À quarta jornada, o primeiro deslize de um líder. Ou melhor, de dois. Perdeu pontos o tetracampeão em Vila do Conde, sim, mas face à qualidade e ambição exibida pelo adversário da noite, o também líder Rio Ave, o empate a uma bola acabou por ser um mal menor. Guedes, a meias com Lisandro López, ofereceu à equipa da casa uma vantagem merecida mas um penálti de Jonas pouco depois ditou o desfecho final.
Entrou muito bem a equipa da casa e assustou os tetracampeões, que não conseguiram reagir até ao intervalo. Francisco Geraldes foi o primeiro a tentar a sorte, num remate de classe a tentar o chapéu e a obrigar Bruno Varela a uma defesa em grande esforço. Estava dado o primeiro de vários avisos vila-condenses.
Aquilo que o Benfica tantas vezes tão bem faz, a circulação da bola e progressão no terreno com futebol apoiado, não saía. Pela frente estava um meio-campo rioavista talentoso e empenhado, com Pelé (sobretudo ele) e Tarantini a travarem as tentativas de incursão benfiquistas e Francisco Geraldes a tentar desequilibrar, com o apoio eficaz de Rúben Ribeiro e Barreto nas alas. O último procurava explorar as fraquezas de Eliseu, bem patentes neste encontro.
O sinal mais para a equipa da casa manteve-se durante todo o primeiro tempo e houve mais ocasiões para a formação rioavista abrir o marcador. Guedes tentou de muito longe, sem sucesso, e de muito perto, num incrível falhanço em frente à baliza de Varela. Pelo meio houve erros do guarda-redes Cássio na reposição de bolas que deram ao Rio Ave os únicos calafrios do primeiro tempo, mas a ofensiva benfiquista, e Seferovic em particular, não conseguiram aproveitar.
O nulo ao intervalo era penalizador para o Rio Ave e lisonjeiro para os encarnados, a quem se pedia muito mais na segunda parte. E mais (embora não muito mais) foi o que os comandados de Rui Vitória trouxeram no regresso ao relvado. A entrada em jogo foi bastante melhor do que uma hora antes, os ataques mais ponderados e a bola a rodear, por fim, a grande área vila-condense. Cervi aproximou-se do golo, depois de um cruzamento rasteiro de Rafa, mas o remate do argentino, de costas para a baliza, não acertou no alvo.
Foi a partir da hora de jogo que vieram os golos: um para cada lado, com a equipa da casa a ser a primeira a festejar, num golo a meias entre Guedes e Lisandro López. Bruno Teles cruzou na esquerda para Guedes desviar, Bruno Varela defendeu contra Lisandro e viu a bola entrar mesmo na baliza encarnada. O Rio Ave mostrava assim que o domínio do primeiro tempo não era por acaso e apresentava toda a legitimidade para sonhar com os três pontos.
Só que apenas seis minutos depois dos festejos rioavistas veio o ligeiro alívio para os encarnados e a marca profundamente negativa no encontro de Marcão, que até então demonstrava sinais claramente positivos no eixo defensivo. O central do Rio Ave puxou Jonas de forma absurda na grande área, num lance em que o brasileiro nem conseguiria chegar à bola, e viu Hugo Miguel apontar para a marca de grande penalidade. Jonas não desperdiçou.
Tudo aquecia mais ainda. O ambiente nas bancadas aquecia e o jogo no relvado também, com ambas as equipas a tentarem transformar os seus argumentos num triunfo. Cássio redimiu-se da intranquilidade transmitida até então com duas grandes defesas e Nuno Santos fez a bola passar a centímetros da baliza de Bruno Varela, dando novos calafrios aos muitos adeptos visitantes.
Não se voltou a desbloquear o empate, apesar da entrada em campo de Raúl Jiménez, herói dos últimos dois encontros do Benfica nos Arcos. E o Rio Ave terá saído do encontro com um misto de sensações: se travar o tetracampeão tem de ser considerado positivo, terá também ficado a sensação de que até era possível algo mais. Para o Benfica podia ter sido bem pior: o primeiro deslize no campeonato, sim, mas também um ponto arrancado a ferros frente a uma equipa que mostrou que não vinha de três vitórias por acaso.