Quando Sousa Cintra despediu Robson no primeiro lugar

Se, em termos de jogadores, não foram muitos os ingleses que passaram pelo Sporting, o currículo do clube diz que os treinadores foram alguns (oito) e com peripécias que marcaram a história sportinguista.

Desde logo por Randolph Galloway, o treinador que mais títulos conquistou ao serviço dos leões: três, nas três únicas temporadas que andou por Alvalade, de 1950 a 1953. Foi este um dos oito técnicos ingleses a passar pelo clube.

Quem o seguiu foi Bobby Robson. Dono de uma carreira ímpar no trato e na forma de estar, o britânico, que recebeu a distinção de Sir, é daqueles que ganham lugar na eternidade do futebol, por toda uma carreira que fala por si. Mais que títulos, a postura de um dos imortais do futebol, como pode consultar com mais pormenor aqui.

Chegou ao Sporting em 1992, dois anos depois de ter deixado a seleção inglesa, com a missão de tentar devolver ao clube um título que escapava, então, há dez anos.

A primeira temporada não correu de feição, pois a equipa não estava à altura dos rivais. Só que o «verão quente» de 1993 levou para Alvalade outros recursos, nomeadamente os que chegaram do rival Benfica, na altura a atravessar uma crise financeira (Paulo Sousa e Pacheco).

Com uma equipa apetrechada de craques (Cadete, Figo, Balakov), o técnico ia montando um futebol vistoso, atraente e que, à 11.ª jornada, tinha os leões na frente do campeonato (em igualdade com os rivais). Só que um surpreendente desaire na Taça UEFA, contra o modesto Casino de Salzburg - reduzido a dez jogadores (3x0) - irritou o então presidente Sousa Cintra, de tal maneira que, no voo de regresso da Áustria, despediu o técnico à frente de todo o grupo, com Manuel Fernandes a traduzir um técnico incrédulo.

No imediato, era contratado Carlos Queiroz, sob suspeita de que o ex-selecionador, responsável pelos triunfos de Portugal nos Mundiais de sub-20 em Riade e em Lisboa, já tivesse um pré-acordo com Sousa Cintra há algum tempo, esperando apenas o primeiro deslize.

Só que a sua aventura em Portugal não terminou aí. Pinto da Costa, presidente do FC Porto, ligou a Robson e convidou-o para treinar os portistas, onde viria a ganhar dois campeonatos e a ganhar ainda mais respeitabilidade em Portugal.

A seu lado, primeiro no Sporting como tradutor, depois no FC Porto também a adjunto, esteve José Mourinho, seu fiel pupilo...