Um jogo, um empate 1x1, uma parte para cada equipa, cada uma ao seu estilo, valeu à Croácia o quarto ponto no Euro 2012. A Itália, com dois, tem a «sorte» de ver Espanha e Croácia defrontarem-se na última jornada.
Itália ao mais clássico estilo transalpino
Não há que escondê-lo. Esta Itália apresenta o ADN de um legado secular, desde os primórdios do futebol na «bota» do Mediterrâneo. É matreira, calculista e fria. Permite que os outros - hoje foi a Croácia - exibam os dotes técnicos, qual vaidade, para depois «matar» o jogo em atos pensados, medidos e estudados. Quase foi assim, esta tarde.
Aquele golo de Andrea Pirlo, aos 39 minutos, é a prova viva da cultura futebolística italiana. De regresso a um 3x5x2 que se julgava esquecido no baú das memórias, a equipa de Cesare Prandelli foi cedendo o campo aos artistas croatas, mas no fim, ao olhar-se para a ficha das oportunidades, vê-se um imenso mar azzurro.
Antes do livre do maestro da Juventus, que quase valia aquela vitória tão tradicional por 1x0, a Itália já tinha perfumado com odor a golo a partida de Poznan. É aqui que entra o enfant terrible do novo calcio, Mario Balotelli. Mais «vivo» do que frente à Espanha, o avançado começou por dominar, rodar e rematar com perigo aos três minutos.
Com a falsa ilusão de um jogo dividido, a Itália voltava a cercar-se da área de Pletikosa aos 11 minutos, num remate-bomba de Marchisio que falhou por poucos centímetros o cálculo do golo. Depois voltou Balotelli, a disparar à figura de Pletikosa. Passariam 15 minutos com a Itália refastelada no jogo da espera, vigiliante do jogo croata que vivia de Modric e Srna.
E foi do capitão dos eslavos que nasceu a mais perigosa das oportunidades croatas, aos 20 minutos. Um cruzamento venenoso quase chegava a Jelavic, que viu Buffon chegar um segundo mais rápido. Foi tudo o que a Itália permitiu, antes de voltar para «matar.» Cassano, primeiro, e Marchisio depois, com uma dupla ocasião, serviram de aperitivo ao momento de Pirlo.
Minuto 39, o campeoníssimo de 33 anos tira as medidas à baliza de Pletikosa a segundos do livre direto. O remate é perfeito, o esforço do guardião croata é notável, mas há destinos que não se podem mudar. 1x0 para a Itália.
Jogo 'desgarrado' com Mandzukic a tramar a Itália
Mas o Itália x Croácia serviu também para provar uma tendência deste Europeu, marcado quase sempre por uma parte interessante e bem jogada, e outra em que as coisas se arrastam de forma mais dolorosa e menos criteriosa. Foi assim, esta tarde, em Poznan, até aos 72 minutos, altura em que Mandzukic aproveitou um dos escassos erros na metodologia italiana.
O cruzamento ao segundo poste sobrevoou Chiellini e encontrou o avançado do Vfl Wolfsburg, que dominou e atirou para bater Buffon. A bola ainda bateu no poste mas o desvio iria dar ao mesmo destino, o do empate croata. A partir de agora, o ADN transalpino era dilacerado pela pressão da Croácia, que com uma vitória assegurava já os quartos-de-final. Não chegaria, essa vitória, num final emotivo mas, ainda assim, sem grandes ocasiões.
No fim, prevaleceu o empate e a prova do tal ADN italiano. A squadra azzurra é, até hoje, a seleção com mais empates em fases finais de Campeonatos da Europa. A última vez que entrou com duas igualdades na prova foi em 2004, no Euro português. Nas contas finais, a Itália ficaria de fora, no 3º lugar do grupo.
1-1 | ||
Andrea Pirlo 39' | Mario Mandzukic 72' |