Comecemos pelo Sporting. O jornal Correio da Manhã já o tinha noticiado, desta vez foi A Bola. O Sporting não deixou passar com indiferença o nome do avançado de 22 anos. E não é para menos. É que, sempre que há um golo do Atlético, é sempre o mesmo nome que aparece.
«Não sei de nada. Vamos jogar contra eles [Sporting B] brevemente. Mas isso são coisas para o meu agente, não me diz respeito. Tenho três anos de contrato. O que aparecer, será avaliado e depois decidimos. Não estou a pensar mudar, por agora», referiu o avançado ao zerozero.pt.
Chegou a Portugal há um ano, mostrou serviço no Louletano e saltou para um campeonato profissional. E já tem uma opinião bastante formada sobre a realidade aqui encontrada.
«Portugal é o quarto campeonato para a UEFA, é um dos maiores. O grande problema é que não pagam, por isso é que os jogadores vão embora, como por exemplo o Miguel Veloso, o Meireles. São grandes jogadores, grandes nomes e que têm que sair. Mas eu, para já, não quero. Gosto de Portugal, é um bom sítio para começar, tem boa visibilidade, há muitos olheiros a ver. E o tempo é bom, embora agora esteja uma porcaria [risos]. Mas toda a gente é espetacular comigo e fazem-me sentir muito bem. Se tu te sentes bem, consegues dar o melhor», disse, sempre com boa disposição, num inglês desgarrado de entraves a qualquer palavra.
Bjorn (Atlético CP) marcou todos os golos (9) da equipa na #SegundaLiga (8 jogos). #playmakerstats
— playmaker stats (@playmakerstats) 22 setembro 2014
Mãe americana, pai norueguês e um sonho tornado real aos 16 anos
Eficácia é a palavra que melhor definirá Bjorn? «Sim, eu faço muitos golos, mas alguém tem que os fazer [risos]. Só quero fazer o meu trabalho e ir feliz para casa».
A dúvida é, portanto, se isto se trata de uma situação pontual ou se a sua performance é assim desde sempre. Algo a que o jogador responde com uma novidade. A posição que ocupa é nova para si.
«Quando joguei na Noruega, marquei 22 golos como médio. Só comecei a ser avançado há dois anos. Nos juniores, eu jogava normalmente a médio ou do lado direito do ataque», contou, explicando de seguida o resumo da sua história de vida.
Uma realidade complicada na Tapadinha
Não é segredo para ninguém que existem problemas do ponto de vista financeiro no Atlético e que alguns jogadores estão a sofrer na pele esse cenário. Bjorn alertou que não quer problemas ao falar sobre o tema, mas revelou o que os seus olhos viram.
«Eu não quero problemas com isso, mas sim, é verdade. Vivem sete jogadores numa casa, sem televisão, sem internet, nada. Isto já pode ter sido considerado normal, mas agora? No século XXI? Não se podem tratar os miúdos assim, como se não fossem ninguém. Estão um pouco melhor, as coisas vão melhorando de dia para dia, mas estão nisto desde julho e estamos em setembro, quase outubro. Nunca na minha vida vi uma situação como esta. Nem no CNS, nem na Terceira Divisão de Espanha, nem mesmo na distrital. Nunca vi!», lamentou.
Lá no fundo, são os seus golos que vão alimentando a alegria desses jovens jogadores. Bjorn também é um jovem, mas decidiu atuar de forma diferente desde o início.
«Eu estou bem. Tenho casa em Almada e vivo sozinho. Quando cheguei disse que não queria que me arranjassem casa, eu arranjaria por mim. Procurei no OLX e encontrei. Mas estes rapazes vêm do Brasil, da Colômbia e não sabem sequer onde estão. Vivem nessas condições»
O momento do jogador
Com tão boas prestações no Atlético, o jogador já não passa despercebido ao comum dos adeptos. Mas segredos para tantos golos não há.
«Além disso, jogo com jogadores como o Silas, o Jorge Gonçalves ou o Quinaz, que são grandes jogadores e que são muito bons no passe. O Jajá também tem muita experiência do futebol brasileiro. Vejo a qualidade deles nos treinos e nos jogos. Só tenho que a aproveitar. Todos têm a sua função e eu tenho a missão de terminar a ação que é feita por todos», disse, ciente da qualidade que o acompanha em campo. Um jogador que, por agora, é figura de proa do segundo escalão.