Fernando deixou o FC Porto este verão, para ingressar no Manchester City mas continua, mesmo à distância, a torcer pelos azuis e brancos, que representou desde 2008. O Polvo, numa longa entrevista concedida ao jornal O Jogo, deixa um voto de confiança ao seu ´substituto` Casemiro e considera que os dragões são favoritos na corrida ao título português.
«Vi os jogos com o Lille, no Dragão, e o de Paços de Ferreira. A ligação é muito forte, fiz muitos amigos... Sofro pelo FC Porto. Quando vejo aquela equipa jogar, é fogo. Já não estou lá, mas o FC Porto fez grandes contratações e este plantel dá bem mais garantias do que o do ano passado, que era mais restrito», analisou o médio brasileiro, recém-chegado a Inglaterra, onde já leva quatro jogos cumpridos, todos como titular (três no campeonato e um na Supertaça inglesa).
Entre as contratações está Casemiro, que Fernando aprova e gosta «bastante», depois do que viu «no jogo contra o Lille».
«Já o conhecia de outros tempos e sabia que tinha muita qualidade, daí ir para o Real Madrid. Tem mais facilidade com a bola no pé do que na marcação, mas vai vingar fácil. Com a bola no pé, ele é muito hábil. Admiro-o, gosto muito dele», analisou destacando, também, o «excelente trabalho nas camadas jovens de Espanha» que Julen Lopetegui fez, desejando que «tenha a maior sorte e dê certo» o seu trabalho no comando da equipa azul e branca.«Todos têm culpa, a começar pela SAD»
Instado a falar sobre a época passada e o que correu mal no Dragão, que ´perdeu` a possibilidade de revalidar o título para o rival Benfica, Fernando considera que houve falhas no reforço da equipa.
«Se o Barcelona e o Manchester United têm um ano mau, o FC Porto também pode ter. As contratações não deram certo. Depois, uma equipa como o FC Porto, não pode ter apenas dois laterais a época toda. Isso nunca pode acontecer. Acontece com todas as equipas, mas faltou adquirir jogadores específicos dos quais a equipa precisava. A equipa vinha de um ´tri` e deu uma ´relaxada`. Todos têm culpa, a começar pela SAD, mas acontece», apontou, acrescentando, com naturalidade, que os encarnados foram melhores.
«O Benfica esteve muito bem no ano passado, com jogadores de muita qualidade. Fez excelentes contratações e tinha uma equipa de qualidade», elogiou.
Apesar de enaltecer a equipa de Jorge Jesus, Fernando considera que esta temporada as coisas serão diferentes e favoráveis à equipa portista.
«Dei uma entrevista a O Jogo quando estava a ir para o City a dizer que o Benfica ia na frente, mas os plantéis ainda não tinham mexido muito. Agora, a minha opinião é outra. O FC Porto é o mais forte. O Benfica até me surpreendeu contra o Sporting, esteve por cima, mas não gostei do Benfica na pré-época. No dérbi esteve bem, com maiores rotinas e foi muito forte, especialmente na segunda parte. O Rui Patrício e o Artur é que ditaram o resultado. Vejo agora o FC Porto na frente», perspetivou, assumindo já sentir falta da oposição que se vivia entre os clubes em Portugal.
Pinto da Costa e Paulo Fonseca
Já quase em jeito de remate Fernando falou do presidente dos dragões, Pinto da Costa, assumindo ter-se cruzado poucas vezes com o dirigente.
«Há gente que gosta do presidente do FC Porto e quem não gosta. Nem Jesus agradou a todos. Eu nunca troquei mais de cinco palavras com ele. A minha relação sempre foi profissional. Não tenho o que falar da pessoa. Mas é alguém que merece respeito de todos por tudo o que conquistou», limitou-se a dizer, considerando ainda que Paulo Fonseca, treinador dos dragões na época passada, foi «vítima» do plantel.
«Para mim, foi espetacular, mas o ano foi todo mau. Além disso, não teve uma grande equipa nas mãos. Teve uma equipa boa, mas não a que tiveram outros treinadores. Teve esse azar. Ele é um grande treinador e há-de vingar de outra forma. Fui jogador dele e vi a forma como ele trabalhava e o que ele queria da equipa. Talvez o sistema não tenha respondido», concluiu.
Saudades da rivalidade
«Tenho saudades da rivalidade com o Benfica, mas o Sporting até nos criava mais dificuldades. Perdíamos muitos pontos em Alvalade. Mas ganhar ao Benfica é que dava mais prazer. Quem entra no núcleo já sabe que ali só vale ganhar, ganhar e ganhar. Os mais velhos passam essa mística. Quando eu cheguei, tinha o Pedro Emanuel, o Nuno Espírito Santo e o Bruno Alves como capitães e isso criava muita força interior e está sempre a passar. A mentalidade ali é muito forte», sublinhou.
Após se tornar cidadão português a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) pediu à FIFA um esclarecimento para saber se poderia usar o médio defensivo como jogador da equipa das quinas. O atual jogador do Manchester City não pôde entrar nas contas de Paulo Bento, de acordo com a resposta do organismo mas, durante o processo, Fernando já havia renunciado à seleção canarinha.
«Foi muito complicado. Quando decidi que queria ser português e jogar por Portugal fixei totalmente essa ideia. Eu, a minha família, todos queriam isso. Era tudo para mim. A FPF tinha falado com o meu empresário e fiquei com a esperança. Quando recebi a notícia da FIFA, foi um choque muito forte. Ainda custa. Foi das coisas mais tristes que me aconteceram. Um momento infeliz. Criei um expetativa enorme. Muita gente achava que não devia ir, mas queria provar que merecia. Infelizmente, não deu para ser como Pepe. Admiro-o muito. Faz muito e bom trabalho por Portugal», lamentou.
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