do miolo - ambos intratáveis no que à disponibilidade física diz respeito - e, por fim, Venâncio, na secção mais recuada, alternou funções de central e médio defensivo consoante os diferentes momentos do jogo.
O pontapé de saída deu-se e, numa rápida troca de bola, André Pereira surgiu em boa posição para atirar por cima. Poucos minutos depois, Matheus Reis atirou com estrondo na barra de Douglas e logo com o pior pé. Ligeiros centímetros que impediram um claro candidato a golo do ano.
Ora, de forma natural, a pujança inicial foi-se perdendo. O ritmo baixou consideravelmente e a taticamente as duas formações mostravam-se irrepreensíveis. Os flancos vitorianos funcionavam como um relógio suíço - as movimentações interiores de João Carlos Teixeira e Rafa Soares abriam espaço aos alas -, mas, quanto a ocasiões flagrantes, a turma de Carlos Carvalhal conseguiu estar por cima.
Timing perfeito para ferir o adversário, pensaram os adeptos rioavistas. O problema é que, mesmo com este forcing final, os homens de Ivo Vieira não baixaram os braços mesmo com tantas contrariedades. Flanco esquerdo ganhou vida uma vez mais e construiu uma jogada que André Almeida finalizou na perfeição.
57 minutos, expulsão de Borevkovic por entrada duríssima sobre Rafa Soares. Aqui esteve o clímax de um encontro que prometera pender para qualquer um dos lados e que ganhou, no imediato, tons brancos e pretos.
Perto dos 80 minutos, João Pedro entrou no all-in vimaranense, enquanto Carlos Carvalhal procurava a melhor forma de deixar o barco seguro em águas perigosíssimas. E Kieszek chegou-se à frente para segurar o empate final.