Apesar dos maus anos que o Sporting tem atravessado, nomeadamente no que diz respeito às contas do campeonato, a classificação das duas equipas que se encontraram em Alvalade não é nada habitual aos olhos dos adeptos do futebol.
Um triste leão no 11º lugar com apenas 12 pontos em igual número de jornadas, contra uns super-castores que nunca tinham virado o ano civil na quarta posição, com mais sete pontos que os verdes e brancos, podiam fazer crer que as classificações estavam trocadas, tendo em conta os objetivos de cada uma das equipas.
Mas a verdade é que as respetivas posições no campeonato não são frutos do acaso. O mérito dos adversários que lhe ganham, mas também o demérito e, em parte, algum azar dos jogadores fazem com que o Sporting pareça estar num beco sem saída à espera que a época termine rapidamente porque já só a luta pela Europa interessa e isso é muito pouco para um clube de tamanha história e tradição.
Por sua vez, o Paços de Ferreira tem apenas a ambição de lutar pela permanência mas, a continuar assim, arrisca-se a lutar pela Europa, o tal objetivo que o Sporting está obrigado a conseguir e que foi tornado uma prioridade por Godinho Lopes na última aparição pública que teve em 2012.
Jeffrén esteve na origem da melhor situação de golo do Sporting no jogo ©Carlos Alberto Costa
E o Paços, muito bem comandado por Paulo Fonseca, técnico estreante no primeiro escalão, arrisca-se a ter ambições maiores porque demonstra ser uma equipa com os pés no chão, conscientes de que nem sempre os melhores ganham. Vamos, então, ao jogo de Alvalade.
Paulo Fonseca tinha dito na antevisão do jogo que o Sporting era favorito e que isso nem sequer estava em causa. Tinha razão. Mas o treinador do Paços de Ferreira também sabia que ia encontrar um adversário intranquilo e que ia demonstrar uma procura incessante pelo golo, pelo menos nos minutos iniciais.
Foi isso que aconteceu. O Sporting começou melhor e desde logo tentou aproximar-se da baliza defendida por Cássio. Wolfswinkel começou por obrigar o guarda-redes a aplicar-se, seguindo-se a aparição dos alas, Diego Capel e Jeffrén, em jogo. Os dois estiveram em bom plano ao longo da primeira metade do primeiro tempo e conseguiram bons cruzamentos para a área, onde faltou a presença de outro companheiro para rematar à baliza.
Na ausência desse tal companheiro que deveria ser Ricky van Wolfswinkel, os dois tentaram chegar ao golo. E é aqui que entra o tal azar que às vezes assombra os jogadores do Sporting. Aos 33 minutos, Jeffrén ganhou o duelo com Antunes na direita e cruzou para o segundo poste, onde apareceu Diego Capel a cabecear ao ferro.
O Sporting parecia estar melhor, com mais posse de bola, mas notoriamente intranquilo. Por seu turno, o Paços de Ferreira conseguiu aguentar o ímpeto inicial dos leões e procurou equilibrar o jogo sempre pela certa, de modo a não cometer qualquer deslize que pudesse comprometer a estratégia adotada.
Paços deixa Alvalade com três pontos e a apenas um ponto do terceiro lugar ©Carlos Alberto Costa
Josué foi um senhor no meio-campo pacense e foi fundamental no modo como os pacenses chegaram ao golo mesmo a terminar a primeira parte. Numa disputa com Marcos Rojo, o jogador dos castores ficou com a bola na sua posse, galgou metros com ela e, fruto de uma excelente visão de jogo, executou um passe em desmarcação para Paolo Hurtado, que, perante a saída de Rui Patrício, inaugurou o marcador.
Na segunda parte era o Sporting quem tinha que correr atrás do resultado mas ocasiões de golo nem vê-las. Quer dizer, viu-se apenas aos 72 minutos e foi na baliza defendida por...Rui Patrício, que defendeu um forte remate de Josué.
Perante tamanha falta de criatividade do Sporting para criar ocasiões, o Paços de Ferreira nem precisou de ter a bola na sua posse para segurar a vitória. Bastou a tranquilidade e o jogo rigoroso que fez desde o primeiro minuto.
Há dois anos, derrota com Paços originou demissão de Bettencourt
Chegada a sexta derrota no campeonato, a décima da época em 24 jogos, o Sporting está perigosamente apenas um ponto acima da zona de despromoção à 13ª jornada. O Paços de Ferreira, por sua vez, mantém o quarto lugar e está, embora à condição, a apenas um ponto do SC Braga.
Mais, há dois anos e 11 dias, curiosamente após uma derrota em Alvalade frente ao Paços de Ferreira, José Eduardo Bettencourt, presidente de então, pediu a demissão. Hoje, os adeptos exigiram isso a Godinho Lopes. Falta saber o que faz o presidente do Sporting, com a equipa fora da luta pelo título, com apenas um ponto a separá-la da dos lugares de descida, fora da Taça de Portugal, da Taça da Liga e da Liga Europa.
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