Godinho Lopes, antigo presidente do Sporting, quebrou o silêncio mediático e foi à RTP Informação comentar alguns dos assuntos ligados ao emblema verde e branco.
Bruno de Carvalho desafiou Godinho a aparecer nas assembleias. O antigo dirigente explicou quais as razões que o levaram a não aparecer, pelo menos até agora, nas reuniões de sócios.
«Há uma diferença de estilo. Devo ser igual a mim próprio. Eu tenho vida antes e depois do futebol. O Sporting é a minha paixão. Morrerei sportinguista. Ser do Sporting é também respeitar o clube que está acima de mim. Se o clube está bem, se os adeptos gostam, não percebo as razões do atual presidente em estar sempre a disparar em todas as direções», começou por dizer Godinho Lopes, em declarações ao canal de notícias da televisão pública.
«Ainda estou à espera que me enviem o resultado da auditoria que fizeram às contas do clube. Depois de ver a forma como a Assembleia decorreu, quis ver a ata mas ela não apareceu. Tentei perceber os resultados da autoria mas também não houve acesso», acrescentou.
Depois de ter deixado o clube de Alvalade, Godinho Lopes explicou que nada teme e «todos os dias» anda na rua «de cabeça levantada».
«Seria possível que em abril de 2013 já houvesse uma restruturação preparada com os bancos? Isso foi feito um ano antes. Os contornos do acordo já estavam definidos pela minha administração. Tenho pena de não ter completado o meu mandato, mas sinto-me de consciência tranquila», disse sobre a restruturação financeira que procurou levar a cabo em Alvalade.
Sobre as críticas que tem sido alvo por parte do atual presidente relativamente ao controlo financeiro que a UEFA tem feito ao emblema verde e branco, Godinho Lopes assumiu que quando chegou ao clube não andou na praça pública a falar dos antigos presidentes.
«Quando cheguei o Sporting tinha resultados negativos. Fiz uma auditoria e, naturalmente, dei todas as explicações. Não andei na praça pública a atacar os antigos presidente dos Sporting», sublinhou, destacando estar de «consciência tranquila» mas lamentando o facto de não ter terminado o seu mandato.Bruno de Carvalho e os sócios do Sporting entenderam que alguns dos antigos administradores do clube devem responder em Tribunal sobre alguns negócios realizados enquanto geriam os destinos do emblema de Alvalade.
Em nota enviada à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), Bruno de Carvalho e a sua administração consideram que «os administradores em questão [n.d.r Godinho Lopes, Luís Duque, Carlos Freitas e Nobre Guedes] violaram culposamente os deveres de diligência e cuidado a que estavam obrigados e, em consequência, causaram à Sporting SAD um prejuízo, cujo montante irá ser concretizado pelos serviços jurídicos competentes para o efeito».
Em causa, recorde-se, estão negócios relacionados com Izmaylov, Jéffren e Alberto Rodríguez. Em Assembleia, os associados entenderam dar "luz verde" a Bruno de Carvalho para avançar com esta ideia. Confrontado com este objetivo dos associados, Godinho Lopes limitou-se a dizer que respeita os sócios.
«Respeito a posição de qualquer sportinguista e de qualquer sócio. Respeito a decisão dos cerca de 300 adeptos do Sporting que estiveram na Assembleia. Não impugnei qualquer Assembleia. Se o fizesse, estava a assumir que os sócios que ali estavam, o faziam de forma controlada.»
Godinho Lopes negou que a altura para dar esta entrevista possa desestabilizar o grupo de Marco Silva que jogará, no sábado, com o FC Porto um duelo da Taça de Portugal.
«Vim dar esta entrevista pois estou farto de ser acusado de coisas que não fiz», disse, sublinhando que nunca teve problemas em ser recebido e em receber dirigentes do FC Porto.
Ao longo da entrevista, Godinho Lopes lembrou ainda um episódio vivido em pleno estágio antes de um duelo da equipa de futebol.
«Quando era presidente do Sporting os jogadores estavam sempre a ser desestabilizados e lembro-me de um célebre episódio em que o Rui Patrício e Fito Rinaudo, os capitães, vieram ter comigo, num hotel no norte, onde a equipa estava em estágio e assumiram que o grupo tinha de vencer para tentar diminuir a crispação dos adeptos.»
A finalizar, Godinho Lopes destacou que houve um conjunto de clubes que o convidaram para ser futuro presidente da Liga mas recusou o convite.
notícia atualizada às 23h54