Na tarde em que soube que vai poder estar no banco frente à Dinamarca, o selecionador nacional projetou o jogo e, mesmo não mostrando quem serão as cartas por si lançadas, analisou com detalhe as questões mais táticas que rodeiam a equipa, que passou a atuar preferencialmente em 4x4x2, como no jogo de estreia na França, onde o arranque não foi positivo.
Estamos preparados para tudo
«É normal que, jogando a primeira vez, com um novo treinador e com ideias novas, sofrendo um golo num estádio com 80 mil, trema um bocado, mas parece-me que a equipa reagiu muito bem e conseguiu continuar a acreditar na nossa estratégia e a tentá-la pôr em prática. Detesto perder e claro que dormi mal, mas, mesmo sabendo que há coisas a acertar, esta equipa deu-me boas indicações de que é capaz de corresponder às minhas ideias», começou por analisar, na conferência de imprensa.
Uma das faces mais visíveis da entrada em falso aconteceu com os laterais, só que, questionado sobre o tema, o selecionador preferiu globalizar: «É sempre mais fácil relativizar problemas com aspetos defensivos, mas não podemos individualizar. Foco-me nos aspetos coletivos, até porque também se falhou na finalização».
Ainda sobre o jogo que os gauleses, país que vai organizar o Europeu e que, por isso, não precisa de cumprir o apuramento (está inserido no grupo de Portugal, mas sem efeitos na pontuação, apenas no calendário), o técnico admitiu que, se pudesse, não teria escolhido esse adversário para a sua estreia.
Garantindo que a «equipa está preparada para tudo», o selecionador virou o foco para o jogo contra a Dinamarca. Negou a teoria do «altos, loiros e toscos» e expressou vontade de ganhar.
«A estratégia sei qual é, mas ainda não defini o onze, embora tenha uma ideia. Há que ter em atenção o adversário, tentei conhecê-lo bem e transmitir isso aos jogadores. Espero celebrar uma vitória amanhã, para oferecer aos portugueses», desejou.
A posição 9 e as tarefas de Cristiano Ronaldo
Muito é questionado pelos adeptos a pouca ação defensiva do capitão da seleção, tendencialmente com poucas descidas no terreno. Um tema analisado por Fernando Santos.
Ronaldo tem «mais liberdade» ©Francisco Paraíso/FPF
«É importante ter 8 ou 9 jogadores em missão defensiva, atrás da linha da bola. Talvez o Ronaldo tenha mais liberdade, não quero que ele venha sucessivamente ao nosso meio-campo defender, mas nenhum jogador está livre do processo defensivo», referiu, antes de analisar a questão em torno do ponta-de-lança, que está comprometido com o novo figurino tático.
«Um homem fixo de área pode ser importante, não o nego, dependendo das características do adversário e do que se passe no jogue, mas, por agora, parece-me melhor opção ter três avançados móveis», defendeu.
Ainda sobre o tema da tática, outro assunto foi debatido. A tendência para fluir o jogo quando a equipa está em posse, um aspeto que o Engenheiro disse querer variar mais.
«A seleção portuguesa, pela muita qualidade que tem, costuma dar primazia à posse. Só que, na minha opinião, não nos podemos remeter só a isso, podemos explorar os ataques rápidos, porque temos características que nos permitem isso».
A ideia é ganhar para reduzir distâncias no grupo em relação aos adversários que, neste formato (qualificam-se 24 seleções para o Europeu, mais oito do que antes), não só dois: «O novo formato faz com que as equipas que percam um jogo não desistam à primeira, portanto é lógico que as equipas com menos tendência para se apurarem acreditem mais do que antes e se dediquem numa maior escala».
Portugal mais 'especial' que Grécia
Por fim, uma abordagem ao que têm sido as primeiras vivências como selecionador português e uma resposta comparativa com a experiência anterior.
«Foi uma honra, um grande orgulho ter treinado a seleção grega, mas não se compara. Isto é o meu país, a minha bandeira, onde está a minha família. São momentos de emoção, como o hino, onde não sabia se havia de rir ou de chorar, mas não me deixo levar por ela, quero é pensar em como ganhar amanhã», terminou.