Tal como a qualidade das equipas e dos jogadores de Benfica e de SC Braga merece, o Estádio da Luz encheu-se de clima de festa para ver o jogo grande da primeira jornada da Liga Zon Sagres.
Num encontro entre um candidato ao título assumido, o Benfica, e um candidato que se quer assumir (pelo que fez na Luz tem todas as condições para isso), o SC Braga, o empate a duas bolas foi o resultado verificado no final dos 90 minutos de um jogo de emoções fortes.
Salvio, de regresso à Luz, inaugurou o marcador mas Melgarejo, com o autogolo e um erro grave pouco depois de ter colocado a bola dentro da baliza, contribuiu para a reviravolta no marcador por parte do SC Braga. No entanto, Cardozo, de grande penalidade, restabeleceu a igualdade após um corte de Custódio com a mão dentro da área, embora tenha sido Douglão, de forma injusta, a ver o amarelo e a ser expulso.
Apesar de jogar com mais um, o Benfica não conseguiu desfazer o empate e continua, assim, a maldição de Jorge Jesus na primeira jornada do campeonato ao serviço dos encarnados. Quarta época ao serviço das águias e nunca venceu na ronda inaugural. Por seu lado, José Peseiro regressou em bom plano ao comando de uma equipa portuguesa, pois o resultado é do agrado dos bracarenses.
SC Braga entra sem medo mas é o Benfica quem termina melhor
A primeira parte do jogo na Luz é composta por duas etapas distintas: uma em que o SC Braga não teve medo de impor o seu jogo e aproveitou algumas desconcentrações e deslizes do Benfica e outra na qual os encarnados reagiram e se tornaram mais perigosos, criando boas ocasiões para marcar.
Marcado pelo equilíbrio, o primeiro tempo registou a primeira ocasião de golo aos oito minutos, altura em que Lima obrigou Artur Moraes a aplicar-se e a defender um remate perigoso. Nesta altura, a equipa de José Peseiro estava melhor no jogo. Serena, a jogar sem medo, com as linhas unidas e com um futebol marcado pelo passe curto, os bracarenses chegaram controlar o jogo.
Salvio regressou à Luz com um golo ©Carlos Alberto Costa
O Benfica, pelo contrário, falhava no capítulo do passe e com isso oferecia a posse de bola ao adversário. No entanto, aos 15 minutos, deu o primeiro sinal de querer mudar as coisas, com Witsel a rematar para defesa segura de Beto após um canto cobrado por Bruno César.
O remate do médio belga foi o mote para as águias aparecerem no jogo. Pouco depois, Salvio, após um ataque bem conduzido por Rodrigo, voltou a colocar Beto à prova mas a jogada mais bonita dos primeiros 45 minutos surgiu aos 27'.
Num belo lance estudado dos encarnados, Cardozo simulou marcar um livre direto à baliza do SC Braga, mas assistiu Maxi Pereira na direita, apanhando a defesa arsenalista, esta noite a jogar de verde, desprevenida. O uruguaio entrou na área livre de marcação e aos comandados de Peseiro valeu Custódio, o melhor em campo dos minhotos na primeira parte, a cortar para canto.
Sem dúvida que o Benfica estava melhor. Com o SC Braga «preso» no seu meio-campo, apenas os deslizes da defesa, nomeadamente de Artur e Luisão, faziam com que os forasteiros conseguissem chegar perto da baliza do guarda-redes brasileiro. Ainda assim, a verdade é que o último lance de perigo da primeira parte voltou a ser a favor dos vice-campeões nacionais, com Bruno César a aparecer na esquerda e a rematar cruzado ao lado.
No derradeiro lance do primeiro tempo, Artur Soares Dias perdoou o segundo cartão amarelo a Alan, num lance em que o capitão do SC Braga entrou fora de tempo sobre Bruno César e cuja intervenção justificava a amostragem do segundo amarelo e consequente vermelho.
Segunda parte de emoções fortes resulta em empate a dois golos
Foi como mudar da água para o vinho a segunda parte do Benfica x SC Braga. Golos, expulsões e um erro crasso de arbitragem que colocou o SC Braga injustamente a jogar com menos um durante mais de 15 minutos.
Contudo, antes dos remates certeiros, foi o SC Braga quem esteve mais perto de inaugurar o marcador aos 48 minutos, com Mossoró, após ganhar velocidade no corredor esquerdo, a entrar na área e a permitir a defesa de Artur Moraes.
Não marcou o SC Braga na ocasião de que dispôs, aproveitou o Benfica para se colocar em vantagem no minuto a seguir. Salvio, que está de regresso ao Benfica após um ano no Atlético de Madrid, apontou o primeiro tento dos encarnados na Liga, lançando a primeira explosão de alegria nas bancadas da Luz.
Mossoró ainda colocou o SC Braga em vantagem mas jogo terminou empatado ©Carlos Alberto Costa
Mas foi de curta duração a festa dos benfiquistas. Isto porque Melgarejo, apenas cinco minutos depois do golo de Salvio, mediu mal a sua localização na área e na tentativa de atirar para canto um cruzamento de Ismaily, acabou por bater Artur e restabelecer a igualdade.
Mas enganou-se quem achou que ficaria por aqui o rol de erros de Melgarejo. O paraguaio voltou a ser protagonista pela negativa aos 63 minutos e contribuiu ativamente para a reviravolta no marcador. Com o lance controlado dentro da área, o lateral improvisado por Jorge Jesus optou por não deixar a bola sair e despachou-a de qualquer maneira para fora da área. O esférico foi parar aos pés de Alan, que assistiu Mossoró para o segundo golo do SC Braga, com o número 8 bracarense, completamente livre de marcação, a ter tempo para driblar Artur e colocar a bola no fundo da baliza.
Num jogo aberto e com futebol de ataque por parte das duas formações, a vantagem dos nortenhos durou dez minutos. Aos 73 minutos, Custódio cortou a bola com a mão dentro da área e Artur Soares Dias não hesitou em marcar grande penalidade. No entanto, o árbitro enganou-se no jogador faltoso e errou ao dar o cartão amarelo a Douglão, o segundo do brasileiro, que assim foi expulso injustamente.
Alheio ao lapso da equipa de arbitragem, apesar da falta bem assinalada, Óscar Cardozo, na marcação do penálti, restabeleceu o empate, sendo que Beto ainda conseguiu tocar na bola, embora não a tenha impedido de entrar dentro da baliza.
Até ao final, foi o Benfica quem apertou o cerco ao SC Braga mas os minhotos não cederam e deixaram a Luz com um ponto na bagagem. O resultado serve, obviamente, bem mais os interesses dos minhotos do que os dos encarnados.