Silêncio vindo da bancada, silêncio no futebol durante boa parte do jogo. Falamos no Sporting, que somou três pontos e três golos em Santa Maria da Feira mas deveu-o quase em exclusivo a um homem: Bruno Fernandes. Outra vez ele, agora a salvar uma equipa tão, tão longe do que pode vir a fazer e a penalizar um Feirense que não se quis deixar vergar mas teve de se contentar com uma acrobacia lá para o fim do jogo.
O encontro em Santa Maria da Feira, de resto, teve uma grande nota de destaque: o protesto da claque afeta ao Sporting, que exibiu uma tarja e deixou a bancada que lhe era destinada, deixou os leões com apoio diminuto e um silêncio ensurdecedor vindo daquela zona do Marcolino Castro.
“Respeitem os Ultras”, pede a claque do Sporting, que tem ainda tarjas ao contrário e está silenciosa nestes minutos iniciais em Santa Maria da Feira.
— zerozero (@zerozeropt) 10 de fevereiro de 2019
No exterior do estádio, cerca de uma dezena de adeptos leoninos protestaram contra Frederico Varandas, exibindo lençóis brancos. pic.twitter.com/enkE7NwdzS
Uma equipa a dominar, a outra a marcar contra a corrente perto do intervalo. De certeza que adivinha qual é qual? Pois é, o último classificado da Liga, a atravessar um momento crítico, impôs-se frente a um grande do futebol português, fez muito mais pela vantagem no primeiro tempo e foi muito - demasiado - penalizado ao cair do primeiro pano.
Sem alma. Sem fio de jogo. Não tivesse a equipa do Sporting mais talento individual do que os homens da casa e o marcador não estaria nos 0x0 até aos 44', como esteve. O ascendente da equipa de Filipe Martins, que se estreou no banco do Feirense, sentia-se desde cedo, embora se sentissem também as dificuldades de construção dos fogaceiros que já vêm de trás, da liderança anterior.
Sentindo que tinha aqui uma oportunidade inesperada de surpreender o país, o Feirense procurava o golo como podia e como sabia: com João Silva a tentar o remate à entrada da área, com um ressalto de Tiago Silva a ficar muito perto de trair Renan, com Marco Soares a colocar a bola no fundo das redes com... a retaguarda. O árbitro, porém, viu no lance infração do cabo-verdiano e manteve o nulo, para desespero dos efusivos adeptos fogaceiros.
Numa das poucas reais jogadas de ataque do Sporting no primeiro tempo, Bas Dost lá obrigou André Moreira a aplicar-se, antes de Renan, na baliza oposta, fazer o mesmo. E foi muito contra a corrente do jogo que os leões saltaram para a frente do marcador perto do intervalo, com Borja a cruzar bem - mostrou qualidade nesta vertente do jogo - e um infeliz Briseño a colocar na própria baliza perante a intervenção de Wendel.
Sim, dois homens interromperam o marasmo de ideias em que o jogo ameaçava tornar-se: aquele que ocupa lugar de destaque nesta crónica, claro, mas também o autor de um momento brilhante lá para o fim, Stivan Petkov. Já lá vamos.
Nos leões, quem mais se havia de destacar se não Bruno Fernandes? Já trazia dois golos dos dois encontros com o Benfica, desta vez foram dois de uma vez. Com um bom cruzamento de Diaby, o médio leonino apareceu a cabecear para um 0x2 que trazia uma tranquilidade que poucos esperariam na primeira parte. Mais tarde, já aos 69', aquela arma não-tão-secreta do número 8: os livres diretos. Com uma execução exímia, juntou à longa coleção mais um golo para recordar.
Aos fogaceiros valeria como prémio de consolação o momento de classe de Stivan Petkov, lançado no segundo tempo e autor de uma acrobacia aos 76' sem hipóteses para Renan.
Foi sem grande brilho além daquele que Bruno Fernandes dá por si só, mas o Sporting somou o terceiro triunfo sobre o Feirense num curto espaço de tempo, mantém-se a sete pontos do Braga e a oito do Benfica e reduziu a distância para o líder FC Porto.