A recusar a ideia de que será um jogo entre dois jogadores e a revelar que votou em Ronaldo para a Bola de Ouro «pela época que fez», o selecionador nacional fez a antevisão à partida contra a Argentina e não retirou importância ao duelo por se tratar de um encontro amigável.
Para vocês isto é um clássico entre Ronaldo, Messi, Mascherano, Pepe. Para nós, isto é um jogo entre Portugal e a Argentina
«Não há jogos menos importantes para a seleção nacional, quando vestes a camisola do teu país todos os jogos são muito importantes. Os jogadores são altamente profissionais e estão focados no jogo contra a Argentina. Podem esperar o normal: uma equipa empenhada, com a única ambição de ganhar. Será muito difícil, pois estarão duas grandíssimas seleções mundiais em campo, mas estamos com o foco de sempre», garantiu o selecionador português.
Fernando Santos vincou que o jogo contra a Arménia «é passado» e garantiu que a equipa «mudou o chip» assim que a partida no Algarve terminou. Em todo o caso, confrontado com uma questão referente à opção de ter reduzido os médios em detrimento de homens com características mais ofensivas, o técnico reconheceu que «em alguns momentos sentiu-se a falta de alguém no meio».
Nani em foco
Em dia de aniversário, o 17 da seleção está em Old Trafford e foi falado por Fernando Santos sobre o seu momento: «Para a equipa foi importante, o Nani está a jogar com regularidade e num excelente momento de forma. Não vou opinar sobre as opções do Van Gaal»
Mesmo assim, Fernando Santos, que brincou com a questão da linguagem (na conferência de imprensa antes do jogo contra a Arménia, a sua expressão referente a «três gajos a cruzar e um na área» teve bastante eco), garantiu que não existe nenhuma mudança de sistema tático.
«Contra a Arménia mudámos ligeiramente a nossa forma de jogar, ainda que jogando em 4x4x2. Neste jogo, manteremos o padrão, com os jogadores que vejo com mais condições para defender o interesse nacional», continuou.
E mais: «Temos grandes jogadores e uma forma de jogar, não nos vamos adaptar aos adversários, pois certamente que a Argentina também não o fará», sublinhou Fernando Santos, que, nesse seguimento, deu garantias de não estar a contar com nenhuma marcação específica a pensar em Messi.
Bruno Alves teve direito a elogios ©João Matos
«Obviamente que todos conhecemos as qualidades do Messi, claro que vamos ter alguma atenção com ele, mas não faremos nenhuma marcação individual, até porque toda a seleção é muito boa».
Votou em Ronaldo
A mediatização da partida em torno dos dois galardoados dos últimos seis anos como melhores do Mundo foi bem percebida por Fernando Santos, selecionador que preferiu não tocar o assunto a partir desse particular.
«Até hoje não ouvi o Cristiano ou o Messi darem ênfase a este assunto, mas percebo que isso tenha peso e que se fale disso. Eles não vão jogar um contra um, portanto estou interessado é em explicar à equipa o que quero para o coletivo. Para vocês isto é um clássico entre Ronaldo, Messi, Mascherano, Pepe. Para nós, isto é um jogo entre Portugal e a Argentina», frisou, antes de se pronunciar especificamente sobre a Bola de Ouro, prémio para o qual já votou.
«Para mim, este jogo não é decisivo, já votei e votei no Cristiano. Não é um jogo que decide em quem se vota, é a regularidade ao longo da época que mais conta. Procuro votar pela minha avaliação à época em questão e são dois génios, mas este ano Cristiano Ronaldo foi melhor», considerou.
Escolhas incertas
Foi sem esclarecer dúvidas sobre a equipa a apresentar em Old Trafford que Fernando Santos se apresentou aos jornalistas. Defensivo e prudente, o técnico deu a certeza de saber «o quão importante é jogar ao mais alto nível» e assegurou ter «atenção aos calendários dos clubes».
Ronaldo tem garantido o voto de Fernando Santos ©João Matos
Deste modo, o selecionador abriu a porta à possibilidade de atletas menos utilizados poderem ser lançados nesta partida: «Naturalmente que nestes jogos pode acontecer, mas não com o objetivo único de promover novos internacionais. Embora, como já disse, qualquer um que está no lote de convocados me deixa tranquilo, se a oportunidade surgir, haverá a possibilidade de alguns que ainda não são, passarem a ser internacionais por Portugal».
Um dos que tem estado de fora é Bruno Alves. Titular com Paulo Bento, o central do Fenerbahçe perdeu a vaga para Ricardo Carvalho, mas teve palavras positivas do selecionador, que recusou rótulos.
«Aqui não há perder ou não perder a titularidade, há ser convocado ou não ser convocado. Todos os que são chamados se devem considerar titulares. Lancei o Bruno, conheço-o há muitos anos. Todos querem jogar e ele não escapa à regra, mas ele é um profissional exemplar e que sabe que eu confio nele para qualquer altura», destacou, antes de terminar com um afastamento do que foi feito antes da sua chegada.
«A mim importa-me o que está a acontecer desde que cheguei. Naturalmente que achamos que podemos fazer muito melhor, mas primeiramente procuramos a estabilidade, consolidando resultados e lançando as bases para aquilo que é normal na seleção portuguesa: conciliar bons resultados com boas exibições», rematou.