Avenida dos Campos Elísios, Paris.
Limitada pela magnificência do Arco do Triunfo e a Place de la Concorde, apresenta-se aos olhos de quem a percorre – seja pela primeira vez ou pela enésima – como um dos ícones de Paris. Eu chegava do norte, de Montmartre, e avistei-a de baixo, de olhar humilde perante a calçada que deu nome e vida a músicas e a filmes, dos Beatles a Joe Dassin; era ali que queria sentir o «pulso» ao novo Paris Saint-Germain.
De sonhos altivos, não há em Paris espaço mais grandioso para edificar a maior loja do clube da capital. Fica à esquerda de quem sobe a Avenida e faz questão de exibir a quem a olha os rostos da "Nouvelle Vague": Zlatan Ibrahimovic, Thiago Silva e Javier Pastore, em tamanho XXL para que não escape nem ao mais distraído. No calor do seu interior, a primeira constatação – mais ou menos óbvia: Ibra é um sucesso de vendas!
Tinha encontrado os meus dois interlocutores. Com a noite a cair, Paris acendia vagarosamente as luzes que a imortalizam; o Arco do Triunfo começava a brilhar e eu quis saber o que pensam da nova vaga no seu clube do coração: «É uma boa coisa para o Paris SG mas sobretudo para o sucesso do futebol francês. Esta nova realidade torna o nosso campeonato mais interessante a nível internacional, quer aos olhos da comunicação social, quer dos adeptos. Por isso não tenho dúvidas que as pessoas estão muito satisfeitas com o investimento que está a ser feito no clube», revela Petit.
Mais comedido nas palavras, Yakub sabe que o dinheiro não compra tudo: «Penso que é uma boa coisa, mas também penso que não é fácil encontrar um bom espírito de equipa com este modelo de gestão.»
Elogios para o FC Porto
O convite a uma retrospetiva do embate com o FC Porto no Dragão provou que existe respeito e admiração pelo campeão português: «Não jogámos bem mas o equilíbrio do FC Porto é muito bom. Contratam jogadores de fora da Europa e conseguem fazer boas equipas. É uma política diferente do Paris SG, mas têm uma equipa muito boa. Não vai ser fácil aqui em Paris, mas acredito que vamos ganhar», conta Yakub.
«O FC Porto, não sendo uma equipa muito mediática na Europa, tem uma estrutura que se mantém ao longo do tempo. Portanto, perder por 1x0 em Portugal penso que não tenha sido um mau resultado. Mas estou curioso para ver o que se vai passar aqui em Paris…» finaliza, por sua vez, Martin Petit. “Merci”, e todos seguem os seus caminhos pelas ruas de Paris já plenamente iluminadas pelos charmosos candeeiros de rua.
Françoise Simon tem 68 anos, portanto mais 26 que o próprio Paris Saint-Germain. Mas também nesta relação de amor a diferença de idades pouco importa. «Foi fácil. Gosto de futebol e este passou a ser o clube da minha cidade. Só podia ser assim», explica o senhor Simon, em francês, sentado num café para lá da zona do Bois de Bolougne.
Com passado completo nas bancadas do Parque dos Príncipes para o poder atestar convictamente, Françoise Simon não pestaneja quando lhe pergunto quem foi o melhor jogador que já viu de azul, vermelho e branco: «O Ibra, claro! Você já o viu jogar?» pergunta-me. Perante a minha resposta afirmativa, solta um sorriso. Não é preciso dizer mais nada; ou melhor, é: «Ao contrário daquilo que se diz sobre ele, não é um rapaz nada antipático. Há uns dias passou por mim e não teve problemas em me cumprimentar», acrescenta em defesa do internacional sueco, figura central da Nouvelle Vague.
Quando “história” se escreve no futuro
A última paragem no roteiro parisiense contemplou uma vista sobre o relvado do Parque dos Príncipes, a casa do Paris SG desde 1974 e que herdou o nome do bosque que lhe antecedeu nos séculos XVI e XVII. E lá estava, bem grande, o novo lema sobre as bancadas: “Sonha mais alto”. Em trânsito para o relvado, a sala de troféus deixa bem evidente a juventude de um clube ainda em busca de afirmação; é modesta e despida, porque até hoje o PSG teve apenas uma «Era de Ouro», nos anos 90, que contemplou um campeonato, três Taças de França e uma Taça das Taças entre os mais valiosos troféus apresentados.
Não admira, por isso, o desabafo de um dos funcionários que mostrava as modestas vitrines: «Esperamos que agora se inicie uma era ainda mais dourada no PSG.» Em Paris, a história no futebol escreve-se no futuro...