Não constituirá qualquer surpresa para os leitores afirmar que nem só de pais e filhos é feita a árvore genealógica do futebol português. Na atualidade, chamam sobretudo à atenção os casos dos irmãos que entram em campo, a grande maioria com equipamentos diferentes, e por isso o zerozero.pt reuniu num único artigo os craques que partilham o sobrenome na parte de trás da camisola (… ou, vá, apenas no BI).
A verdade é que quase poderíamos deixar a página em branco e esperar que fossem os adeptos, na secção de comentários, a dar conta do assunto. Todos conhecem os manos Martins ou os gémeos Lopes. Os mais atentos sabem identificar os gémeos Aurélio, os manos Rocha ou os irmãos Figueiredo. Podíamos começar a falar dos Fonte, dos Alves, dos Gomes ou até dos Horta. Por mero exemplo. Mas levámos este exercício a sério e por isso aqui destacamos as duplas – e, em alguns casos, triplas, além de um quinteto – que fazem ou fizeram história no futebol nacional.
Podemos começar precisamente pelos Martins, Carlos e João. O mano mais velho, de 32 anos, defende hoje o emblema do Belenenses mas pode contar muito sobre o Sporting, o Campomaiorense, a Académica e o Benfica, pois soma 170 jogos no campeonato e isto só para falarmos do que se passa cá dentro. O irmão mais novo, de 26 anos, também médio, chegou agora à Primeira Liga com o Penafiel e não se tem dado nada mal – já entrou em 23 encontros. Mais curioso é o caso da família Lopes, que tem em Miguel e Nuno, de 28 anos, os expoentes do desporto-rei. Miguel está no Sporting mas já conheceu, também por cá, os cantos às casas de Rio Ave, FC Porto e SC Braga, dividindo por todos 69 partidas na Liga. Nuno, por sua vez, deixou em janeiro o clube vilacondense para se aventurar no estrangeiro (Apollon Limassol), mas entre o verde e branco e o amarelo e negro do Beira-Mar assinou na prova 51 presenças. E mais gira ainda é a situação da família Aurélio, já que João e Luís, também gémeos, estão atualmente a partilhar o balneário do Nacional. João é capitão, figura dos alvinegros e um elemento já mais do que experimentado no principal campeonato – 146 jogos -, ao passo que Luís, chegado do Moreirense, soma onze encontros mas promete muitos mais. No Paços de Ferreira, são os irmãos Rocha quem dá nas vistas, apesar de menos parecidos. O trinco Romeu, de 28 anos, divide entre os castores e o Penafiel, a equipa de estreia na Liga, 25 presenças e o médio Vasco, ex-Aves, leva já 16. Entre a Académica e o Sporting está outra das ligações atuais, com Cristiano e Tobias Figueiredo a fazerem as honras. O guarda-redes de 24 anos leva 22 partidas oficiais na prova maior, o central de 21 começou recentemente a contar para Marco Silva e acrescenta oito. Também com os leões envolvidos e aliados ao mérito das suas escolas, temos a dupla João Mário e Wilson Eduardo. O médio de 22 anos estreou-se à beira Sado e é hoje figura de relevo no plantel principal dos verde e brancos – acumula 37 partidas na Liga -, enquanto o extremo de 24 anos, atualmente no ADO Den Haag, já conta 99 por Beira-Mar, Olhanense, Académica e Sporting. De referir, já agora, que há um outro mano ligado ao esférico, o caçula Hugo Eduardo, jogador de futsal do Belenenses. Rui Fonte, por seu lado, surgiu há pouco tempo como aposta de Jorge Jesus no Benfica e passou entretanto para o Belenenses para ganhar minutos no campeonato. Aos 24 anos está a conseguir juntá-los, de facto, e não esquecendo a sua breve passagem de 2010 pelo Bonfim falamos assim de 19 jogos. O seu mano José, aos 31 anos capitão dos ingleses do Southampton, dividiu 51 por Paços de Ferreira, Vitória de Setúbal e Estrela da Amadora.Similar é o caso dos Horta, já que o jovem André, de 18 anos, desponta no Vitória de Setúbal – cinco partidas -, enquanto o seu mano Ricardo, de 20 anos, ex-sadino e agora no Málaga, contabiliza 34.
E aqui incluímos também a situação dos Ba: Mamadou, guarda-redes do Boavista com dois jogos na Liga, é irmão de Abdoulaye, que está hoje no Rayo Vallecano mas é um ex-FC Porto, V. Guimarães e Académica, pelos quais realizou 42 encontros. O regressado Markus Berger, 30 anos, central ex-Académica e agora reforço do Gil Vicente, junta-se a Hans-Peter Berger, 33 anos, antigo guarda-redes do Leixões nesta listagem: o primeiro soma 77 encontros no campeonato luso, o segundo apenas sete.Já sem atuar na (agora chamada) Liga NOS, há mais uma série de nomes bem conhecidos dos adeptos do futebol português que por afinidades sanguíneas têm o direito de integrar esta peça.
Nabil Ghilas, avançado do FC Porto emprestado ao Córdoba, é outra das figuras aqui chamadas. Aos 24 anos, conta 46 participações no campeonato luso, enquanto o seu antecessor, Kamel Ghilas, médio de 30 anos ex-Vitória de Guimarães, não passou das 29. Maniche e Jorge Ribeiro são, provavelmente, dos casos mais famosos. O antigo médio, aos 37 anos treinador, vestiu por cá as camisolas de Alverca, Benfica, FC Porto e Sporting e realizou 177 jogos no campeonato. O seu mano, de 33 anos, atualmente no Desportivo das Aves, leva 118 encontros na principal liga por Benfica, Varzim, Gil Vicente, o próprio Aves, Boavista e Vitória de Guimarães. Zé Gomes, lateral que em 2013 pendurou as chuteiras, alcançou a simpática marca de 164 partidas na Liga Portuguesa, quase todas ao serviço do Rio Ave, com uma perninha no Marítimo. Talvez tenha sido a inspiração de Vítor Gomes, atualmente no Balikesirspor, para as 109 entre o mesmo Rio Ave e o Moreirense. Parecida é a história dos Gama. O mais velho, Augusto, é treinador-adjunto do Rio Ave, por quem fez boa parte das 206 partidas na Liga - as restantes foram ao serviço do SC Braga. O mais novo, Bruno, estrela do Dnipro, estreou-se precisamente pelos arsenalistas e prosseguiu a carreira ligueira de 129 encontros no FC Porto, Vitória de Setúbal e, claro, o Rio Ave.Carlos e Jorge Andrade trilharam caminhos e sucessos diferentes, mas aqui estão: o médio do Salgueiros alinhou em 27 encontros, o defesa central em 105 com as cores de Estrela da Amadora e FC Porto.
O ativo do Málaga Flávio Ferreira, em 43 ocasiões utilizado no onze da Académica, e Tomané, uma vez lançado pelo Sporting, constituem outro dos pares recentes de irmãos na história lusa.
Miguelito, agora atleta do Chaves, e Sérgio Organista, do Varzim, são mais uma das grandes duplas: o primeiro assinou 220 presenças por Rio Ave, Nacional, Benfica, SC Braga, Marítimo, Belenenses e Vitória de Setúbal; o segundo rubricou sete pela equipa do Restelo.Aqui temos também de falar dos manos Stojkovic: provavelmente todos se lembram do guarda-redes Vladimir, que em 2007 aterrou nas redes do Sporting (nove jogos), mas quem se recorda que o seu irmão mais velho, Vladan, já tinha dado cartas no Leça do final dos anos 90? E chegou aos 91.
Albertino e Nélson tiveram igualmente um clube partilhado ao longo da carreira e são dos mais experientes desta listagem: tanto o defesa do Salgueiros e do Marítimo como o lateral do Salgueiros, Sporting, FC Porto e Vitória de Setúbal ultrapassaram os 200 jogos na Liga Portuguesa - 204 e 202, respetivamente.
Os brasileiros Rubens e Fábio Júnior são outra das duplas em questão: o primeiro por causa das 66 atuações entre FC Porto e Vitória de Guimarães, o segundo à custa das quatro vezes em que vestiu também a malha vimaranense.
Já de Marrocos chegaram ao nosso país Youssef e Hassan Nader: o caçula realizou somente 13 partidas no campeonato luso pelo Farense, mas o mano mais velho, ídolo da equipa algarvia, participou em 219, algumas também pelo Benfica.
Miguel Fidalgo, hoje avançado do União da Madeira, partilha o destaque com o mano João Fidalgo, defesa ex-Nacional. O mais novo guarda no currículo 82 presenças no palco maior do futebol nacional, o mais velho 58.Os uruguaios Luís e Carlos Aguiar são outros que tais. O médio ex-FC Porto, Estrela da Amadora, Académica, SC Braga e Sporting fez 73 jogos no campeonato português, ao passo que o seu irmão mais velho alinhou seis vezes pela briosa.
Situação idêntica viveram os senegaleses N'Doye: o médio Ousmane dividiu 62 participações entre Estoril, Penafiel e Académica, enquanto o avançado Dame se destacou em 25 ocasiões também pelos estudantes.
E naturalmente, não podíamos aqui deixar de falar dos irmãos Vidigal, que não são dois, mas cinco! O mais em voga é o agora ex-treinador do Belenenses, Lito, antigo médio que realizou 130 jogos no nosso campeonato. Seguem-se Luís, o internacional português que rubriou 125 presenças na liga, Beto, com 56 encontros, Toni, com 45, e Jorge, com 11....numa 'tradição' com décadas
Já aqui foram referidos os nomes mais conhecidos dos últimos anos, mas esta é obviamente uma situação curiosa que se repete há décadas. Nomes como Fernando e António Caiado (268/196*), Matateu e Vicente Lucas (291/286*), Jaime e Emídio Graça (303/175*), Carlos e Alexandre Alhinho (337/232*), António e Alberto Bastos Lopes (269/149*), os irmãos António Lima Pereira (224/33*), Frasco e Constantino Vieira (322/62*), António e Mário André (380/57*), Carlos e Pedro Xavier (274/223*) ou Rui e Jorge Neves (318/85*) são mais alguns dos maiores e melhores exemplos de elementos com ligação sanguínea e que vingaram na Primeira Liga Portuguesa.Mas há muitos mais...
Gregório e José Freixo - 396 / 215 jogos na Liga, respetivamente
Custódio, Manuel e António Pinto – 359 / 276 / 143
Domiciano e Amilcar Cavém - 328 / 157
Miguel e Tozé Marques - 325 / 1
Jorge Silva e José Luís - 289 / 282
José Carlos e Mário Tito – 263 / 25
Vítor e Mário Campos – 248 / 177
Wilson e Walter – 245 / 13
Jaime e Hélder das Mercês – 233 / 80
Abel Miglietti e Zeca – 209 / 140
Jorge e Chico Silva – 167 / 49
Silvino e Joaquim Preto – 162 / 30
Fernando, Jorge e João Mendonça – 155 / 24 / 56
Luís e João Vasques – 154 / 15
José Sério e Sério – 146 / 18
José e Alcino Brioso – 145 / 134
Luís Miguel e Carlos Manuel – 145 / 5
Fernando e José Ferreira Pinto - 138 / 135
Paulo Pereira e Paulo Silas – 137 / 45
Penteado e José Penteado – 136 / 40
Trindade e Joaquim Trindade – 121 / 2
Armando e José Ferreira – 112 / 90
José e Jorge Neto – 110 / 13
Yulian e Nicola Spassov – 86 / 65
Nelson Bertollazzi e Paulo Egídio – 145 / 4
Emanuel e Arnaldo – 70 / 18
Nélson e Gil – 65 / 1
Igor e Yuri Fonseca – 53 / 48
Igor e Pedro Pita – 8 / 1
Emmanuel e Kevin Amuneke – 52 / 44
Oscar e Horácio Tellechea – 46 / 18
Octávio e José Miguel – 40 / 38
Rodolfo e Juan Seminário – 39 / 37
Amândio Silva e Alfredo Curtinhal – 37 / 33
Fábio Júnior e Dagil – 36 / 10
Detinho e Bobô – 29 / 6
Zé Tó e Tozé – 26 / 9
Carlos e Acácio Mesquita – 13 / 4
Albino e Lenine da Silva – 10 / 2
Vasco e Rui Varão – 7 / 1
*Toda a análise foi feita através dos números relativos às partidas do principal campeonato nacional.