Um campeão de inverno alérgico a chuva

O campeão de inverno encontrou um dia de chuva e voltou a escorregar fora de casa. No Bonfim houve empate (1x1) entre Vitória de Setúbal e Sporting, num jogo em que os sadinos perceberam melhor as circunstâncias do jogo, marcaram primeiro e acabaram por cair na segunda parte, quando o Sporting já estava com menos um por expulsão de Ristovski. Valeu o calcanhar de Bas Dost a resgatar um ponto para a equipa de Marcel Keizer, que pode ficar a 13 pontos da liderança.

Sadinos aproveitaram a maré

O título de campeão de inverno não foi suficiente para preparar o Sporting para o dilúvio que viria encontrar em Setúbal. No Bonfim, um Vitória em processo de mudança, com Sandro ao comando e com ausências importantes por castigo, teve ventos favoráveis e soube sempre remar contra a maré diante de um Sporting lento de processos e com dificuldades de adaptação. Cansaço? Até pode ser, mas não era só isso.

Num leão que vinha de visitas pouco conseguidas a Tondela e Guimarães e que se prepara para receber o Benfica, Keizer fez algumas mudanças, mas não mudou no mais importante, a forma de jogar. De forma previsível e algo lenta, o Sporting cometeu os erros que têm sido habituais nos últimos encontros e a desinspiração de Bas Dost dificultou a tarefa de uma equipa que, mesmo com a conquista recente de um troféu, parecia em crise de confiança. 

Jefferson colocou duas bolas de golo na cabeça de Bas Dost, mas o desperdício do holandês acabou por ser determinante. A equipa sadina foi coesa no setor defensivo e depois de algumas dificuldades nos primeiros instantes acabou por lidar bem com os imensos e previsíveis cruzamentos da equipa leonina. Na frente, os setubalenses tinham potência, velocidade e capacidade de finalização. Petrovic que o diga.

Num lance de contra-ataque conduzido de forma exímia por Rúben Micael, Cadiz teve espaço, embalou, fintou e rematou para o 1x0. O venezuelano deixou-se ir com a maré, Petrovic acabou com a cara na areia. Numa noite de bandeira vermelha, os sadinos enfrentaram o mar com coragem, enquanto o Sporting mostrou sempre a mesma cara e ficou à espera de um pedaço de coragem e de risco que não fosse baseado em cruzamento. Wendel e Bruno Fernandes foram os únicos a colocarem o pé na água, mas o leão não estava mesmo com vontade de molhar o pelo. Cabia a Keizer apelar à coragem da sua equipa para enfrentar a maré e um bando de marinheiros sadinos habituados a este tipo de pescarias.

Leão molhou o pé, mas não houve mergulho 

Vontade. Terá sido essa a expressão mais utilizada por Marcel Keizer ao intervalo e é verdade que os leões entraram com mais vontade, um deles com vontade a mais. Num lance confuso, Ristovski terá dito algo ao árbitro da partida, que não hesitou em mostrar o vermelho ao macedónio. Se o encontro já não estava fácil para a equipa leonina, ficaria ainda mais difícil. 

O tempo acalmou, mas a equipa de Keizer nunca parou para pensar. Com coração e sem cabeça, os leões perderam demasiado tempo a contestar as decisões do árbitro e não tiveram discernimento para atacar a baliza de Cristiano, que ia encontrando no vento e na chuva os principais adversários desta noite.

Nani começou partida no banco ©Carlos Alberto Costa

O mau tempo acabou por arrefecer em demasia a defesa sadina e o seu guarda-redes, que numa saída mal medida acabou por permitir o golo leonino. Quando nada fazia prever, Bruno Fernandes encontrou espaço para rematar à entrada da área e Bas Dost fez um desvio subtil de calcanhar que igualou a partida. Mesmo com menos um e sem o tal discernimento, o coração do leão ia batendo com mais intensidade e depois de sentir a temperatura da água, o Sporting sonhava com o mergulho da reviravolta.

Só deu leão nos últimos minutos, Bruno Fernandes ameaçou, mas o Vitória foi quem esteve mais perto de dar o mergulho da vitória. Nani falhou a recuperação e valeu Renan para evitar o golo de Berto. Pelo terceiro jogo consecutivo fora de casa, os leões perdem pontos, podem ficar ainda mais distantes da liderança... e domingo há dérbi!