Naquela que dizem ser a noite mais "assustadora do ano" (isto ou comem-se guloseimas), Talisca tratou de evitar males maiores para a família benfiquista. O baiano marcou o único golo num triunfo suadíssimo dos campeões nacionais.
O jogo estava lançado na base do meio-campo, depois de algumas críticas, sobretudo pela questão de adaptação de Samaris. André Almeida parecia a opção mais provável, mas Jorge Jesus (face à lesão de Eliseu) viu-se obrigado a colocar o jovem internacional português no lado esquerdo da defesa.
Se a ideia era resolver depressa, Salvio e Talisca procuraram cedo rondar a baliza vilacondense e criar problemas ao guarda-redes dos visitantes.
Depois de uma entrada afirmativa das águias, a equipa de Pedro Martins demorou a atinar com as marcações. Mas quando a equipa do Rio Ave começou a preencher melhor os espaços no miolo, o Benfica começou a ter mais dificuldades para abrir espaços e levar jogo para Jonas e Lima, hoje parceiros no ataque dos encarnados.Sem Lisandro López a fazer o que, por exemplo, Garay muito bem fazia nos últimos anos (sair a construir desde a defesa), Jorge Jesus viu Maxi Pereira e André Almeida serem muito solicitados na construção e saída de bola para o ataque.
Depois de algumas dificuldades iniciais, o Rio Ave defendeu e contra-atacou na direção de Júlio César, hoje o dono das redes encarnadas. A eterna receita de qualquer equipa que admite, sem problema, que o rival tem mais argumentos é não se encolher e, a espaços, procurar a felicidade... com tática e alguma criatividade. Foi isso que os rioavistas tentaram, em Lisboa.
#SLBxRAFC: #SLBenfica marca há 73 jogos consecutivos na Primeira Liga, sempre com Jorge Jesus no comando da equipa #playmaker #PrimeiraLiga
— playmaker stats (@playmakerstats) 31 outubro 2014
Mas foi sempre o Benfica a ter mais oportunidades de golo; mas todas elas encontravam sempre em Cássio um "muro" difícil de derrubar. Já o tinha sido na final da Supertaça, em Aveiro, e voltava a ser, esta noite, na Luz.
Para a segunda parte, a questão prendia-se em saber até que ponto qual das equipas ia conseguir suportar melhor o desgaste provocado pela alta intensidade com que se tinha jogado o primeiro tempo. A precisar da vitória, para não estender a passadeira aos mais diretos perseguidores, era o Benfica que se via obrigado a tomar a iniciativa de jogo. E foi, desde logo, Jesus a dar um sinal com a entrada em campo de Nico Gaitán para a saída de Samaris. O meio-campo defensivo ficou menos povoado (Enzo foi para a posição 6, Talisca jogou nas costas dos avançados) mas ganhou criatividade no corredor esquerdo.
Sempre por cima do jogo, o Benfica continuava sem conseguir marcar e, tal como nos primeiros 45 minutos, o Rio Ave defendia bem e tentava levar perigo às redes de Júlio César quando podia. Mas quando as coisas estão complicadas para o Benfica - pelo menos a nível interno - lá aparece Anderson Talisca a marcar. Dito e feito, esta noite, em Lisboa. Aos 60 minutos, o baiano, de fora da área, rematou em arco e de forma indefensável para Cássio, abrindo o marcador na Luz.O Rio Ave respondeu por Esmael que colocou a bola no fundo das redes encarnadas mas a jogada não contou, uma vez que a equipa de arbitragem entendeu que o atacante estava em posição irregular quando recebeu o passe de Ukra. A diferença de posicionamento do jogador do Rio Ave era de centímetros em relação ao defesa do Benfica.
Até ao fim, a equipa de Pedro Martins cresceu na partida e os campeões nacionais guardaram a vantagem. Se o treinador do Rio Ave ainda colocou Hassan para tentar o empate, Jesus colocou Pizzi - para reforçar o miolo - e Derley para não permitir que os defesas vilacondenses pudessem subir muito no terreno.
No final, um triunfo suadíssimo dos campeões nacionais perante um Rio Ave que teve uma exibição digna de registo e a aguçar o apetite dos seus adeptos para o próximo jogo da Liga Europa.