Tendo em conta o debate que tem existido nas últimas semanas - acentuado depois da derrota no Clássico - em torno das várias alterações que Julen Lopetegui tem feito constantemente na equipa (nunca repetiu um onze de um jogo para o seguinte), e depois de já aqui analisada uma comparação com outras épocas com arranque idêntico nos três grandes, o zerozero.pt foi mais longe na análise.
Martins Indi e Alex Sandro ficaram na bancada, Fabiano, Quaresma, Tello, Brahimi e Rúben Neves sentaram-se no banco. Foram estas as mais recentes opções tomadas por Lopetegui, um técnico que já deu muitas mostras de não ser fiel a rótulos de indiscutíveis para aplicar a jogadores, por mais fundamentais que sejam.
Em 12 jogos realizados até ao momento, o treinador espanhol nunca utilizou um onze igual de um jogo para o outro e só por uma vez se viu um 'desenho' repetido (nos dois jogos contra o Lille, embora com a ida a Paços de Ferreira pelo meio), isto num total de 22 nomes já utilizados.
Numa exaustiva pesquisa pelos números do futebol 'moderno', foi possível encontrar casos no FC Porto, no Benfica e no Sporting de épocas em que nunca os treinadores repetiram onzes de um jogo para o outro e nas quais raramente elaboraram onzes iguais (independentemente da distância entre as partidas).
O último caso nos azuis e brancos não poderia ser mais benéfico para os que defendem a teoria de que mudar é bom. José Mourinho, em 2003/2004, foi o autor de grande rotatividade. Nos 55 jogos oficiais que foram feitos, nunca Mourinho repetiu um onze em jogos consecutivos e existiram um total de 49 onzes diferentes, entre os 34 jogadores utilizados nessa época. O FC Porto foi campeão, perdeu a Taça no Jamor para o Benfica e conquistou a Liga dos Campeões em Gelsenkirchen, diante do Monaco.
Benfica e Sporting também já rodaram a época
Se se pensar que a tendência em Portugal é para se insistir sempre no mesmo onze, nesta pesquisa se percebe que não é bem assim.
Ainda na época 2011/2012, sob a orientação de Jorge Jesus, nunca o Benfica apresentou dois onzes consecutivamente iguais nos 52 jogos oficiais que disputou nesse ano. Utilizando 28 jogadores, o técnico utilizou 46 onzes diferentes ao longo de uma temporada em que foi aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, ficou em segundo lugar no campeonato e ganhou a Taça da Liga.
No caso do Sporting, a temporada que melhor exemplifica a grande rotatividade em Alvalade foi a de 1995/1996. Com três técnicos nessa época (Carlos Queiroz, Fernando Mendes e Octávio Machado), os 48 jogos tiveram sempre um desenho novo de um para o outro e um total de 46 onzes diferentes, na utilização de 31 jogadores. Os leões ficaram no terceiro lugar, ganharam a Supertaça ao FC Porto e perderam a Taça de Portugal no Jamor para o Benfica.
Portanto, seja qual for a tendência de Julen Lopetegui para o resto da temporada 2014/2015, o espanhol não será 'pioneiro' nessa tendência de mudar constantemente.