Na primeira entrevista depois de deixar o cargo de selecionador nacional de Portugal, Paulo Bento explicou o que levou à sua saída da equipa das quinas e fez um balanço da sua passagem pelo conjunto de Portugal.
«A decisão não partiu de mim. Reunimos dois dias após o jogo com a Albânia e analisámos o momento da seleção e as condições que existiam para seguir o caminho que tínhamos definido. No dia a seguir chegou-se à conclusão que não havia condições. Se fosse pela vontade do presidente, possivelmente, hoje continuaria a ser selecionador nacional. Claro que, dentro da direção, chegou-se à conclusão que seria melhor prescindir dos meus serviços. Não foi uma decisão só do presidente.», disse Paulo Bento, em entrevista à RTP Informação.
«Não partiu de mim a iniciativa de deixar o cargo», acrescentou e explicou como decorreu o processo de saída.
«O resultado não foi o desejável frente a uma equipa que tínhamos a obrigação de ganhar. As coisas não estariam tão consistentes e, por isso, acabámos por chegar a esta situação», sustentou.
Paulo Bento disse ainda que não quer acreditar que a decisão da sua saída tenha passado por Cristiano Ronaldo.
«Não quero acreditar que, seja que jogador seja, tivesse interferido nesta questão. Cristiano Ronaldo não me confrontou diretamente com nada, não sei se o fez com a FPF», assumiu.
Sobre Tiago, o ex-selecionador nacional disse que «não fazia sentido convocar um jogador que não esteve no grupo» nas qualificações recentes.
Já sobre Danny, Paulo Bento revelou que «Danny é bom homem» mas reiterou que num estágio pós duelo com Israel o seu rendimento «não foi extraordinário».
Ao longo dos anos que trabalhou na Federação, Paulo Bento trabalhou com vários atletas mas houve um que o marcou.
«Se tivesse que escolher um jogador pelo profissionalismo escolhia o João Moutinho.»
Sobre o Mundial, Paulo Bento assume que não levou nenhum jogador ao Brasil «por uma questão de gratidão» e falou sobre a questão das lesões.
«As indicações que tínhamos era de que os jogadores estavam todos em condições. Os jogadores que se lesionaram tinham competido regularmente durante o ano», destacou.
Para o futuro da seleção, Paulo Bento não se quis alongar em muitos comentários.
«Não gostaria de individualizar. Não é uma decisão que me compete. O presidente tomará a melhor decisão. O que eu farei sempre é apoiar a nossa seleção em todos os jogos, independentemente de quem lá estiver. São treinadores com provas dadas, todos eles com capacidade, tal como tem Rui Jorge, o atual técnico dos Sub-21», avisou, comentando as possibilidades que têm sido apontadas: Fernando Santos, Jesualdo Ferreira, Vítor Pereira e José Peseiro.
Na conversa, Paulo Bento explicou a relação profissional que tem com o empresário Jorge Mendes.
«Representa muitos jogadores da seleção nacional, representava o selecionador nacional como, por certo, já representou outros. Ainda há pouco ouvi uma barbaridade a dizer que Jorge Mendes não podia representar o selecionador nacional ou treinadores. A minha relação com o Jorge é uma relação profissional, tenho uma relação de amizade mas cada um faz o seu trabalho. Posso dizer que nunca, em momento algum, o Jorge nunca teve qualquer intervenção nas minhas escolhas. Ele nunca me pedia isso pois sabe da minha conduta.»
Paulo Bento foi ainda confrontado com a possibilidade de assumir o cargo de treinador do Benfica quando Jesus deixar a Luz.
«Sucessor de Jorge Jesus? Eu? Não sou sucessor de nada. O Benfica está bastante bem servido de treinador, tem feito um trabalho extraordinário. Não estou disponível para ser sucessor de ninguém. Estou à espera para quando chegar um projeto analisar», explicou o antigo selecionador nacional.
Notícia atualizada às 23h58