73 anos depois a Taça de Portugal está de regresso à cidade dos estudantes. Diz a música que Coimbra tem mais encanto na hora da despedida, mas o mesmo pôde hoje aplicar-se ao Estádio do Jamor, na perspetiva dos adeptos da Académica, logicamente.
Num palco carregado de história e num jogo entre dois clubes históricos, ou não estivesse de um lado o Sporting, que esteve presente na inauguração do Estádio Nacional em 1944 e venceu a primeira final da Taça de Portugal realizada no Jamor em 1946, e do outro a Académica, que foi a primeira equipa a inscrever o nome na lista de vencedores da prova-rainha do futebol português em 1938/1939, foram precisos apenas quatro minutos para encontrar o sucessor do FC Porto.
Na primeira tentativa de chegar perto da baliza defendida por Rui Patrício, a Académica encontrou logo o caminho do golo. Os estudantes, que não pisavam o Jamor há 43 anos, não podiam ter desejado melhor regresso, com a primeira explosão de alegria a surgir na sequência de um cabeceamento certeiro de Marinho, após cruzamento de Diogo Valente.
Desde cedo em vantagem, a Académica optou por se manter uma equipa bem organizada e coesa a defender e atacar apenas pela certa, dando a iniciativa de jogo ao Sporting. Mas a equipa de Ricardo Sá Pinto, essencialmente na primeira parte, esteve bastante apática e longe de dar um «rugido» que impusesse respeito ao adversário e que deixasse clara a mensagem de que queria conquistar a 16ª Taça de Portugal do palmarés.
Resultado disso, a primeira parte é fácil de resumir. O Sporting foi a formação com mais posse de bola, mas não conseguiu materializar esse dado estatístico favorável em ocasiões de golo, pois, a bem da verdade, Ricardo nem sequer foi posto à prova. A Académica, por sua vez, foi eficaz no único lance de perigo que teve e isso justificava o 1x0 que se registava ao intervalo.
Sporting acordou, Académica aguentou e Ricardo defendeu tudo
O lance do golo da Académica foi o único em que realmente a bola rondou com perigo alguma das balizas, mas a segunda parte foi bem distinta, com ambas as equipas a terem oportunidades para sair do Jamor com um resultado diferente.
Logo a abrir, Edinho teve duas oportunidades claras para ampliar o resultado a favor da Académica. Na primeira, isolado por Adrien, permitiu a defesa a Rui Patrício e na segunda teve muita fraca pontaria, rematando bem torto após uma incursão veloz de Marinho na grande área.
Mas ao contrário do que aconteceu no primeiro tempo, o Sporting reagiu e desta vez mostrou que a equipa de Pedro Emanuel teria que suar bem mais se quisesse sair vencedora do duelo. Diego Capel, após um passe em profundidade, quase conseguiu desviar a bola do alcance de Ricardo, mas o guarda-redes da Académica, com serenidade, resolveu a questão.
Pouco depois foi a vez de Onyewu, na sequência de um lance de bola parada, a cabecear a bola perto do poste da baliza da Académica, chegando a dar a sensação de golo aos adeptos do Sporting.
A resposta da Académica também surgiu de bola parada e aos leões valeu Schaars, que de cabeça tirou o segundo golo ao adversário mesmo em cima da linha de baliza e já com Rui Patrício completamente batido.
O jogo estava vivo e Ricky van Wolfswinkel finalmente apareceu no jogo para colocar a defesa contrária em apuros por duas ocasiões consecutivas, valendo em ambas a atenção de Ricardo, que conseguiu defender os remates do holandês, primeiro quando este estava isolado perante si e depois após um cabeceamento ao primeiro poste.
Na reta final da partida, o Sporting, como seria de esperar, começou a apertar mais com a Académica, mas a organização demonstrada pelos estudantes desde o primeiro minuto manteve-se até ao apito final de Paulo Baptista. Antes disso, porém, Schaars, na cobrança de um livre, e Jeffrén ainda proporcionaram duas grandes defesas a Ricardo, guarda-redes que pelo que defendeu na etapa complementar levou os adeptos leoninos ao desespero.
Nas bancadas, à medida que os minutos tornavam o fim mais próximo, a mancha negra composta por centenas de capas de estudantes presentes fez-se notar e foi ao som de cânticos de incentivo à briosa perante o desalento dos leões que a final da Taça de Portugal terminou com a conquista da Académica, que venceu a competição pela segunda vez na sua história.
0-1 | ||
Marinho 4' |