Tidos como duas das maiores esperanças do futebol brasileiro, Otávio e Victor Andrade chegaram esta temporada a Portugal para representar o FC Porto e o Benfica, respetivamente. No entanto, até este momento, ainda nenhum dos moleques conseguiu a sua total afirmação e aguardam pela sua vez enquanto vão crescendo nas 'fábricas de talentos' da Luz e do Dragão.
Passou pela Geração Benfica quando tinha 11 anos, regressou ao Brasil e apareceu na Vila Belmiro visto como um «novo Robinho» (houve alguns adeptos que o acharam parecido com Neymar na forma de jogar). A verdade é que é tido por muitos como uma das maiores esperanças do futebol canarinho, embora ainda não tenha confirmado créditos de 'águia ao peito'. Aos 19 anos, Victor Andrade soma um golo em seis jogos oficiais pela formação secundária do Benfica.
Na Vila Belmiro, Victor Andrade - que adora jogar com chuteiras velhas (quando ganha uns pares novos empresta à molecada para amaciar e depois pega de volta) - estava 'blindado' por uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros para clubes estrangeiros e 30 milhões entre equipas brasileiras. No entanto, conseguiu a desvinculação do Santos (conhecido por Peixe, no Brasil) e chegou aos encarnados a custo zero. Internacional pelas camadas jovens do escrete (Sub-16, Sub-18 e Sub-20), Victor Andrade começou no futsal antes de se mudar para o futebol e chegou a admitir que um jogador precisa de «alegria» para vingar no mundo da bola: «Se não tiveres alegria, nunca vais conseguir jogar futebol. Tens que ser alegre, ter felicidade para jogar bola».Muricy Ramalho, um dos técnicos mais renomados do Brasil, já viu «muito talento» em Victor Andrade mas avisou que o jovem canarinho tem um defeito. «Tive uma conversa muito boa com o Victor, disse-lhe que se não tiver humildade, não vai chegar a lugar nenhum. Tem que olhar para o Neymar, que hoje é o maior ídolo do Brasil. O Neymar trata as pessoas de forma fora do normal, atende os fãs por mais de uma hora. É um exemplo para os meninos», afirmou, em entrevista à rádio Bandeirantes, citada pelo Lance, acrescentando: «Às vezes empolga-se, é natural. Mas tem uma vantagem, parecida com a do Neymar: tem uma família que cuida bem dele. É bom de bola, mas empolgou-se um pouco».
Otávio, mais conhecido no Brasil por Otavinho ou simplesmente por Tavinho (na família), tem contrato com o FC Porto até 2019 e uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros. Também ele espera pela oportunidade.
Em 2013, quando a sua equipa [Internacional] sofreu até ao final para evitar a descida de divisão, o nome de Otávio saltou para as primeiras páginas dos jornais. Considerado jogador revelação do Brasileirão 2013, o garoto nascido em João Pessoa voltou para si os focos da atenção mediática. Se atualmente é no futebol que Otávio quer fazer furor, bem se pode dizer que os primeiros toques deste agora jogador portista começaram no futsal, aos sete anos, ao serviço do Santa Cruz do Recife.«Otávio é um jogador agressivo, com um futebol muito vertical e com uma dinâmica muito boa. Foi titular absoluto no Internacional com o Dunga e sinto que ele tem o espírito certo para jogar na Europa», explicou Argel, antigo defesa do FC Porto e do Benfica, à Renascença, na altura em que os dragões oficializaram a contratação do jogador de 19 anos.
Ciente de que nem sempre fez «a coisa correta», Otávio não esquece os tempos em que aumentou o seu peso. «Estava lesionado. Comi umas asneiras e voltei com peso a mais. O Dunga colocou-me na linha. Estou a treinar forte e ele está a gostar, graças a Deus», dizia Otávio, em declarações ao Globoesporte, numa entrevista em 2013, sobre uma lesão muscular na coxa esquerda que o colocou, na altura, fora dos relvados durante cerca de dois meses e que obrigou Dunga (atual selecionador do Brasil mas na altura técnico do Internacional, onde estava Otávio) a dar-lhe um 'puxão de orelhas'.Forte no drible em campo, Otávio é muitas vezes travado em falta pelos adversários. Mas na vida o grande travão do melhor rendimento do garoto são «as saudades dos pais». Aliás, o Internacional percebeu isso e viu Dona Cláudia da Silva e seu Otávio Monteiro saírem de João Pessoa para morar com o filho em Porto Alegre, no oitavo andar de um prédio com vista para o Estádio Beira-Rio, na altura em que jogava no emblema local.
Agora, é com vista para o rio Douro que Otávio procura o seu espaço. Pelo FC Porto B soma quatro jogos oficiais, já fez dois golos e espreita a qualquer momento uma chamada de Julen Lopetegui para se estrear com a camisola principal dos dragões. Otavinho, que tatuou o nome da mãe no braço e a data de nascimento de um avô no pescoço, tenta encontrar um 'porto alegre' na Invicta.